quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Continuando sobre Machado...


<><> Abaixo cronologia da vida de nosso maior literato e dos bondes na Cidade Maravilhosa.

1839: nascimento de Machado de Assis
1859: primeiros bondes do Brasil na cidade de RJ
1855: publica seu primeiro trabalho literário, poema Ela
1856: começa a trabalhar como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional e escreve em seu tempo livre
1858: volta a trabalhar na Livraria Paula Britto como revisor e colaborador da Marmota
1859: torna-se revisor e colaborador do jornal Correio Mercantil
1860: a convite de Quintino Bocaiúva passa a fazer parte da redação do Diário do Rio de Janeiro
1861: tem seu primeiro livro impresso
1862: substituição da tração animal pelo vapor no RJ
1864: publica seu primeiro livro de poesias, Crisálidas
1867: nomeado ajudante de direção no Diário Oficial
1869: casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Viveram juntos, sem filhos, por 35 anos
1870: The Rio de Janeiro Street Railway Companhy é autorizada a funcionar
1872: publica Ressurreição, primeiro romance do escritor
1874: em forma de folhetim publica A mão e a luva, no jornal de Quintino
1878: Forma-se a Cia Carris Urbanus
1880: sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Dom Pedro II
1881: pública Memórias Póstumas de Brás Cubas.
1892: Inaugura-se a primeira linha de bondes movida a energia termoelétrica
1896: bondes começam a usar energia elétrica
1897: eleito presidente da Academia Brasileira de Letras
1908: morre Carolina Augusta Xavier, esposa de Machado
1908: morre o escritor em sua casa
1968: termina serviço de bondes na capital fluminense. No entanto, mantém-se a linha de Santa Tereza, que permanece até hoje.
<><> Eu, pessoalmente, prefiro a foto da outra postagem, mas acima há uma fotinho de nosso literato.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Machado de Assis e a conduta nos elétricos


<><>Este ano é de festas não só para a Companhia Carris (135 anos da primeira viagem de bonde, 100 anos dos bondes elétricos e 35 anos da sede na Albion), mas também para a literatura brasileira. É que em 2008 comemora-se o centenário de morte de um dos escritores mais conhecidos, Machado de Assis.
<><> Famoso por seus contos inusitados e por ser um analista do ser humano, ele também fez do bonde objeto de suas reflexões, ou melhor, de suas anedotas. Nascido no Rio de Janeiro em 1839, ele conviveu cotidianamente com os veículos, tanto os de tração animal como os elétricos. Assim como ele, dezenas de poetas e escritores fizeram do bonde objeto de sua reflexão. Através de estribos e janelas os passageiros podiam perceber as mudanças nas suas cidades.
<><>Como alguém que convivia diariamente com os bondes e passageiros fluminenses, Machado resolveu divertir a muitos criando o manual de condutas para bondes. Assim dizia ele no início do código de regras:
Ocorreu-me compor umas certas regras para uso dos que freqüentam os bondes.O desenvolvimento que tem tido entre nós este meio de locomoção, essencialmente democrático, exige que ele não seja deixado ao puro capricho dos passageiros. Não posso dar aqui mais do que alguns extratos do meu trabalho; basta saber que tem nada menos de setenta artigos.
<><>Segundo este, quem estivesse com tosse só poderia tossir três vezes no período de uma hora. Quando isso não for possível, os doentes deveriam ir a pé ou ficar em casa. Quanto à posição das pernas, podiam ficar abertas, com a condição que fossem pagas duas passagens.
<><>Num momento em que os jornais ainda tinham as folhas tradicionais (grandes, como as da Folha de São Paulo), Machado colocou regras para a leitura de jornais. Nada de roçar o jornal nas pernas do vizinho! Quanto aos que gostam de contar sua vida íntima para quem acabaram de conhecer, primeiro é necessário perguntar se o ouvinte está disposto a escutar. Se esse aceitar, deve escolher entre ouvir e levar uma surra de pontapés. O manual continua com elementos mais que inusitados: quem estiver sem tomar banho não deve pegar o bonde. A esses resta vê-lo passar pela calçada ou pela janela de sua casa. O conjunto de regras termina com uma recomendação: se ao seu lado um conhecido demorar para achar o dinheiro, livre-o do constrangimento e pague a passagem por ele, pois se quisesse pagá-la teria tirado-o mais depressa.
<><> Machado, considerado o melhor escritor brasileiro, sentiu as emoções do bonde –assim como os incômodos- nas idas e vindas do veículo pela então Capital do Brasil. Ele é mais uma prova das marcas deixadas pelos carris na memória da população brasileira. Será que as regras serviriam para os nossos coletivos?

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Passageiro da Saudade

<><> Como prometido, publico aqui a linda poesia de José Antônio Macedo. Ela consta no Cd Quando o Vesro sai da Alma, interpretado por Wilson Paim. Agradeço ao Marcos Macedo, filho do José, que me mandou o poema.

Onde te escondes
velho bonde,
onde?
Meu companheiro
das tardes domingueiras,
a cruzar pelas ruas da cidade,
a subir e a descer
pelas ladeiras...


Onde te escondes
velho bonde,
onde?Pareço ver-te certa tarde
de céu gris,
onde eu esperava
a minha amada
na paradada praça da Matriz.


Onde te escondes
velho bonde,
onde?
Sob um salgueiro
lá na Redenção?
Meu coração
cansado motorneiro,
mal vence os trilhos
da recordação!


