sexta-feira, 8 de junho de 2018

Os primeiros automóveis

   A história do transporte esta repleta de histórias curiosas! Sempre que uma nova tecnologia surge, um grande impacto é gerado nas pessoas. Sabemos, por exemplo, que as primeiras viagens dos bondes elétricos em Porto Alegre foram aplaudidas pela população. Em uma matéria do jornal  "A Federação" de 11 de março de 1908, conta-se que nos primeiros dias de circulação os elétricos andavam sempre cheios de curiosos, o que atrapalhava a vida dos moradores dos "arrabaldes" que dependiam do transporte para se locomover até o Centro.
   Encontramos em meio ao material que guardamos aqui no setor, um recorte da Zero Hora de 28 de agosto de 1999. Este material traz uma reportagem muito divertida contanto "causos" do início do transporte por automóveis pelo Rio Grande do Sul a fora. Algumas destas histórias iremos transcrever aqui no blog para o conhecimento dos nossos leitores: 

   "O primeiro automóvel, também chamado de auto, chegou a Porto Alegre no dia 15 de abril de 1906. Era um De Dion Bauton, francês, com um cilindro e 10 cavalos de força. Ficara isento de imposto ao passar pela alfândega por não haver legislação específica para este tipo de veículo (...). 
  Em 1913, o intendente de Porto Alegre, José Montaury, regularizou o trânsito desse tipo de veículos. A velocidade máxima não podia ultrapassar 10 quilômetros por hora no Centro e 15 quilômetros nos bairros. Nos cruzamentos, os carros não poderiam trafegar mais rápido que uma pessoa caminhando. 
(...) Foi notório, em São Gabriel, tão logo o automóvel chegou ao município, que certo fazendeiro rico, dono de uma grande estância, depois de receber algumas poucas instruções de direção, resolveu ir sozinho para a propriedade, guiando o seu pequeno automóvel. Mandou avisar o capataz que o esperasse e convidasse a vizinhança para assisti-lo e aplaudir a sua chegada. Assim foi feito. Rodeio de mil reses com mais de 50 gaúchos, alegres, esperando ansiosos o patrão em seu auto novo. 
   Lá pelas tantas chegou ele, guiando o seu fordeco, abanando para todos, arrodeando o gado. Uma volta, duas e outras tantas, e nada de parar o carro. Por vezes, acelerava o automóvel, correndo aos saltos. De repente, gritou enraivecido:  - Lacem esta porcaria para parar! Havia esquecido como freá-lo. Mais de dez campeiros rebolearam seus laços e o laçaram pelo motor, sujeitando na cincha dos cavalos a engenhoca, que urrava, acelerada, até se desligar por si. Ao sair do carro, o patrão, praquejando, confessou encabulado: - Esqueci-me de como travar esta geringonça. Aquilo que seria uma festa de exibicionismo virou uma comédia que até hoje não é esquecida! (...)."*

      Imaginem nossos leitores uma situação destas: um carro precisando ser laçado por gaúchos a cavalo para poder parar! Deve ter sido uma cena realmente muito divertida! Um "causo" do interior do nosso estado que demostra um momento de intersecção de duas realidades diferentes: é o início do século XX chegando com suas inovações tecnológicas em um Rio Grande do Sul ainda muito rural! A seguir, postaremos uma famosa foto do primeiro veículo automotivo a circular pela ruas de Porto Alegre em 1906. 






* Texto publicado pelo Jornal Zero Hora de 28 de agosto de 1999. Escrito pelo historiador Osorio Santana Figueiredo. 


sexta-feira, 1 de junho de 2018

2ª SEMANA NACIONAL DOS ARQUIVOS


     Entre os dias quatro e nove de junho estará ocorrendo a Segunda Semana Nacional dos Arquivos. Esta iniciativa tem como objetivo ampliar a visibilidade dos arquivos e a sua inserção na sociedade. Além de garantir o cumprimento da lei 12.343/2010, referente ao Plano Nacional de Cultura (PNC), que tem por objetivo o planejamento e a implantação de políticas públicas de longo prazo voltadas a proteção e promoção da diversidade cultural brasileira. Uma das ações propostas é a ampliação de oferta de eventos e espaços voltados as atividades culturais para estimular os cidadãos a frequentarem mais arquivos, museus, bibliotecas, exposições, teatros, cinemas, espetáculos de dança e circenses. Nosso país possui uma grande riqueza cultural e histórica, é muito importante que os brasileiros desenvolvam cada vez mais o hábito de conhecer e valorizar este patrimônio. 
   Com o objetivo de se integrar a este grande esforço proposto pela Semana Nacional dos Arquivos, o setor de memória da Carris estará participando de uma das ações realizadas pelo Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APERS) e pelo Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho. Trata-se da ação "Caminhos dos Arquivos: Nossas Histórias, Nossas Heranças". Além do Memória Carris, outras instituições que trabalham com a memória de Porto Alegre irão participar desta atividade. Para participar, enviamos para estas instituições um documento digitalizado de nosso acervo com um texto contextualizando este documento (como se fosse uma legenda mais detalhada). Em troca, iremos receber documentos na mesma situação de cada uma das instituições participantes, este material será impresso e exposto na Sala de Recepção de Visitantes aqui da Carris. Todas as instituições participantes também irão expor os documentos recebidos, portanto, um pedacinho da história da Carris estará presente em todos estes locais. 
     O documento enviado pelo nosso setor foi uma Ação da Companhia Carris Urbanus de 1894. Esta empresa foi criada vinte anos após a Companhia Carris Porto Alegrense, em 1892. Ela também realizava o transporte urbano através dos bondes a tração animal. Em 1906, quando foi criada a Companhia Força e Luz, a Carris Urbanos foi anexada a esta juntamente com a Carris Porto Alegrense, ocorrendo, portanto, uma "mistura" entre as duas empresas. Abaixo publicamos o documento enviado para a realização dos "Caminhos dos Arquivos" para o conhecimento dos nossos leitores.