quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A primeira empresa de bondes no Brasil

O texto que iremos transcrever foi retirado do jornal Estado de São Paulo de 16 de outubro de 1992. Trata-se de uma pequena matéria falando sobre a primeira empresa de bondes no Brasil. Além disso, o texto também apresenta algumas informações interessantes sobre a história deste veículo em outras grandes cidades do mundo:


Primeira linha surgiu no Rio de Janeiro

      O ano de 1859 foi marcado por um acontecimento importantíssimo na capital do Império: a inauguração da primeira linha de bondes do país. A Companhia Carris de Ferros da Tijuca escolheu o bairro do Jardim Botânico, no Rio dos 250 mil habitantes, para iniciar os seus serviços. O Brasil foi o segundo país do mundo a adotar esse meio de transporte. Sete anos antes, a Carris havia colocado uma parelha de cavalos puxando bondes pelos trilhos de Nova York.
      Treze anos mais tarde, a novidade chegou a São Paulo. Pouco depois, os bondes ganharam as ruas do Recife, de Salvador e Belém. O bonde elétrico, que surgiu na França em 1881, também teve a sua estréia brasileira no Rio, na Praia do Flamengo, em 1892. 
      Na virada do século, a São Paulo Tramway Light e Power ou simplesmente Light, inaugurou várias linhas de bonde elétrico na Capital. O meio de transporte mais rápido da época não tardou a ganhar vários apelidos. O mais popular deles foi camarão, um modelo importado do Canadá.
      O último camarão parou de circular em São Paulo em março de 1968. Ele fazia o trajeto entre Vila Mariana e Santo Amaro. Barulhento, causador de transtornos no trânsito, o bonde cedeu espaço ao metrô. Mas em várias cidades do mundo, os românticos bondes continuaram sendo opção de transporte, como em Amsterdã, Viena, Bruxelas, Genebra e Copenhague.



Bonde elétrico circulando no Rio de Janeiro

       

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Um bonde no Largo Glênio Peres

Em 1992 a Cia. Carris Porto-Alegrense completou 120 anos. Como parte das comemorações, um modelo de bonde Brill foi reformado e exposto no Largo Glênio Peres. O veículo reformado é o mesmo que encontra-se hoje na frente da empresa, sendo ocupado pelo SACC.
Encontramos em nosso acervo uma matéria de jornal noticiando a reforma do bonde e as impressões colhidas entre os seus visitantes. Trata-se de um texto muito legal, que nos possibilita acessar algumas histórias e lembranças sobre o período dos bondes em Porto Alegre:

"Bonde anima os dias do Largo"*

"O velho bonde Brill instalado no Largo Glênio Peres não vai a lugar nenhum. Em compensação, transporta as pessoas para as suas lembranças e para um passado recente. É uma festa para os mais antigos. Poucos porto-alegrenses com menos de 22 anos conheciam esse veículo de perto. Muitos só tinham ideia do que eram bondes através de fotos amareladas ou pelos trilhos mal encobertos deixados em muitas ruas da cidade. Para gente como a estudante de Artes Plásticas Marília Albert, 19 anos restaram apenas as viagens imaginárias: 'Eu vejo os trilhos e imagino os trajetos', conta. 
Marília foi uma das incontáveis pessoas que visitou o bonde no primeiro dia de sua exposição pública (...). A estudante, por exemplo, foi reportada à juventude do pai, no começo dos anos 60, quando Carlos Getúlio Albert, 50 anos, estudava Teologia em Porto Alegre e fazia o trajeto Centro-Teresópolis. Não dava para dizer quem estava mais emocionado - o pai, com suas lembranças, ou a filha, com sua preocupação em preservar a cultura e a história da cidade. 
MODERNO- Não existe o charme do passado, mas a emoção é a mesma. No bonde restaurado faltam as argolas em que os passageiros iam pendurados, balançando em seu tranco lento. O teto também não é o mesmo. 'Deram uma modernizada nele', reclama Nilza Souza Neto, 47 anos. A alegria dela ao entrar no Brill não tem preço. É preciso muito pouco para fazer as pessoas felizes. 'Esse é o nosso bonde', repetia ela, fazendo uma trilha sonora para mostrar aos mais novos como era o som produzido pelo metálico contato entre o rodado e o trilho (...)". 

*Matéria retirada do jornal Zero Hora de 22 de junho de 1992. Jornalista: Rosane Tremea. 

Trecho da capa do jornal de 1992. 


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Dia da Manutenção





      No dia 4 de dezembro do ano de 1906 foram instaladas as primeiras oficinas nas garagens da Cia. Carris Porto-Alegrense. Naquela época a empresa ainda localizava-se na Avenida João Pessoa, perto do local onde hoje se encontra o Viaduto Loureiro da Silva.  
       A construção das oficinas nas garagens da Carris foi resultado de um momento importante da história do transporte público em nossa cidade: a substituição dos bondes movidos a tração animal pelos bondes elétricos. Com os novos veículos passou também ser necessário um outro tipo de manutenção. Se antes o quadro de funcionários da Carris incluía ferreiros e tratadores de animais, a partir de 1906 passaram a ser necessários mecânicos e eletricistas.
       As oficinas da Carris fizeram história em nossa cidade. Poucas pessoas sabem, mas muitos bondes foram inteiramente construídos nas garagens da João Pessoa. No ano de 1931, os primeiros modelos de bondes produzidos na Carris foram apelidados de “Miller”. O nome foi escolhido em função do projetista e supervisor da construção, chamado de C. W. Miller, engenheiro chefe da Carris.  Já na década de 1950, se tornaram populares na cidade os bondes “Coca-cola”, um modelo norte-americano reformado na Carris e pintado de vermelho e branco. 
       O dia 4 de dezembro é sempre lembrado aqui na empresa como o Dia da Manutenção. Neste ano não foi diferente, realizamos uma pequena homenagem a este importante setor de nossa empresa com uma "Árvore da Memória".  Pegamos uma estrutura de metal em forma de árvore e colocamos várias fotografias em seus "galhos". As fotos eram de diferentes momentos da história da manutenção, e o nosso objetivo foi levar os nossos colegas a se reconhecerem, a reconhecerem colegas e nos contarem um pouco de suas lembranças do setor.  O resultado foi muito legal, vários dos colegas vieram conversar conosco, lembrando de suas histórias dentro da Carris. Aos nossos colegas da manutenção desejamos mais um feliz dia 4 de dezembro!













sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Dia da Consciência Negra

     Ontem foi dia 20 de novembro, Dia Da Consciência Negra. Quarta-feira foi aprovado pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre o projeto de lei que declara o dia 20 de novembro como feriado municipal. O projeto  é de autoria do Vereador Delegado Cleiton (PDT). O dia 20 de novembro passará a ser o  Dia da Consciência Negra e da Difusão da Religiosidade. Desta forma, as religiões de matriz africana estarão representadas nesta homenagem.
     Já comentamos em outras ocasiões, que uma empresa com a história da Cia. Carris contempla diferentes aspectos da vida social da cidade. Assim sendo, quando falamos da história da Carris estamos também falando da história de Porto Alegre, e mais significativo que isso, estamos falando sobre a memória afetiva de muitos porto-alegrenses. Dentro deste raciocínio, postaremos a seguir um texto encontrado em um jornal denominado: "O Jornal dos Afro-Umbandista". O título do texto é "O Motorneiro", infelizmente este material nos chegou em mãos através de um xerox, não temos o nome do autor e nem a data e página do jornal.

"O Motorneiro

Há passagens na minha vida que marcam historicamente a evolução dos tempos, trazendo recordações de uma Porto Alegre antiga. Lembro-me que nos anos 50, na Avenida João Pessoa, quase em frente à Praça da Redenção, ficava a garagem dos bondes de Porto Alegre, pertencentes a Cia. Carris. Ao lado tinha o bar de um português que fazia pastéis com carne picada a faca, ovo cozido e azeitonas, coisa de deixar neguinho vesgo de tanto comer, principalmente se acompanhado por uma grapette. Tínhamos que ter cuidado ao comer aquele enorme pastel, porque, além do risco de queimar a boca (eles eram fritos na hora), uma mordida mais afoita poderia quebrar os dentes em um caroço de azeitona. Até hoje tenho a impressão de nunca ter comido pastéis maiores e mais substanciosos que aqueles. (...) 
Sempre que o meu pai ia visitar o seu amigo Danilo na garagem dos bondes, eu corria para a garupa de sua bicicleta Monark, de cor preta, pensando nos pastéis do Portuga. A profissão dos homens que conduziam os bondes era o de motorneiro, o que correspondia nos dias atuais aos motoristas de ônibus. Além disso, tinham os bilheteiros, ou hoje, cobradores de ônibus. Na minha memória estas duas profissões eram verdadeiras poesias, devido aos movimentos e a forma de atuação dos homens durante o trabalho. O motorneiro dirigia o bonde em pé e o bilheteiro caminhava por todo o bonde pedindo os bilhetes e os perfurando-os com uma estranha maquineta. Lindo!
(...) Negro Danilo dirigia o bonde que saía da frente do Hospital Psiquiátrico São Pedro, no Partenon, passava pela Bento Gonçalves e João Pessoa e terminava na Riachuelo, esquina com a Borges de Medeiros, em frente a padaria Touro. (...) Agora, o mais importante era que o negro Danilo era um Babalô do Batuque, considerado uma fera no tambor e no canto dos Orixás, mestre das danças e coreografias de encher os olhos. (...)Os passos do negro Danilo tinham a leveza de uma pluma, seus movimentos eram ritmados e harmônicos. As coreografias que executava tinham uma suavidade tal que era capaz de inebriar quem o visse dançar. Sua expressão corporal traduzia o amor pelos Orixás, cantava com um sorriso na cara e os olhos brilhando de emoção (...)."

O texto é bastante grande, continua contando muitas histórias do Babalô Danilo, ex motorneiro da Cia. Carris. Nós, pelo nosso lado, ficamos felizes por dar um pouco de voz a estas belíssimas histórias que passaram pela Carris ao longo desses 142 anos de história compartilhada com os porto-alegrenses. 
Fica feita assim, uma pequena homenagem aos muitos trabalhadores negros (sendo ou não sendo de religiões de matriz africana) que passaram ou ainda estão na Cia. Carris! 



quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Jornal "O Transviário"

Semana passada recebemos um material produzido pelo senhor Pedro Carneiro Rodrigues. Este senhor é um antigo funcionário da Cia. Carris, sendo que ingressou na empresa no ano de 1938 como motorneiro. O trabalho produzido pelo senhor Pedro é bem autobiográfico, nele são narradas as suas experiências no Sindicato dos Trabalhadores da Cia. Carris. Entre as várias histórias interessantes que o senhor Pedro conta, destacamos a da criação do jornal "O Transviário" em 1961. 
Temos atualmente o jornal "Volante", que é produzido na empresa e distribuído entre os funcionários.  Poderíamos dizer que "O Transviário" é um antecessor do "Volante", com a diferença de que o primeiro era produzido pelo sindicato e não por um setor interno da Carris. Transcrevemos a seguir o trecho do material do senhor Pedro em que ele conta como foi criado o jornal "O Transviário":

"(...) Em março de 61, nasceu o jornal "O Transviário", que possuía a seguinte diretoria: Diretor: Martíner de Araújo Lopes, Secretário: Rubens Pereira de Frúas, Tesoureiro: Sérgio Coimbra Duarte, Comissão de Propaganda: Antenor Borges Clavê, Pedro Carneiro Rodrigues, Mário Dias Ramos e Leoni Leite. Conselho Fiscal: Waldomiro Pereira Barth, Roque Piffero Marques e Marcino Ribeiro Netto. 
Como membro da comissão de propaganda, visitei várias casas comerciais em busca de patrocínio em troca de propaganda no jornal. Junto com o senhor Gusmão Souza, requisitado pelo Sindicato, datilografávamos as matérias para serem publicadas. Eu fazia a paginação e levava para a tipografia imprimir as matérias. Quando saiu a primeira edição do jornal, fui de madrugada para as estações de bondes da Carris para entregar os jornais aos assinantes e vendê-los aos não assinantes. Eu fazia o meu serviço nas horas de folga.
O senhor Rubens Pereira de Freitas, Secretário do jornal, fazia a distribuição do jornal aos deputados, vereadores e outros Sindicatos. Pelo correio enviava o jornal ao Sindicato da Carris do Rio de Janeiro e aos assinantes do interior do estado. Quando havia muito trabalho a fazer, o Sindicato requisitava a minha ajuda (...)".

