sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Visita do Museu Itinerante Memória Carris ao Terminal Aeroporto



 Ontem tivemos um dia muito legal com o nosso ônibus Memória. Realizamos mais uma visita a um dos  terminais da Cia. Carris. Desta vez estivemos no terminal norte das linhas T5 e T11, localizado no aeroporto Salgado Filho. 
  Como sempre que saímos com o nosso ônibus/museu, constatamos novamente o carinho com que a história da Cia. Carris é recebida. Tivemos várias visitas no Memória de pessoas que não trabalhavam no terminal, mas que foram nos procurar para contar suas histórias de infância e juventude nos bondes e ônibus da Carris. 
    Entre nossos colegas o carinho também foi bastante grande. Realizamos uma pesquisa prévia de documentos e fotos relativas as linhas T11 e T5 e expomos este material dentro do Memória. A reação foi muito positiva! Todos os colegas que entravam no ônibus procuravam-se nas fotografias e liam alguns dos documentos, algo muito interessante! O principal objetivo deste projeto é apresentar para os colegas da Carris a história da empresa e demonstrar que eles também participam desta história através dos registros que temos das linhas em que trabalham, das festas e eventos da empresa. 
    Nossa próxima visita aos terminais irá ocorrer em janeiro no terminal Azenha, fim de linha dos ônibus T6. O ônibus sempre fica aberto ao público em geral e para nós é sempre um prazer receber visitantes!


Colega entrando no ônibus

Público visitando o nosso ônibus


Colegas dentro do Memória








sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Dia da Consciência Negra

Hoje, vinte de novembro, é comemorado o dia da Consciência Negra. Mais do que uma data de comemoração este é um momento de reflexão e reconhecimento da importância dos negros  para a formação de nosso país e da sociedade brasileira.  
Aqui na Unidade de Documentação e Memória da Cia. Carris, temos consciência que a real igualdade de oportunidades entre negros e brancos no Brasil ainda é um caminho que precisa ser trilhado. Muitas conquistas foram alcançadas principalmente nas últimas décadas, mas mesmo assim, ainda sentimos os reflexos dos mais de trezentos anos de escravidão e de um processo de abolição deficiente. Ainda vemos a população negra entre os mais pobres do país e entre aqueles que têm menores possibilidades de ascensão social (boa educação, bons empregos, etc...). 
No sentido de participar na superação desta realidade, nosso setor participa de três projetos distintos que têm como proposta provocar reflexões sobre o papel dos negros no Brasil e apresentar aspectos da luta deste povo para ter sua cidadania reconhecida. As exposições EnFoco e ViDHas são compostas por banners que são emprestados para escolas através de agendamento.  Com a EnFoco temos uma amostra fotográfica composta por três eixos temáticos: memórias institucionais, locais de identificação e representação contemporânea do negro em Porto Alegre. Já a exposição ViDHas é composta por 22 banners que demonstram, a partir de uma perspectiva linear, o histórico de lutas e conquistas dos negros pela efetivação dos seus direitos. Estas exposições podem ser agendadas pelo e-mail: memoria@carris.com.br.
Também apoiamos e participamos do projeto Territórios Negros. Trata-se de um percurso realizado por um ônibus da Cia. Carris que passa por locais que ajudam a contar a história dos negros em Porto Alegre. Uma historiadora acompanha o trajeto falando sobre a importância de cada um dos locais de parada e sobre a história deste grupo étnico em nossa cidade. Para agendamentos de escolas para os Territórios Negros é necessário enviar e-mail para: territorio.negros@carris.com.br. 






terça-feira, 17 de novembro de 2015

O quinze de novembro em Porto Alegre

Domingo foi quinze de novembro, dia em que foi proclamada a república no Brasil em 1889. Assim como outras datas de nossa história, para a maior parte dos brasileiros o quinze de novembro é pouco lembrado pelo seu significado histórico. Durante muito tempo, esta falta de interesse pela data foi justificada pelo fato de ter ocorrida pouca participação popular no processo que levou a proclamação da república brasileira (assim como em diversos outros processos políticos importante da nossa história). De acordo com esta visão, os debates, discussões e conflitos que levaram a troca de regime da monarquia para a república foram realizados sem a participação da maior parte da população de nosso país, que apenas acompanhava os andamentos dos fatos sem compreender o que ocorria.
Novos estudos sobre este período histórico, no entanto, têm demonstrado que esta alienação não foi tão grande como se imaginava até então. Tornou-se possível observar o interesse e a participação de parte da população neste processo, principalmente entre os moradores das áreas urbanas.  Em Porto Alegre, por exemplo, tivemos acesso ao seguinte texto que demonstra que o povo de nossa cidade comemorou o quinze de novembro de 1889, não estando, portanto, totalmente alienado dos significados deste novo momento histórico:  

