terça-feira, 20 de dezembro de 2011


Lembro dos tempos passados,
dos velhos seriados
no cinema “Apollo”...
Noites da Margarida
no Rio Branco e Avenida,
e do nosso futebol no campo de pólo...

O nosso Uruguai,
meu grupo escolar
que, do meu pensamento,
não sai...

Do velho fortin da baixada,
do saudoso Moinhos de Ventos
(saudade dos bons tempos)
onde na bacia saía a “pelada”...

Do Parque, do bonde
gaiola, a balancear prá lá e
pra cá...
Onde, me digam, onde
encontraremos prá brincar
o velho iô-iô de ia-iá...

Luiz Carlos Briance

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Fragmentos Urbanos



A 1ª edição deste concurso tem como objetivo fomentar a produção literária e destacar a relação do transporte com a comunidade, divulgando e enaltecendo pontos descentralizados da Capital que não estão, necessariamente, no roteiro turístico cultural. Dessa forma, buscamos destacar elementos de identificação das pessoas com Porto Alegre.

O concurso conta com as parcerias da Secretaria de Cultura, de Governança, de Turismo, com o Gabinete de Comunicação Social, Procempa e com os Centros Administrativos Regionais – CARs. As inscrições poderão ser efetuadas de três formas, pelo site da Carris, pelos Correios, ou  pessoalmente, entregando o material nos CARs. Para que a inscrição seja validada deverão ser entregues três cópias do texto e a ficha de inscrição devidamente preenchida. É importante que todos leiam o regulamento que se encontra no folder de divulgação do concurso, onde estão todas as informações detalhadas. O concurso estará aberto até o dia 20 de janeiro de 2012.

Os postais serão lançados em março de 2012, em comemoração aos 240 anos de Porto Alegre e 140 anos da Cia. Carris. Porto Alegre: Eu curto. Eu cuido.Participem! Vamos divulgar, respeitar e cuidar da nossa cidade.

Dia da Manutenção


No último dia 04/12 celebramos uma importante data para a Cia. Carris: o Dia da Manutenção. Com a presença dos Diretores e  funcionários da Manutenção, através de um almoço e jantar buscamos destacar a importância desses profissionais para  a empresa, garantindo, diariamente, o bom funcionamento do transporte público na cidade. Como lembraça, cada funcionário levou para casa uma fotografia  personalizada, um registro desta data histórica.. 



A proposta da criação deste dia foi idealializada pela Unidade de Documentação e Memória , que  acabou recorrendo aos arquivos históricos para fundamentar esta data. Após pesquisa, foi encontrado um documento, de 04 de dezembro de 1906, autorizando a ampliação das oficinas da Carris na antiga sede, ainda na Avenida João Pessoa, para apoiar um importante momento na história da nossa Capital , a  substituição dos bondes à tração animal pelos elétricos. Porto Alegre semodernizava com a Carris.


Assim, deixamos nossa homenagem a todos profissionais que trabalham, diariamente, para que os ônibus possam circular nas ruas da Capital, além de proporcionar condições adequadas para o trabalho executado dentro da própria Carris.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O Senador e o Bonde




Advogado, político e professor da Faculdade de Direito, Armando Câmara Marcon por inteligente, digno e erudito. Foi um católico fervoroso. Sua bondade, calor humano e humor fino fizeram-no muito estimado por todos. Tanto que era comum grupos de alunos visitarem-no no “Solar dos Câmara” na Duque de Caxias.
Numa dessas ocasiões, polegares no colete, fronte alta, voz séria e formal, caminhando grave pelo gabinete da casa,contou-lhes este episódio, em seu linguajar característicos.
            “Na semana passada, como faço sempre, peguei o bonde Duque, na Praça XV, para vir para casa. O gaiola cheio, entrei com dificuldade. Foi quando notei um cidadão que olhava para mim sorrindo. Como não o conhecia, não dei maior atenção. Arranjei um canto e lá fiquei, de.pé.
            O bonde passava pela praça da Alfândega. Virei-me para olhar não sei o quê, e lá estava o mesmo sujeito, riso fácil, a encarar-me. Não gostei. Por quem me tomava, afinal? Fingi que não era comigo e desviei-me, procurando esquecer o assunto.
            O gaiola acabara de contornar o Correio do Povo e corria desabalado pela Rua da Praia. Ocorreu-me a infeliz idéia de espiar o tal indivíduo. Continuava a fitar-me, os lábios debochados emoldurndo-lhe os dentes. Irritado, virei-lhe as costas e, aproveitando que a maioria já descera, acintosamente caminhei para a outra extremidade do vagão, onde consegui assento.
            Tudo inútil. Tão logo o bonde venceu a Vasco Alvez e entrou na Duque de Caxias, o marginal veio atrás, quase às gargalhadas, olhando para mim com escárnio e zombaria.
            Vibrei de alegria e emoção. Quem vinha subindo a Ladeira? A vítima da minha brutalidade! Era a oportunidade para redimir-me. Abri os braços e desci a seu encontro pedindo perdão, enquanto clamava: irmão! Irmão!
            Ele, ao ver-me, arregalou os olhos numa expressão de pavor, girou sobre os calcanhares e precipitou-se ladeira abaixo, aos gritos:
            - É o louco do bonde! É o louco do bonde!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