Postamos a seguir uma imagem da "Mais Bela Transviária", concurso realizado no ano de 1962 com apoio do Sindicato do qual o senhor Pedro fez parte. A bela transviária em questão é a senhora Maria Rosa Vecchio, que trabalhou por várias décadas aqui na Cia. Carris. 




terça-feira, 14 de outubro de 2014

Estamos de casa nova!

Nossos amigos podem estar se perguntando por que estamos tanto tempo sem novas postagens. Talvez acreditem que estamos sem novidades no setor e que, portanto, não temos nada para contar de novo.
Na verdade o motivo deste lapso de tempo é exatamente o contrário: temos uma grande novidade, que tem nos mantido muito ocupados nas últimas semanas. Nosso setor mudou de endereço, até o início da semana passada ocupávamos uma pequena sala no prédio do administrativo da Cia. Carris, agora estamos ocupando um prédio maior localizado nas proximidades da empresa.
Esta mudança foi um ganho para o setor. Somos os responsáveis por contar a história da Carris e por administrar sua documentação histórica e administrativa.  Como nosso espaço físico era pequeno, tanto nosso acervo histórico como a documentação administrativa da empresa encontravam-se espalhados por diferentes lugares da Companhia. Agora conseguimos concentrar tudo neste novo prédio.

Quem já passou por alguma mudança de residência pode imaginar como foram esses últimos dias...  Mesmo quando mudamos para uma casa melhor, mudar-se é algo que envolve muito trabalho e uma “certa bagunça”. Imagine então quando se realiza o deslocamento de toda documentação administrativa de uma empresa com o tamanho da Cia. Carris e um acervo histórico que contempla mais de 140 anos de história! Tem sido muito trabalhoso... Enfim, nossa “casa nova” está sendo organizada aos poucos mas, com certeza, teremos um resultado compensador!  Postamos a seguir imagem de nossa mudança. 




terça-feira, 23 de setembro de 2014

Podes entrar, a casa é tua!

Na quinta-feira passada ocorreu uma noite de cultura e festa no Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa. O projeto "Podes entrar, a casa é tua", uma parceria entre a Cia. Carris e o Museu de Comunicação de Social, realizou-se com muito sucesso. Contamos com a presença de parte dos músicos da Escola de Samba "Imperadores do Samba" tocando o samba enredo de 1993, com o qual foram campeões. Este samba enredo faz uma homenagem a Lupicíno Rodrigues e tem como título "Podes entrar, a casa é tua", verso da canção "Cadeira Vazia", composta por Lupi. Pegamos o título do samba "emprestado", com o devido conhecimento e a autorização da Escola de Samba.
Além de uma apresentação da Imperadores, também realizamos uma mesa redonda com jornalistas que acompanharam ou estudam a trajetória de Lupicínio e com "Lupinho", filho do nosso boêmio homenageado. Para esta mesa redonda contamos com a presença dos jornalistas Cláudio Brito, Juarez Fonseca, Marcello Campos e do citado Lupinho. Além do ótimo bate-papo também tivemos muita música boa, como não poderia deixar de ser em se tratando de Lupicínio Rodrigues. Os excelentes músicos Caio Martinez, João Vicente e Rafael Rodrigues foram responsáveis pelas interpretações de composições de Lupicínio, todas executadas com muita qualidade.
Enfim, foi um evento de muito sucesso e que nos trouxe muita alegria. Postamos a seguir algumas imagens da mesa redonda. 

Público do evento.              






Convidados da Mesa.





Músicos executando canções de Lupicínio.


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Caminhos do Lupi

      Neste último sábado, realizamos pela primeira vez o percurso "Caminhos do Lupi". Para quem ainda não sabe, no próximo dia dezesseis de setembro será comemorado o centenário do nascimento de Lupicínio Rodrigues. Para celebrar a data, a Cia. Carris, através desta Unidade de Documentação e Memória, desenvolveu  o projeto "Caminhos do Lupi". Nosso objetivo com este projeto foi resgatar a história deste famoso compositor da dor-de-cotovelo através daquilo que a Carris conhece melhor: os trajetos desenhados pelas ruas de Porto Alegre. 
       Com os "Caminhos do Lupi" realizamos um percurso que passa por locais em que Lupi viveu, trabalhou e frequentou. A medida que passamos por estes locais vamos contando a história deste compositor e boêmio. Este trajeto pela história de Lupi é finalizado na Travessa dos Venezianos, onde é realizada uma roda de samba com músicos tocando canções do compositor. 
      No sábado passado a chuva atrapalhou um pouco os nossos planos: o evento na Travessa dos Venezianos não pode ser realizado. O percurso com o ônibus da Carris, entretanto, foi executado com bastante sucesso! Apesar da forte chuva que caía, o ônibus estava quase cheio. Foi um passeio bastante agradável, como destaque podemos citar a recepção que recebemos no Restaurante Gambrinus, onde o garçom Vovô contou algumas de suas história de boêmia e cantou para nós. No próximo sábado iremos realizar mais uma saída. Infelizmente não há mais lugares para o passeio nos dois ônibus que farão o percurso. Mesmo assim convidamos nossos leitores para aparecerem na Travessa dos Venezianos a partir das 17 horas. Lembramos a todos que, pelo menos por enquanto, a previsão do tempo para sábado é de sol e calor!! 




sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Ônibus e bondes

Quando se fala sobre o passado da Cia. Carris, a maioria da população porto-alegrense faz  relação com os bondes elétricos que circularam pela cidade. Poucas pessoas lembram que os primeiros ônibus da Carris, entretanto,  começaram a circular ainda no ano de 1929. A Carris teve o monopólio dos bondes elétricos até 1970, mas o mesmo não acontecia com os ônibus. Desde 1926 circulavam auto-omnibus (como se chamavam os ônibus na época) de motoristas particulares pela capital. O primeiro veículo deste tipo a circular pela cidade pertencia a Manuel Ramirez, motorista de um carro de praça, e Amador dos Santos Fernandes, imigrante português estabelecido na capital. É bastante curioso lembrar, que estes primeiros empresários de ônibus em Porto Alegre,  mais tarde criaram a empresa Central, que ainda hoje atende os municípios da região do Rio dos Sinos.  Sabemos que a partir de 1927, outros transportadores particulares de passageiros começaram a surgir. Pioneiros, seus veículos rústicos não tinham itinerários  e nem horários fixo. Os carros possuíam várias placas indicando as linhas - Glória, Partenon, Teresópolis, Independência e etc. - e  eram substituídas conforme o rumo desejado pelos passageiros. Chegando à Praça Parobé, o motorista descia, perguntava aos usuários qual o seu local de desembarque e só aí colocava a placa do destino. Normalmente, o dono da empresa era o motorista e cobrador. Os ônibus e os bondes conviveram circulando por Porto Alegre até a década de 1970. Conta-se que os bondes tinham o apelido de "transporte do povo", por terem a passagem mais barata entre os veículos de transporte público. 


Primeiro ônibus da Cia. Carris, o Yellou Coach.







 
Ônibus e bondes convivendo no Centro de Porto Alegre na década de 1930.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Curiosidades sobre o transporte público de Porto Alegre no passado

Reorganizando e lendo parte do nosso acervo, encontramos muitas informações curiosas sobre a origem do transporte público de Porto Alegre. Como sabemos que nossos leitores se interessam bastante por informações relativas aos bonde e ônibus de antigamente, iremos reproduzir estas curiosidades: 

Bondes a tração animal:

-Os primeiros bondes a tração animal começaram a circular em Porto Alegre em 1873;
-estes veículos eram importados dos Estados Unidos;
-o cobrador da época andava num estribo pelo lado de fora do carro;
- os veículos eram tracionados com duas mulas;
- a iluminação era feita com lamparinas de querosene;
- transportava de vinte e cinco a quarenta passageiros sentados;
- os bancos eram inteiriços para cinco pessoas;
- as mulas eram trocadas de lado para possibilitar retorno do veículo;
- as primeiras quatro linhas de bondes a tração animal: Menino Deus, Partenon, Glória e Teresópolis. 



Bondes elétricos:

- Os primeiros veículos eram importados da Inglaterra, possuíam quatro rodas e foram carinhosamente apelidados de "gaiolas";
- carregavam de vinte a quarenta pessoas sentadas;
- alguns destes veículos tinham origem Hungara;
- os primeiros bondes atingiam a velocidade máxima de 15 quilômetros por hora.
- Na década de 1920 a Cia. Carris começava a importar veículos dos Estados Unidos;
- os veículos do tipo "Brill" eram mais modernos, possuindo oito rodas, que deixava os carros mais estáveis;
- os veículos atingiam até 70 quilômetros por hora, carregando no máximo 50 passageiros sentados. 





Primeiros ônibus:


- Os primeiros ônibus da cidade eram de particulares e começaram a circular pela cidade a partir de 1926;
- os veículos eram mistos de madeira e metal;
- os primeiros motores eram a gasolina;
- atendiam as regiões que o bonde não atendiam. 


sexta-feira, 18 de julho de 2014

A origem do nome do Bairro Praia de Belas


Você nunca se perguntou o porquê do nome do Bairro Praia de Belas? É razoavelmente conhecida a informação de que a chamada "Praia de Belas" já foi um balneário do rio/lago/estuário Guaíba, e que, em função de inúmeros aterros, perdeu muitas características  de sua paisagem original. Como porto-alegrense e conhecedora  (em pequeno grau...) da história da cidade, imaginava que o nome "Praia de Belas" tinha como origem as belezas naturais perdidas de mais uma das belas paisagens do Guaíba que, infelizmente,  nem chegaram a ser conhecidas pelas gerações mais recentes. Provavelmente esta conclusão não deixa de ter muito de realidade, mesmo assim, entretanto, vasculhando o acervo da nossa Unidade de Documentação e Memória Carris, encontrei uma cópia de matéria de jornal (sem nenhuma referência), que apresenta informações diferentes. O título do texto é "Do Burro à Eletricidade" e foi escrito por Walter Spalding. Trata-se de uma matéria contando a história do transporte através de bondes em Porto Alegre. Em um dado momento do texto, o autor fala sobre o arrabalde do Menino Deus e o balneário da Praia de Belas. Iremos transcrever o citado trecho para que nossos leitores possam conhecer alguns aspectos desta história: 

"(...) Em 1863, Porto Alegre, além de ter mais de vinte mil habitantes, estava se estendendo e possuía já um arrabalde de grande luxo - arrabalde dos magnatas - que era o Menino Deus, cheio de ricas vivendas, chácaras imponentes e... balneários na Praia de Belas, assim chamada por ficar na referida praia a chácara de Luiz Antônio Rodrigues de Bellas* que foi procurador da Santa Casa em 1831. Além disso, bastante densa era  a população modesta moradora das ruas transversais e arredores. 
Tudo isso dava intenso movimento a todos os tipos de transporte - cavalos, burros, carroças, caleças, tilburis e jardineiras, e mais os cargueiros, com mercadorias chacareiras para o mercado e particulares (...)". 
* Grifo nosso. 