Onde te escondes
velho bonde,
onde?
A dormir no silêciode um abrigo?...
Acorda, velho bonde, acorda!
Acorda deste sono antigo...


Onde te escondes
velho bonde,
onde?
Ah, se não fossem sonhos
estes sonhos meus,
eu deixaria minha cidadezinha
para encontrar-te à tardinha
no fim da linha do MENINO DEUS

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Visitantes do blog


<><>Tenho recebido muitos e-mails de pessoas que agora estão conhecendo o blog. São estudantes, historiadores e saudosistas dos veículos que tanto marcaram Porto Alegre. Semana passada chegou a mensagem de Caroline Soares, estagiário do museu Caetano Ferolla de São Paulo. Segundo ela, eles estão organizando uma exposição sobre acidentes com transportes coletivos. Faremos o possível para ajuda-los na empreitada.
<><>Vieram na Carris, há alguns dias, uma professora e sua equipe do curso de Museologia da UFRGS. O objetivo delas é criar um museu itinerante, semelhante ao nosso. Elas visitaram o Memória e conversamos sobre o trabalho desenvolvido.Ótima iniciativa, creio que trocaremos ainda muitas figurinhas.
<><>Ontem chegou uma mensagem interessante. Marcos Leal Macedo é filho de um saudosista dos elétricos em Porto Alegre. Segundo ele, descobriu a página por acaso, através de uma pesquisa no site da Carris. O pai do Marcos, José Antônio Macedo, é compositor e poeta. Ele lançou, na sexta-feira, um CD, Quando o verso sai da alma, interpretado pelo cantor Wilson Paim. Nele foi lançado o lindo poema Passageiro da Saudade que será publicado aqui, com a devida autorização do autor.
<><>Sábado o evento na Riachuelo foi bem recebido pelos porto-alegrenses. A mini-feira do livro, chamada de Caminho dos Livros, foi bem divulgada e teve boa acolhida do público. O local não podia ser mais bem escolhido, já que tradicionalmente é o lugar de livreiros e sebos. O Memória esteve presente para a alegria dos que tanto gostam da Carris e da sua história.


quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Novidades


<><>Voltamos à rotina. Esta semana já estamos realizando visitas em escolas e sábado vamos a abertura do Caminho dos Livros, eventos promovido pela prefeitura na rua Riachuelo, Centro da Capital.
<><>Estive reorganizando as plantas de bonde do Museu Virtual. Agora, novas fotos estão linkadas, assim como características dos modelos foram coladas com mais detalhes. As informações foram colhidas aqui dentro mesmo, nos arquivos. Acredito que beneficiará os que apreciam fazer as réplicas dos bondinhos. Logo postarei algo sobre a importação dos bondes pela Carris.
<><>Outra novidade são um conjunto de fotos novas que encontrei. São peças de bondes e ônibus que logo estarão na página. É só aguardar.
<><>Acima foto atual do nosso Cais do Porto. A revitalização dele está inserida no projeto Viva o Centro, assim como a linha de bonde turístico.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Novidades e transformações em Porto Alegre


<><>Quando falamos em novidade, geralmente pensamos somente nos benefícios e nas comodidades. Dificilmente nos damos conta que as novas tecnologias também denotam transformações, às vezes grandes, em nosso estilo de vida. Normalmente, quem sente isso são os mais velhos. Por já terem um estilo de vida estabelecido e uma rotina percebem-nas como alterações nem sempre positivas em seu cotidiano. Os mais jovens, no entanto, tendem a aceitar e se adequar às mudanças.
<><>Mudança, aliás, pode ser considerada uma palavra contemporânea. Nossa sociedade é ávida por transformações e ligamos novo a bom constantemente. Após a revolução tecnológica das décadas de 80 e 90 as mudanças passaram a ser mais freqüentes. A cada dia os aparelhos são menores e com mais capacidade de armazenamento. Coisa impossível de imaginar há dez ou vinte anos atrás.
<><>Contudo, nem sempre as mudanças foram diariamente introjetadas como hoje. Quando os bondes elétricos chegaram, por exemplo, há cem anos, nem tudo era alegria. É claro que eles eram um avanço importantíssimo para Porto Alegre. Eram ágeis, mais confortáveis e podiam subir mais tranqüilamente as ladeiras da Capital. Por outro lado, eles assustavam a população até então acostumada com os bondes à tração animal.
<><>No início dos bondes elétricos as coisas mais triviais suscitavam medo aos porto-alegrenses. De acordo com Aquiles Porto Alegre, era comum o medo de atravessar a rua, pisar nos trilhos e até encostar no bonde. Temia-se a velocidade do veículo e até ficar lá, grudado para sempre nas linhas do elétrico.
<><>No entanto, certos desses medos tinham seus fundamentos. O primeiro bonde elétrico, por exemplo, surgiu na Alemanha em 1879. Ele funcionava com 150 volts de corrente contínua vinda pelos trilhos. O bonde também era alimentado pela energia recebida dos trilhos em 1883, na Inglaterra. Agora imagine quantas pessoas tomaram choque devido a esse sistema! E nos dias de chuva? Os medos tinham sua razão de ser. Essas histórias chegaram no Brasil pelos viajantes ou crônicas da imprensa. Como toda história assustadora deve ter se espalhado de uma maneira que não se percebeu as mudanças que os elétricos sofreram após sua inauguração na Europa.
<><>Foto acima é do bonde Dick Kerr na Marechal Floriano no início da eletrificação da cidade.