sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Entrevista com Sr. Rui

    No último dia onze de maio entrevistamos para o nosso banco de história oral o colega Rui Jesus de Barros. O Sr. Rui foi auditor da Cia. Carris por trinta e um anos e estava em seu última dia de trabalho antes da aposentadoria quando recebeu nossa visita. A história deste colega com a Carris é muito rica! Aprendemos muito sobre a história recente da empresa durante uma hora e meia de entrevista com o Sr. Rui. Por ocupar um lugar estratégico dentro da empresa (a auditoria) este nosso colega nos deu acesso a uma visão da Carris que dificilmente alcançaríamos com outras fontes. 
      Nascido na cidade de Nonoai em 1947, o Sr. Rui veio para Porto Alegre no ano de  1968 para trabalhar. Por um período curto de dois anos, nosso colega conviveu com os bonde e chegou a conhecer os troleibus que circularam na cidade entre 1964 e 1968. Antes de trabalhar na Carris teve empregos em diferentes empresas e bancos, sempre trabalhando na área financeira. Em 1986 ele ingressa na Cia. Carris por conta de uma exigência da antiga EBTU (Empresa Brasileira de Transportes Urbanos), empresa pública federal que cobrou a existência de um setor de auditoria interna dentro da empresa.
  Ao nos contar sobre seu ingresso na Carris, nosso colega auditor trás informações importantes para o nosso trabalho. Nos é informado, por exemplo, que a EBTU (um órgão federal criado em 1975 e extinto em 1991) teve como objetivo articular e garantir a efetividade de uma política nacional de transportes públicos. A Carris, por exemplo, tinha a EBTU como proprietária de 25% de suas ações, o que dava poderes de decisão a esta estatal aqui na empresa. Em função desta situação de acionista é que  a EBTU estava autorizada a realizar exigências quanto a administração da Carris. Por isso, foi necessário atender a determinação da empresa federal e o setor de auditoria foi criado. 
    O Sr. Rui também no informa que quando a empresa foi extinta em 1991 as suas ações da Carris foram entregues ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Este órgão, por sua vez, leiloou estas ações na Bolsa de Valores de São Paulo. Foi necessária uma articulação entre a Cia. Carris e a Prefeitura de Porto Alegre para que a compra das ações fosse realizada pelo nosso poder público municipal. Atualmente, 99,9% das ações da Cia. Carris pertencem a Prefeitura de Porto Alegre. 
   Muitos outros fatos interessantes são relatados pelo nosso ex colega. Ele nos conta, por exemplo, que efeitos tiveram aqui dentro da empresa a lei que passou a exigir a realização de concursos públicos para o provimento de cargos nas Empresas de Economia Mista, categoria em que a Carris se encaixa. O conceito de Empresa de Economia Mista remonta a Constituição Federal de 1988, entretanto, esta definição possibilitou diferentes interpretações sobre a forma de contratação de funcionários. Apenas em 1990 o Superior Tribunal Federal decide que as contratações das Empresas de Economia Mista precisam acontecer através de concursos. Entretanto, neste meio tempo de dois anos, muitas contratações foram realizadas na Carris pelo método de seleção através do setor de Recursos Humanos. Esta situação tornou necessário um grande esforço para a regularização destes novos colaboradores contratados. Em seu depoimento, o Sr. Rui nos conta que foi um processo bastante trabalhoso. 
     Sobre a atual situação da Cia Carris, nosso ex colega opina: "(...) Eu olho a Carris como um ente vivo da cidade, a Operação da Carris impacta a vida da cidade e de todos os cidadãos de Porto Alegre (...). Então o que eu quero dizer é que a Carris é importante para a Porto Alegre e que a população de Porto Alegre é a favor da Carris (...)".



      Infelizmente, encontramos em nosso acervo de fotografias digitalizadas apenas uma imagem do Sr. Rui aqui na Carris..... A fotografia que foi postada à cima é de maio de 1993 e o Sr. Rui é o colega de jaqueta de couro e que saiu de olhos fechados na foto....