Assim temos a "verdadeira história" do nome do Bairro Praia de Belas. Postamos, a seguir, imagens antigas e contemporâneas do bairro. 



Trem chegando ao balneário da Praia de Belas em 1899.

atual paisagem do Bairro Praia de Belas

terça-feira, 15 de julho de 2014

Depois de um mês de Copa....

Depois de um mês "acampados" no Parque Harmonia, voltamos para as nossas atividades cotidianas. Este foi um mês de ricas experiências: estivemos com nosso Museu/Itinerante Memória Carris estacionado ao lado do Piquete Herança Pampeana durante toda a Copa. Lá recebemos inúmeros visitantes dos mais diversos locais, desde porto-alegrenses que vinham matar a saudade do tempo dos bondes até estrangeiros que ouviam falar pela primeira vez sobre a Cia. Carris. No total foram mais de três mil e quinhentas visitas, um número excelente!  A seguir postamos algumas imagens de nossos visitantes: 

Alguns dos muitos argentinos que passaram pelo nosso Museu.


Alguns representantes dos muitos australianos que passaram por Porto Alegre.   





Nossos conterrâneos brasileiros, esperançosos com a seleção (quando isso ainda era possível...)


Representantes do tradicionalismo de nosso estado também se fizeram presentes.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Carris no Parque Harmonia

Na próxima quinta-feira inicia a Copa do Mundo do Brasil. Como nossos leitores sabem, os últimos preparativos estão sendo realizados para que possamos receber este grande evento. Aqui, na Cia. Carris, as coisas não são diferentes. Sexta-feira passada, nós da Unidade de Documentação e Memória, visitamos o espaço que a Cia. Carris terá no Parque Harmonia durante a Copa. Nosso Museu Itinerante já encontra-se lá, assim como o piquete do CTG "Herança Pampeana", que está quase concluído. Como comentamos em nosso texto da semana passada, o "Herança Pampeana" foi fundado e é mantido por funcionários da Cia. Carris, sua sede está localizada no pátio da USECARRIS, a União Social dos Empregados da Cia. Carris. 
Além do piquete e do Memória Carris, o local também contará com uma iluminação especial e com uma pequeno espaço ao ar livre com bancos e distribuição do material institucional da empresa. Postaremos a seguir algumas das imagens que captamos em nossa visita de sexta-feira. 

Museu Itinerante Memória Carris no Parque Harmonia.




Piquete do CTG "Herança Pampeana" sendo construído.



Colegas da Cia. Carris trabalhando no Parque Harmonia.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

História do Museu Itinerante Memória Carris

Em uma semana nosso Museu Itinerante estará aberto para receber visitantes no Parque Harmonia. Estamos ansiosos para receber a visita de turistas e dos nossos conterrâneos de Porto Alegre no espaço reservado para a Cia. Carris Porto-Alegrense lá no acampamento. 
Além do ônibus/museu, o espaço terá uma estrutura com informações atuais sobre a empresa e o piquete do C.T.G. "Herança Pampeana", criado por funcionários da Carris. Ocorrerão várias atividades culturais durante a copa nestes locais, fica o convite para que nossos amigos façam uma visita. 
Nosso ônibus/museu já tem a sua própria história. Um espaço que concentre parte do acervo histórico da Cia Carris e que receba visitantes existe desde a década de 1980. Durante bastante tempo, entretanto, este espaço localizava-se dentro da empresa. Em meados dos anos de 1980 surgiu a ideia de adaptar um ônibus para receber este acervo e realizar visitas em escolas, parques, entre outros espaços. 
O atual Museu Itinerante, instalado em ônibus modelo Monobloco, surgiu no ano de 1995. De lá para cá ele passou por algumas reformas, mas sempre se mantendo o ônibus Monobloco de 1984 como o veículo apropriado para receber esta função de contar a história da empresa. Isto ocorre porque este modelo de ônibus acabou por se tornar uma marca do Memória Carris, onde ele chega é rapidamente identificado como o "museu da Carris".  
Vasculhando nosso acervo, encontramos um exemplar do Jornal "Volante" (jornal interno da Carris) de junho de 1995. Nesta edição do jornal consta uma pequena nota fazendo referência aos colegas que trabalharam na adaptação do monobloco para receber o museu/itinerante. Como forma de agradecer e homenagear estes colegas iremos transcrever o trecho do jornal: "(...) Vale registrar a atuação dos funcionários que trabalharam no Museu enfrentando a falta de tempo e, que mesmo assim, conseguiram realizar um trabalho elogiado e reconhecido por toda comunidade. Elson (Boca Cheia), Leonel (Leco), Simão, Renato, Airto, Antônio Rodrigues, Antônio Pacheco, Sérgio, João Luiz Marcos (Marcão), Djair, Nelson, Adir e Jair, todos da chapeação, a arquiteta Ceres e a Eneida, fizeram um trabalho que se tornou matéria de vários jornais de Porto Alegre (...)".
A seguir, postamos uma imagem do nosso ônibus/museu:


terça-feira, 27 de maio de 2014

As botinas de Lupi...

Continuamos trabalhando muito com a história de Lupicínio Rodrigues! Ao longo de várias leituras sobre o compositor, vamos nos deparando com histórias muito divertidas, vividas por Lupi e seus companheiros de boêmia. Um destes "causos" iremos transcrever agora, trata-se de uma história muito engraçada que envolve um par de botinas.....