"(...) Naquela noite de 15 de novembro de 1889 o povo se acotovelava em frente ao Palácio de Governo. Gente de todo o tipo - pobres, ricos, negros, marinheiros e comerciantes (...). Por volta das 20 horas o velho herói da Guerra do Paraguai se postou na sacada do prédio e, num discurso inflamado e emocionante, comunica a multidão que a República tinha sido proclamada (...). Aos gritos de "Viva a República", os mais exaltados saíram em grupos, correndo pelas ruas arrancando placas de praças e logradouros que lembravam o antigo regime. Assim, por exemplo, a rua do Império passou a se chamar rua da República e a rua da Imperatriz passou a se chamar Venâncio Aires. Os bares e praças lotaram. Pessoas comemoravam nas ruas (...)"*.

*Trecho retirado do texto: "A noite em que as ruas mudaram de nome da capital gaúcha", página 3, Jornal Volante de novembro de 1999. 

Rua da República em Porto Alegre. Conhecida como Rua do Império até 1889. 


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Visita ao terminal T4 e T3 Sul


   Semana passada demos iniciou a um novo projeto do setor de memória da Cia. Carris Porto-Alegrense. Com a visita ao terminal Sul das linhas T4 e T3, iniciamos o projeto de visitas do Museu Itinerante Memória Carris aos terminais das linhas da Cia. Carris. Com este projeto, pretendemos realizar visitas a todos os terminais de nossa empresa, o objetivo é tornar a história da Carris mais conhecida pelos seus funcionários. Além do acervo característico do nosso Museu Itinerante, também realizamos uma pesquisa prévia de documentos, fotografias e curiosidades referentes ao terminal e as linhas que visitamos.
   Nossa primeira experiência de visita ao terminal  T4 e T3 Sul foi de muito sucesso! Tivemos um total de 50 visitantes em nosso ônibus/museu, foi muito legal constatarmos o interesse de nossos colegas pela  história da empresa. Percebemos que a ideia de levar documentos e fotografias antigas de nossos colegas é bastante acertada, foi curioso ver como o pessoal se procurava nas fotografias, chamando os colegas para também se verem em diferentes momentos do passado. 
  Pretendemos realizar visitas aos terminais uma vez por mês, nossa próxima saída será no dia 19 de novembro.  Para nossos colegas da operação, deixamos o recado que iremos visitar todos os terminais e que, portanto, aguardem que ainda iremos visitar o seu local de trabalho. 


Colegas visitando o Museu Itinerante Memória Carris.

Colegas das linhas T3 e T4 no Terminal Sul.







terça-feira, 6 de outubro de 2015

Projeto ônibus Memória Carris no Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo

   Ontem nosso Museu Itinerante Memória Carris realizou uma visita ao Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo. Esta visita faz parte de um novo projeto que estamos realizando em parceria com o Museu: todas as segunda-feiras à tarde, levamos nosso ônibus/museu para a frente do Museu de Porto Alegre para recebermos visitantes. 
   Sempre estaremos estacionados na frente do Museu de Porto Alegre nas segundas-feiras, no horário entre 14 e 17 horas. Para quem não sabe, o Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo se localiza na rua João Alfredo, número 582, bairro Cidade Baixa. Fica a dica de passeio: o Museu além de muito interessante, está localizado em um local lindo, perfeito para um passeio e um piquenique. 
   Ontem recebemos a visita de vinte alunos da Escola Educar, eram crianças da pré escola, com idade entre quatro e cinco anos, foi muito legal! A gurizada ficou encantada com as miniaturas de bondes e ônibus, e adoraram sentar nos bancos dos passageiros do bonde e do motorneiro. Aproveitamos para convidar outras escolas para nos visitarem, é só comparecer as segundas a tarde na frente do museu de Porto Alegre, não é necessário agendamento. Uma dica de atividade interessante para as escolas é aproveitar a oportunidade para visitar dois espaços culturais: o ônibus memória e o próprio Museu Joaquim José Felizardo, com certeza esta será uma atividade muito interessante! 