NA “PARADA DA MEMÓRIA”

Na foto da esquerda para a direita: Marcos Silva, Luis Fabiano Silva, Ana Laura Silva , Rita Isabel Silva e Ana Lívia Silva
          Em nossa última postagem do Blog, compartilhamos com todos a nossa participação junto à 57ª Feira do Livro e destacamos a troca estabelecida em meio às atividades que estamos promovendo com os participantes. Experiência que tem nos sido imensamente gratificante. Nesse sentido, gostaríamos de partilhar, ao longo do tempo, nossas (com) vivências na Feira.
No dia 02 de novembro, quarta-feira, recebemos a Sra. Rita Isabel da Silva que logo revelou, enquanto observava a exposição Fragmentos Urbanos, ter uma história relacionada àquelas imagens. Sugerimos que ela contribuísse com nosso acervo, prestando seu depoimento em nossa cabine da Parada da Memória.
Rita Isabel iniciou seu depoimento revelando que para ela a visita que estava fazendo naquele dia, em nosso espaço, era muito importante, pois vendo as fotos acabou por remeter-se “a coisas muito queridas”. As coisas queridas de Rita eram suas lembranças do pai.
Rita revelou que seu pai, Sr. Adão José da Silva, trabalhou durante muitos anos na Carris. Foi o primeiro e único trabalho de Adão que aos dezoito anos, segundo Rita, foi contratado, se afastando da Cia. somente no momento da sua aposentadoria.
Ao pronunciar suas lembranças, Rita impõe com uma sensibilidade única um tom fraternal ao seu discurso. Por coincidência fazia, naquele dia, 17 anos que o pai de Rita havia falecido.
Para reproduzir as emoções que conduziram nossa vivência com Rita só mesmo reproduzindo por escrito parte de seu depoimento:
“[   ] Eu e minha irmã nos sentimos muito orgulhosas do meu pai porque eles (os funcionários da Carris) eram uniformizados. Aquela roupa tinha que ser impecável. Então eu lembro da minha mãe passando o uniforme. Meu pai sempre foi muito vaidoso, se cuidava muito. [...] Então ele sempre barbeado com aquela roupa alinhada, que era engomada para que os frisos ficassem bem marcados. [...]  Lembro do pai quando chegava do trabalho, nos ficávamos esperando, a parada era quase em frente a nossa casa, lembro dele descendo do bonde.”
É com a imagem do pai de Rita descendo do bonde e de sua alegria em rever o pai que damos término a esta postagem. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Memória Carris na Feira do Livro


A Memória Carris está participando da 57ª Edição da Feira do Livro de Porto Alegre. Nosso espaço está localizado junto ao Cais do Porto, na Área Infantil e Juvenil, bem próximo à Praça de Alimentação.
Em meio a um dos cenários mais belos de nossa Capital, montamos e equipamos uma cabine para registrar depoimentos daqueles que cultivam memórias sobre a cidade, o desenvolvimento e a mobilidade do espaço urbano. Nosso objetivo é aumentar o nosso acervo audiovisual, fomentando a pesquisa e a produção sobre a história do transporte coletivo e de Porto Alegre, bem como desenvolver elementos culturais (vídeos, exposições, publicações, etc.) com finalidade educacional e social, de valorização dos elementos urbanos e da cidadania.
Dentro da cabine, o depoente é convidado a compartilhar suas vivências da Porto Alegre antiga e contemporânea, através de suas experiências citadinas, destacando-as a partir do transporte (bondes e ônibus) .  Antes de adentrar a cabine, os visitantes são recebidos pela exposição Fragmentos Urbanos, composta por fotografias antigas e atuais do transporte público nas ruas e avenidas da Capital. As imagens demonstram a trajetória compartilhada, desde o século XIX, da Carris com Porto Alegre. Além de chamar a atenção do público, as fotos despertam as lembranças individuais que constituem o nosso imaginário urbano.
A troca que vivenciamos nesse espaço está sendo muito gratificante. Até o presente momento já recebemos mais de 50 depoimentos que demonstram a importância da história da Carris para além dos documentos oficiais. Tanto nos relatos registrados, como nos comentários sobre as fotografias expostas, podemos perceber a importância do transporte público na vida dos porto-alegrenses.
Aguardamos a todos e todas até o final da Feira, no dia 15 de novembro.
Venha compartilhar suas histórias!





segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Linhas


 "Nunca me senti tão importante quanto no dia em que 
pela primeira vez passei pela roleta de ônibus.
Como gente grande.
E alta. Que olha de cima os carros lá embaixo.
Desde então, não perdi o gosto pelas viagens.
Me encanta o labirintar.
O ir e vir permanecendo.
As histórias tristes das senhoras nos primeiros bancos.
O balançar em coro.
As janelas.
O esperar, oportunizando encontros.
O chegar, sempre num passinho à frente."