"(...) Lupicínio e Nuno Roland eram soldados do 7º Batalhão de Caçadores, cujo quartel ficava na antiga Praça do Portão. E sempre ávidos por um dinheirinho para gastar na boemia, inventavam mil transas e jogada. O soldo era apenas de cinco mil-réis mensais, quantia insuficiente para as andanças da dupla. Vai então que um dia receberam uniforme novo, botinas e perneiras também novas. E como era sábado, dia de ver as meninas do Beco do Oitavo e dançar no Cabaré do Galo no Bairro Azenha, inventaram singular maneira de fazer dinheiro. Nuno calçou o pé direito das botinas, enfiando o esquerdo numa alparcata muito em uso na época.  E Lupicínio fez quase o mesmo; pé esquerdo na botina nova e alparcata no direito. E lá se foram os dois, com o par de botinas que sobrou (eles calçavam o mesmo número) rumo ao bar de um ex-brigadiano, na Ilhota, que comprava tudo e também emprestava dinheiro sob penhores. Tomaram umas e outras e venderam o flamante par de botinas, embolsando airosamente a grana. E quando alguém perguntava, Lupicínio dizia: 'eu machuquei o pé no futebol, mas ele é uma unha encravada mesmo'.*

*texto retirado do livro "Roteiro de um Boêmio", de Demosthenes Gonzales. 

 
Imagem do antigo Sétimo Batalhão dos Caçadores, que localizava-se na esquina entre a Avenida João Pessoa e a Rua Duque de Caxias. 

terça-feira, 20 de maio de 2014

O Bonde que virou sala de aula...

Nós, da Unidade de Documentação e Memória Carris, temos como um dos nossos projetos futuros a produção de um livro contando as histórias dos bondes que deixaram a Cia. Carris após as suas "aposentadorias" no transporte público de Porto Alegre.  Sabemos que na década de 1970 os bondes foram doados para várias instituições diferentes como escolas, clubes de futebol, o Pampa Safari, entre outras.
Encontramos uma destas histórias no livro "Memória dos Bairros: Passo das Pedras", organizado pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre no ano de 2002. Neste livro é contada a história da ocupação do bairro Passo das Pedras e, em um certo momento, conta-se a história do Grupo Escolar América. Sobre o período da década de 1970 é dito o seguinte "(...) Em 1970, o bairro teve uma conquista incomum. No final do ano, o Grupo Escolar América conseguiu na Carris dois bondes velhos para instalar salas de aula para o Jardim de Infância. Em um local onde a maioria das mães trabalhavam e tinham a preocupação de onde deixar seus filhos pequenos, a instrução pré-primária significava uma conquista importante. Desses dois bondes, hoje [2002] apenas um permanece na escola e abriga uma cantina que alimenta os alunos, e aos que lá chegam, com doces e salgados maravilhosos. O outro foi vendido ao Pampa Safari (...)". 
Uma das professoras da escola, a professora Maria Terezinha Tie Namba, comenta da seguinte forma a doação dos dois bondes a escola: "(...) Nós tínhamos na realidade dois bondes, que a Carris na época doou para as escolas estaduais, para que os bondes não morressem na memória das pessoas, se eles ficassem num museu, eles seriam pouco vistos porque as pessoas não têm hábito muito de ir a museu, então eu acho que naquela época a Carris ela doou os bondes para as escolas públicas estaduais para que eles fossem lembrados (...)". 
Sabemos que existem muitas histórias como está,  buscar estas histórias para que possamos contá-las para os nossos amigos é o objetivo deste trabalho que pretendemos realizar. Postamos a seguir uma fotografia em que alunos aparecem na frente de um bonde que também foi utilizado como sala de aula.








quarta-feira, 14 de maio de 2014

Histórias de Lupicínio...

Como nossos amigos sabem, estamos organizando atividades culturais para comemorar o centenário de nascimento de Lupicínio Rodrigues que ocorrerá em setembro deste ano.  Realizando as pesquisas que irão dar suporte a estas atividades, encontramos histórias divertidas que falam um pouco sobre esta personalidade tão interessante que foi Lupicínio. Iremos transcrever neste blog uma destas histórias, trata-se de uma experiência vivenciada por Lupi e o seu amigo Soilo, outro boêmio da Porto Alegre de outros tempos: 

"(...) Verão pleno, sábado. Na rua João Alfredo (antiga Rua da Margem) se inaugurava o Tareco, espécie de gafieira. Lupicínio já trabalhava na Faculdade de Direito, mas era meio do mês, dinheiro não havia. Lupi e seu amigo Soilo, bom violonista e cantor recém chgado da fronteira, estavam barbudos e precisavam se enfeitar para ver as meninas do Tareco. E não vacilaram. Entraram no primeiro salão de barbeiro que encontraram. O Lupi perguntou: 'quanto é barba?'. O Fígaro respondeu: 'dois mil-réis'. O Lupi perguntou de novo: 'duas passadas?'. E como o barbeiro confirmasse, Lupicínio fez a proposta: 'então dá uma passada no rosto dele e outra no meu' (...)".

 Retiramos esta história do livro "Roteiro de um boêmio", escrito por Desmosthenes Gonzales em 1986. Neste trabalho, o autor (que foi amigo de Lupicínio) conta a vida do compositor e apresenta algumas de suas histórias na noite de Porto Alegre. Postaremos a seguir imagens da antiga Rua da Margem e de Lupicínio. 

Antiga Rua da Margem, década de 1930.





segunda-feira, 5 de maio de 2014

Festa do dia do trabalhador!

A última quinta-feira foi um dia de comemoração na Cia. Carris Porto-Alegrense. Várias famílias de nossos colegas compareceram em mais uma festa do dia do trabalhador. Como não podia deixar de ser, nós da Unidade de Documentação e Memória (UDM) também estávamos presentes nesta data. Realizamos uma exposição que funcionou como uma linha do tempo do transporte público de Porto Alegre, sendo que esta história foi contada através de miniaturas de bondes e de ônibus que no passado fizeram linhas da Carris. Como sempre que realizamos este tipo de ação, nossa proposta foi muito bem recebida por nossos colegas, principalmente pelas crianças que ficaram muito curiosas com as miniaturas e tiraram muitas fotografias. Além da exposição de miniaturas também levamos para a festa nosso "bonde-cenário", um bondezinho de madeira usado como cenário para fotografias. Postamos a seguir uma das fotos feitas utilizando o nosso bondezinho: 
Também distribuímos alguns dos nossos materiais, como por exemplo:  ímã com o logon da Unidade de Documentação e Memória, revistinha infantil contando a história da Carris, marcadores de página e cartões postais de Porto Alegre. Postaremos a seguir algumas imagens de nossa participação neste dia de festa.