Museu itinerante estacionado na rua João Alfredo


Alunos visitando o Museu Itinerante


Crianças nos visitando.



Crianças nos visitando. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Exposição Temporânea no Colégio Farroupilha

    Nossa exposição "Temporânea"  encontra-se até o dia 30 de outubro no Colégio Farroupilha, localizado no bairro Três Figueiras, aqui em Porto Alegre. A exposição "Temporânea" é composta por sete totens de metal que apresentam informações sobre os diferentes processos de transformações do espaço central de nossa cidade. Diferentes temporalidades estão presentes na exposição, além de informações sobre o passado do Centro, temos informações sobre o presente deste espaço e até mesmo plantas e croquis de intervenções planejadas para o futuro da região central. Fazem parte da exposição fotografias, desenhos, textos de jornal, letras de música e depoimentos dos mais variados. 
     Recebemos com alegria a informação de que esta exposição está sendo utilizada pelos alunos do Colégio Farroupilha como material no desenvolvimento de atividades pedagógicas. Alguns alunos da escola têm realizado pesquisas nos textos e imagens da Temporânea, o que nos deixou muito felizes. 
   Em nossa visita ao Colégio Farroupilha, conhecemos o memorial desta escola de quase 130 anos. Fundado em 1886 pela Associação Beneficente Alemã, uma entidade criada para auxiliar imigrantes alemãs e seus descendentes, o Colégio originalmente localizava-se onde é hoje o Hotel São Raphael. No memorial vimos uma maquete do antigo prédio do Colégio Farroupilha com uma réplica da antiga rua São Rafael (atual Alberto Bins). Ficamos muito felizes por vermos na maquete a representação de um bondinho da Carris fazendo linha pela rua São Rafael. 









quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A história das linhas circulares da Cia. Carris.

   Como os amigos que nos acompanham já sabem, os últimos bondes da Cia. Carris circularam por Porto Alegre em 1970. Quatro anos antes, em 1966, a tradicional linha Duque (que circulava pelo Centro desde a década de 1910) substitui seus bondes por ônibus. Foi o fim de uma era repleta de histórias do chacoalhar do bonde gaiola subindo ou descendo a rua Duque de Caxias. 
  No lugar do velho bonde gaiola, modernos veículos automotivos passaram a fazer o antigo itinerário do     Bonde Duque. A nova linha de ônibus recebeu o nome de "Circular Duque", era o início das linhas circulares em Porto Alegre. Com pequenas variações, este itinerário de ônibus continua existindo, sendo executado pela Linha C1. 
   De certa forma, as linhas circulares da Cia. Carris mantiveram um pouco da atmosfera entre tripulação e passageiros dos antigos bondes da empresa. Provavelmente por serem percursos mais curtos e por atenderem principalmente moradores de uma mesma vizinhança, nas linhas C1, C2,  e C3  encontramos uma grande camaradagem entre cobradores, motoristas e passageiros. Prova disso são os cartões e presentes que a tripulação recebe em épocas festivas como Natal e Páscoa. 
  A mais "nova" das linhas circulares, a C4, se diferencia em sua proposta. Criada em 2012, a C4 foi criada como uma alternativa de transporte para os frequentadores das regiões boêmias da cidade. A linha só circula a noite, terminando o seu percurso já durante a madrugada. O projeto de sua criação está integrado às várias iniciativas que surgiram relacionadas  a "Balada Segura".



quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Museu Itinerante Memória Carris na 13ª Edição da Expoclassic

  Neste último fim de semana participamos da 13ª Edição da Expoclassic, que ocorreu na FENAC em Novo Hamburgo. A Expoclassic é uma feira conhecida nacionalmente por ser um dos maiores eventos de carros antigos em área coberta no Brasil e no Mercosul. O lema deste ano foi: "uma viagem ao passado". Dentro da feira ocorreu a 5ª Classic Bus, uma exposição de ônibus antigos. Nosso Museu Itinerante (um ônibus Mercedes Benz, modelo monobloco de 1984), foi convidado para participar desta exposição.
   Já escrevemos aqui sobre a história do nosso ônibus/ museu. Temos a informação que vieram para Porto Alegre apenas dez modelos de monobloco com "capela" (letreiro alto, na parte de cima do ônibus), estes veículos foram numerados de 151 a 160. Um destes veículos, após deixar de "fazer linha" em Porto Alegre, passou por reformas e  recebeu parte do acervo histórico da Cia. Carris Porto Alegrense, desde então circula por parques, feiras e escolas contando a história da mais antiga empresa de transporte público em funcionamento no Brasil.
   Modéstia a parte, nosso Museu Itinerante fez muito sucesso na Expoclassic, recebemos 489 vistantes e, como sempre, escutamos muitas histórias interessantes e demonstrações de carinho e respeito pela história da Cia. Carris. Anexamos a baixo algumas imagens do Memória durante o fim de semana.