Carolina Albuquerque

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bairro na Praça - Menino Deus: Eu curto, Eu cuido

Domingo estivemos na Praça Israel, na Rua Vicente Lopes,  participando da ação “Bairro na Praça”, realizada pelo Comitê de Articulação e Mobilização do Bairro Menino Deus. O objetivo foi  chamar a atenção da comunidade para a preservação dos espaços públicos dentro da campanha  “Eu Curto, Eu Cuido”.

Em uma tenda disponibilizada pela organização do evento desenvolvemos atividades do nosso programa “Memória Cidadã”. Nossas ações buscam problematizar o conceito de cidadania visando à identificação, o pertencimento e a apropriação da comunidade para uma construção coletiva, valorizando e salvaguardando o patrimônio público.

Recebemos as pessoas na praça com as seguintes atividades: exposição fotográfica “Fragmentos Urbanos – Menino Deus: registros de uma história compartilhada”; “Crônicas de uma cidade em movimento” com a entrega de quatro marcadores de livro com textos sobre a relação da cidade com o transporte público, desenvolvidos pelos escritores Luiz Coronel, Sergius Gonzaga, Carolina Albuquerque e Silvio Belbute; uma apresentação com quatro artistas circenses, destacando a importância do transporte público no cotidiano da metrópole e na vida das pessoas, costurando a apresentação com mensagens educativas; e a Parada da Memória que recebeu depoimentos de moradores do bairro que compartilharam suas reminiscências da Porto Alegre do tempo dos bondes.



Na Parada da Memória recebemos os depoimentos do Sr. Boaventura Machado Neto, Sra. Solange Canto Loguercio e dos irmãos Rockenbach (Sr. Jorge Fernando, Sra. Lisandre e a Sra. Séura). Durante esta semana vamos dividir, neste espaço, as histórias que foram registradas pela Memória Carris. Através desses depoimentos podemos perceber que a cidade é construída de forma conjunta, cooperativa, recheada de memórias individuais e coletivas.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Brincadeira Perigosa



O Correio do Povo de 08 de janeiro de 1910 noticiava:

"É grande o numero de desoccupados que se distráem collocando espoletas sobre os trilhos dos bondes, para que ellas detonem, á passagem desses vehiculos. Essas detonações, hontem, chamaram a attenção de pessoas que se achavam á praça Senador Florencio, as quaes puderam verificar que não se tratava de simples espoletas innofensivas, mas de legitimas balas de espingardas Winchester!

Algumas dessas balas foram encontradas, ainda intactas, sobre os trilhos, á espera da pressão produzida pelas rodas do bonde, para se produzir a explosão. Esta, no caso, seria de grande perigo para os transeuntes, que poderiam ser feridos, ou mesmo mortos, pelos projectis.

É caso, pois, de uma intervenção da policia, para evitar tal brincadeira, que poderá ser de funestas consequencias"

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Terceira Roda de Memória: reviva as tradições gauchas na Carris


Amanhã (dia 09 de agosto), abriremos, às 18 hs, nossa terceira Roda de Memória no Parque Harmonia, junto ao Piquete Herança Pampeana. Na ocasião, três depoentes que estiveram envolvidos na fundação do piquete compartilharão conosco suas lembranças e experiências no início da história desse movimento que já tem mais de duas décadas de história na Carris. Após isso, tal como já ocorreu nas rodas anteriores, o microfone será aberto para que àqueles que desejarem dividir suas memórias e reviver os momentos que marcaram suas vidas.
O CTG Herança Pampeana surgiu inicialmente como Piquete na década de 1990 com o intuito de reunir colaboradores e familiares em torno dos ideais farroupilhas de tradição e amor pelo Rio Grande do Sul. Inicialmente o evento ocorria na empresa, no antigo Galpão, onde os funcionários passavam a semana acampados. No entanto, há mais de uma década ele ocorre no Parque Harmonia com a participação entusiasmada de funcionários e suas famílias, além de escolas que anualmente visitam o local.
Esse ano, com o objetivo de valorizar a história e memória do movimento dentro da empresa, elaboramos uma exposição no próprio Piquete. Almoços, jantares, escolha de prendas e eleição da patronagem são, entre outros, membros permanentes nas memórias dos que constituíram a história do Herança. Participe de nossa roda, venha tomar um chimarrão conosco e compartilhar suas lembranças.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bondes da Juventude


 

"Muitas vezes acordei de madrugada
com o estrondo daquelas máquinas
rugidoras que cortavam a noite porto-alegrense.
Eram dragões noturnos, aparentemente 
suspensos na neblina, com sua
luminosidade fantasmagórica, seus noctívagos
dormitando nos bancos de madeira.
Abria a janela para me cegar
com seu brilho que agora renasce,
emergindo das cinzas do esquecimento
a que tudo está condenado,
ponto faiscante na memória."

Sergius Gonzaga