Miniatura de Maxambomba, primeiro transporte público de Porto Alegre.



Miniatura do bonde Gaiola.





Miniatura do bonde Brill.





Parte da equipe do "Memória Carris" que trabalhou no dia do trabalhador.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Dia do trabalhador

Aqui na Carris a festa do Dia do Trabalhador é uma grande tradição. Neste ano, como não poderia deixar de ser, será realizada uma comemoração para marcar a data. Teremos o tradicional churrasco, os campeonatos de bocha, futebol e volley, além das atividades da Unidade de Documentação e Memória. Para 2014, preparamos para os nossos colegas uma exposição de miniaturas de bondes e ônibus que circularam por Porto Alegre desde o início do transporte público na Capital. Nossa primeira miniatura, por exemplo,  é de um bonde à tração animal conhecido no passado como "maxambomba". Estes veículos circularam pelas ruas de Porto Alegre entre os anos de 1864 e 1908; iniciando a sua circulação, portanto, antes da criação da Cia. Carris Porto-Alegrense.
Nós, da Unidade de Documentação e Memória, nos sentimos muito felizes de participar de mais um dia do trabalhador. Faz parte do nosso trabalho cotidiano recolher depoimentos de antigos trabalhadores da Carris para armazená-los e apresentá-los à população porto-alegrense. Sempre enriquecemos muito o nosso trabalho com estes depoimento. Ser, de certa forma, guardiões da memória destes inúmeros trabalhadores que passaram e ainda estão na Cia. Carris é para nós uma grande honra.



 
Imagem de antigos trabalhadores da Cia. Carris em confraternização. 





Foto do churrasco que sempre é feito pelos colegas no dia do trabalhador.

                                                     

terça-feira, 22 de abril de 2014

Mudanças no transporte de Porto Alegre na década de 1920

Temos como parte do nosso material alguns exemplares de livros que falam sobre a história do transporte público em Porto Alegre. Em um destes livros, intitulado "Memória Carris: crônicas de uma história partilhada com Porto Alegre", encontramos um texto que explica o início da circulação de ônibus em nossa cidade. O texto inicia na página 55 do livro e tem como título: "Os primeiros ônibus". Iremos transcrever em seguida alguns dos seus trechos: 
"(...) Na década de vinte, cresceu a área urbana e industrial de Porto Alegre e, como consequência, surgiu a necessidade de ampliação do transporte coletivo. O jornal "Correio do Povo", nas edições publicadas entre janeiro e junho de 1925, dava conta da nova realidade, principalmente devido a distância dos vários arraiais do centro da cidade. Como não havia mais bondes para aumentar a frota, a Carris, única operadora de bondes na capital, transformou os antigos bondes a tração animal em reboques, que eram puxados pelos modernos elétricos. Este paliativo foi usado até 1936, quando ainda se tem notícia do funcionamento destes comboios (...).
A dificuldade de chegar a locais mais distantes, o sistema de produção e fornecimento de energia elétrica e a sobrecarga das linhas de transmissão impediram o maior desenvolvimento dos bondes. Diante da impossibilidade de ampliar imediatamente o sistema de transporte coletivo, os empresários locais investiram em meios de transportes alternativos como, por exemplo, os ônibus (...).
Assim, o transporte coletivo em auto-omnibus tornou-se inevitável. O crescimento dos passageiros das linhas de bonde e a falta de espaço físico na região central de Porto Alegre (...) foram fatores determinantes para a implantação de ônibus (...).
O primeiro auto-omnibus circulou em Porto Alegre em 1926. Manuel Ramirez, motorista de um carro de praça, e Amador dos Santos Fernandes, imigrante português estabelecido na capital, compram da importadora Barcellos  Cia. um Chevrolet Pavão por onze contos de réis . A primeira linha de ônibus operava pelo "Caminho Novo" [atual Voluntários da Pátria], tendo o fim da linha no bairro São João.  Levava os passageiros até a Av. São Pedro, aonde os bondes ainda não chegavam (...)".

Bonde com reboque, na atual Avenida Júlio de Castilho.








Primeiro ônibus que circulou em Porto Alegre.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

UM FUNCIONÁRIO MARCANTE NA HISTÓRIA DA CARRIS....



     Ano passado realizamos importantes entrevistas para o nosso Banco de História Oral. Uma destas entrevistas foi com o senhor Sérgio Milani, que trabalhou em nossa Cia. por trinta e seis anos. "Seu Milani", como é conhecido até hoje na Carris, mesmo após quinze anos de sua aposentadoria, tem uma história com a empresa que atravessa gerações. Ainda adolescente ele frequentava o pátio da empresa pois era o responsável por trazer o almoço do seu pai, Chefe da Carpintaria na época. O pai do senhor Milani chamava-se José Milani e também aposentou-se pela Carris após tinta e três anos de trabalho na empresa. Outros dois irmãos da família Milani foram funcionários da Carris, os senhores Jorge Milani e Francisco Milani.
     O senhor Sérgio começou a trabalhar na empresa no ano de 1963, iniciou na Carris enquanto ela ainda localizava-se na Avenida João Pessoa. Sua primeira função foi como auxiliar de escritório do Serviço de Troleibus, que começava a ser estudado como opção para o transporte público de Porto Alegre. Quando os Troleibus foram abandonados, Seu Milani transferiu-se para o Departamento Pessoal. Ele também trabalhou como Tesoureiro e foi Chefe da Sessão de Finanças, passou a maior parte do seu tempo na Carris trabalhando no Setor de Contabilidade. Em trinta e seis anos de empresa, Seu Milani acompanhou várias transformações ocorridas na Cia. Carris. Viu, por exemplo, a transferência da sede da empresa da Avenida João Pessoa para a Avenida Albion, no bairro São José. Sobre esse momento, Seu Milani comenta que a maior parte dos funcionários da Carris apoiaram a mudança, pois viam que era necessário mais espaço para o crescimento físico da empresa. 
     São muitas as histórias que Seu Milani nos contou em sua entrevista! No final, o que fica é a sensação de ter participado um pouco mais da história desta Cia. que completa em junho 142 anos de história no transporte público de Porto Alegre. Ao Seu Milani e a outras centenas de funcionários que fizeram a história da Carris só temos que agradecer! São vidas dedicadas ao crescimento desta empresa, e como se isso não bastasse, ainda encontramos nessas pessoas a generosidade em contribuir com o nosso Banco de História Oral! Muito obrigado a todos os ex funcionários da Carris que nos oferecem o seu conhecimento e o seu tempo para o enriquecimento do nosso trabalho!