Casal visitando nosso Museu Itinerante.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A agonia dos bondes

   Os bondes elétricos povoam as lembranças dos porto-alegrenses. Muitas vezes somos perguntados sobre os motivos que levaram ao fim dos bondes em nossa cidade. No livro "Memória Carris: crônica de uma história partilhada com Porto Alegre", de 1999, encontramos algumas informações que ajudam entender esta decisão. 
   Com este livro ficamos sabendo, por exemplo, que em 1956 a Carris passava por grandes problemas financeiros. Com a quebra do monopólio do serviço de ônibus em 1940 (quando ocorreu a entrada de novas empresas que se dedicavam à exploração do transporte coletivo), a falta de interesse de americanos e ingleses na fabricação de veículos com tração elétrica, a injeção de capital estrangeiro para a montagem de fábricas de automóveis, caminhões e ônibus e o congelamento das passagens (entre 1947 e 1956), fazem a Carris mergulhar em profunda crise. Neste momento, os bondes passam a ser enxergados como veículos lentos, velhos e barulhentos. Além disso, os trilhos usados pelos bondes impediam que as ruas fossem pavimentadas com cimento ou asfalto, e os paralelepípedos causavam danos às suspensões e molas dos automóveis, já bastante populares nesta época. 
  Sabemos que a concorrência com as empresas de ônibus particulares e os constantes problemas no fornecimento de energia elétrica (o que causava interrupção nas viagens de bondes) fez com que paulatinamente a população fosse optando pelo transporte rodoviário. Em setembro de 1966, a Carris amplia seu serviço de ônibus e decide abandonar definitivamente o serviço de bondes. Foram comprados trinta veículos modernos com motor a óleo diesel e, nesse mesmo ano, os Gaiolas da linha Duque são substituídos. 
   Ainda em 1969, mais noventa carros a diesel são adquiridos pela Carris, e os elétricos das linhas Assis Brasil, Petrópolis, Gasômetro - Escola e os trolleibus do Menino Deus são substituídos pelos novos ônibus. Era o golpe final no serviço de tração elétrica... Em oito de março de 1970 o bonde circula pela última vez em vez em Porto Alegre. A população celebra o dia com um misto de tristeza pelo fim de um ciclo e euforia pelo  início de um novo tempo.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

O primeiro automóvel de Porto Alegre

Consultando nosso acervo de jornais "Volante" (jornal interno, produzido para os funcionários da Cia. Carris), encontramos muitas histórias interessantes. No jornal de abril de 1997, por exemplo, encontramos a curiosa história do primeiro carro a circular por Porto Alegre. O ano foi de 1906 e a chegada do automóvel na cidade tornou-se uma verdadeira aventura. A seguir iremos transcrever a matéria em que esta história é contada: 

"-Porto Alegre já tem um automóvel-" 

"Com este título o Correio do Povo publicava, em abril de 1906, a chegada do primeiro auto nesta capital. O industrial e proprietário do Cine Apolo, Januário Grecco havia adquirido, através da Argentina, um automóvel da marca de Dion Bouton, de construção francesa por cinco contos. O automóvel era de 8-10 hp, com iluminação a querosene e movido à álcool. 
Os problemas começaram quando o mesmo foi desembarcado e levado para a alfândega onde ficou parado, pois em Porto Alegre não havia ninguém que soubesse ligá-lo e muito menos pilotá-lo. A solução foi encontrada na Casa de Correção onde estava preso o italiano Marini Constanti e que conhecia o funcionamento de automóveis. 
Como o preso não podia sair da Casa de Correção, a solução foi empurrar o carro até lá, onde Constanti deu explicações e instruções para seu proprietário. Em 25/02/1907 o automóvel foi usado pelo então Presidente da Província Borges de Medeiros para inaugurar o Caminho Novo, hoje Voluntários da Pátria. 
O carro foi isento de impostos, pelo prefeito José Montaury, por ser o primeiro da cidade. Nos dias seguintes o carro foi utilizado pelo Presidente e o Prefeito em excursões para Viamão e depois Gravataí, para fins políticos". 


