A Carris e os Norte-Americanos
Poucas pessoas têm esta informação, mas durante muito tempo a Cia. Carris Porto-Alegrense manteve uma relação bastante estreita com grupos econômicos norte-americanos. A partir do ano de 1926 o controle acionário da Companhia Carris passou a ser gradualmente transferido da Cia. Força e Luz Porto-Alegrense para o grupo norte-americano Eletric, Bond & Share. Os estrangeiros assumiram completamente o controle da empresa em 1928, permanecendo no controle até 1954, ano em que a prefeitura porto-alegrense encampou a empresa. Durante praticamente toda década de trinta, poucas mudanças ocorreram na malha transviaria da cidade, conjunto das malhas viárias de bondes e ônibus. A implantação da linha de bonde da Avenida Protásio Alves e a ampliação e modernização do anel viário em torno do Mercado Público, ocorrido entre 1937 a 1940, já eram antigos projetos da Companhia Força e Luz, concluídos apenas na administração norte-americana.
Durante toda a década de 1930 os norte-americanos da Eletric, Bonde & Share, mantiveram o monopólio do serviço de transporte público em Porto Alegre. Esta situação começou a mudar durante a administração do prefeito Loureiro da Silva (prefeito entre 1937-1943), que em 1940 permitiu a circulação na cidade de cinquenta ônibus de proprietários particulares. Além do início de uma nova concorrência, a Carris sob a administração dos norte-americanos também sofreu os impactos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Como já comentamos anteriormente neste blog, ocorreu neste período o racionamento de combustível aqui na capital, o que levou a diminuição de ônibus circulando e a consequente super lotação dos bondes da Carris. Além disso, faltou mão de obra na Companhia e a manutenção dos elétricos se tornou muito precária, já que faltavam peças específicas que eram anteriormente importadas da Europa.
Por estes motivos ou não, o fato é que o período da administração do grupo norte-americano ficou marcado pelo lento e gradual sucateamento do sistema de transporte de bondes. No ano de 1950, as dívidas contraídas pela Companhia durante a administração americana fizeram com que a empresa propusesse a sua encampação pela prefeitura municipal. Neste ano, o prefeito Ildo Meneghetti designa uma comissão para estudar a proposta.
Após três anos de debates, em 1953 é votada na Câmara Municipal a lei nº1069, que efetivava o encampamento da Carris, passando o controle acionário desta para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. No começo de 1954, a Câmara Municipal se reúne a aprova a reformulação do estatuto da Companhia. A prefeitura, agora sobre a administração de Leonel de Moura Brizola, passa ater o controle da Carris.
* Foto do Correios, Porto Alegre na década de 1930.
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