 
Carteira de Trabalho do senhor Sérgio Milani.

Seu Milani participando de um dos aniversários da Carris na década de 1980.




Seu Milani e seus colegas de setor na década de 1990.
    

segunda-feira, 31 de março de 2014

Projeto de Educação Patrimonial com o AHPAMV

    Na última semana realizamos uma reunião no Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho que gerou como resultado ideias muito interessantes. A partir desta reunião, por exemplo, surgiu um projeto de Educação Patrimonial  envolvendo o arquivo e a nossa exposição "Temporânea", que no momento encontra-se no Memorial do Ministério Público do Rio Grande do Sul e que em maio será transportada para o Moysés Vellinho.
   Como nossos amigos leitores sabem, a "Temporânea" é composta por sete totens de metal com textos e imagens que apresentam aspectos da história das transformações urbanas ocorridas em Porto Alegre. A exposição busca ressaltar a importância da preservação e valorização do patrimônio urbano, buscando incentivar entre os porto-alegrenses um sentimento de identificação e de pertencimento em relação aos espaços da cidade. Com isto, se busca estimular a ocupação dos espaços públicos pelos seus cidadãos e a participação destes nas discussões e decisões relativas a construção deste mesmo espaço.
   Para a produção dos totens foram utilizados documentos da história de Porto Alegre que encontram-se no AHPAMV. A proposta deste novo projeto de Educação Patrimonial é apresentar a exposição e a partir dela trabalhar com a documentação presente no arquivo que foi utilizada para a sua confecção. Acreditamos que este trabalho "casado" entre o resultado de um trabalho de pesquisa (exposição) e as fontes documentais que lhe deram origem permite ao aluno/visitante a oportunidade de compreender como se dá a construção do conhecimento histórico, assim como oportuniza a  demonstração do trabalho realizado na preservação e conservação documental. 
   Pelo menos inicialmente, este novo projeto será voltado para o público escolar, mais especificamente alunos das séries finais do ensino fundamental e do segundo grau. Postaremos a baixo o convite do projeto, os professores que se interessarem, por favor entrem em contato. 





quinta-feira, 27 de março de 2014

Parabéns Porto Alegre!

     No dia 26 de março de 1772 foi criada a Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais. Um ano depois, o nome da freguesia foi alterado para Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. Este território, entretanto, vinha sendo ocupado por casais vindos das ilhas dos Açores em Portugal desde a década de 1750. Com a mistura de povos vindos dos mais diferentes lugares, se construiu neste território uma bela cidade, reconhecida nacionalmente por sua cultura, a politização do seu povo e suas políticas progressistas em diversas áreas. 
   Compartilhamos com Porto Alegre seus mais recentes 142 anos de história. Após estes mais de cem anos trafegando por suas estradas, caminhos, ruas e avenidas temos a intimidade necessária para afirmar que Porto Alegre é uma velha conhecida! Mais do que isso, é uma querida amiga! Entre amigos existe a liberdade de um feliz aniversário atrasado sem a criação de ressentimentos.... Por isso viemos hoje Porto Alegre, te desejar um feliz aniversário e manifestar nosso orgulho por mais um ano compartilhando da tua história!

Imagem do Mercado Público de Porto de Alegre no séc. XIX, onde aparece uma maxambomba, primeiro "transporte público" de Porto Alegre.




Trilhos de bondes no Centro de Porto Alegre, ainda no século XIX. 




Foto do início do século XX em que aparece o arrabalde do menino Deus, primeiro destino dos bondes da Carris.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Próximas agendas da Exposição Temporânea

       Já postamos algumas vezes em nosso blog informações sobre a Exposição "Temporânea: Revitalizando Memórias em Porto Alegre". Desde outubro de 2012 que esta exposição vêm circulando por espaços de cultura de Porto Alegre como Museus e Memoriais. Com a Temporânea temos o propósito de dar visibilidade e inteligibilidade aos processos de recuperação de territórios em Porto Alegre, tendo como foco a revitalização do Centro Histórico da cidade. 
       Trata-se de uma bela exposição, composta por totens com imagens, textos históricos, poesias, crônicas e letras de música. A mostra encontra-se dividida em quatro eixos: Cidade Antiga, Cidade Contemporânea, Cidade do Futuro e Coração da Cidade, com esta divisão se procurou demonstrar os encontros e desencontros das diferentes temporalidades presentes em Porto Alegre. A exposição busca ressaltar a importância da preservação e valorização do patrimônio urbano, despertando laços de pertencimento e identificação na comunidade, incentivando, dessa forma, a ocupação dos espaços públicos e a participação efetiva na construção da cidade.
     No momento, nossa exposição encontra-se no Memorial da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, localizado na Avenida Loureiro da Silva, número 255, no Centro da cidade. No dia 25 de março faremos a mudança da exposição para o Memorial do Ministério Público, também localizado no Centro de Porto Alegre. Neste novo local a "Temporânea" ficará até o dia cinco de maio. Convidamos os nossos leitores que conheçam a "Temporânea" fazendo uma visita ao Memorial do Ministério Público, localizado na rua Marechal Deodoro da Fonseca, esquina da Rua Riachuelo, em frente a Praça da Matriz. 

Imagem da Exposição Temporânea na Câmara de Vereadores



Prédio em que se localiza o Memorial do Ministério Público do Rio Grande do Sul