terça-feira, 30 de junho de 2015

110 anos do nascimento de Antonio Caringi Filho

Neste ano estamos comemorando os 110 anos de nascimento do artista Antonio Caringi Filho. Natural de Pelotas, este foi um dos maiores escultores do Rio Grande do Sul. É possível que muitos de nossos amigos não conheçam o seu nome, a sua obra entretanto, é conhecida por todos os moradores de nossa cidade. Antonio Caringi Filho foi o artista responsável pela escultura de Bento Gonçalves (que encontra-se na avenida João Pessoa) e pelo Laçador, escultura que é um dos símbolos do Rio Grande do Sul. Nosso amigo Carlos Roberto Saraiva Costa Leite, que já colaborou conosco em outras ocasiões, escreveu um belo texto falando sobre a vida e as obras produzidas por este artista. Postamos o texto a baixo para que nossos leitores possam conhecer mais sobre este importante artista plástico. 


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Como era Porto Alegre antes da Carris

Com o objetivo de entendermos como era a nossa cidade antes do surgimento da Cia. Carris, usaremos como fonte um  capítulo do livro "Memória Carris: crônicas de uma história partilhada com Porto Alegre", de 1992. Trata-se do primeiro capítulo do livro, em que são feitas observações sobre a cidade após a Guerra dos Farrapos, quando acelera-se o processo de sua urbanização.
O texto inicia falando sobre os cinco anos antes do começo da guerra (período entre 1830 e 1835). Neste momento houve um aumento do comércio da cidade, o que é associado à chegada de imigrantes vindos da Alemanha, oriundos de uma tradição mais urbana. Também é citada a construção do muro que delimitava os limites físicos da cidade de Porto Alegre. Este muro foi construído com o objetivo de proteger a cidade durante a guerra que já se ensaiava.  
Afirma-se que os constantes bombardeios dos Farroupilhas durante a guerra fizeram com que muitos moradores da cidade se estabelecessem em chácaras distantes. Estas teriam sido os embriões dos arraiais (futuros bairros), e que se situavam, normalmente, em torno de capelas ou postos de gado. Sobre o aspecto e a vida na cidade neste período é dito: 

"(...) Porto Alegre era a quarta cidade em população no Brasil. Com 14 mil moradores na área urbana, não possuía encanamento, e os esgotos corriam pelas sarjetas. A iluminação era feita com óleo de tainha, trazido em lombo de mulas da Real Feitoria de Tramandey, atual município de Tramandaí. (...) Possivelmente um quarto da população era escrava. Todos os dias, ás 22 horas, o sino da Câmara Municipal era tocado, anunciando o toque de recolher. Os portões da cidade eram fechados, sendo permitido apenas o trânsito de pessoas com autorização das forças policiais, e de escravos que, vigiados pelos militares, limpavam as ruas (...)". 

Como se pode perceber, um lugar bastante diferente da cidade em que vivemos no início do século XXI.




sexta-feira, 5 de junho de 2015

Nostalgia pelas antigas linhas de bonde de Lisboa...

Como a maioria dos nossos leitores sabem, Lisboa mantém seus "amarelinhos" até hoje circulando pela cidade. Os bondes da Carris de Lisboa são símbolos da cidade, sendo que suas imagens circulam o mundo inteiro como referência ao modo de vida em Lisboa. 
Apesar da presença dos bondes na cidade, também há muita nostalgia entre os amantes lisboetas deste tipo de transporte... Não é a toa que saudades é uma palavra portuguesa! Temos em nosso acervo o livro: "Lisboa, 125 anos sobre carris", escrito por João de Azevedo e publicado no ano de 1998. Nesta publicação, vários capítulos são dedicados ao que já foi no passado mas não é mais no presente, a linguagem do autor é quase sempre poética. Um dos capítulos é dedicado as linhas de bonde que deixaram de existir na cidade. Iremos transcrever um trecho deste capítulo para demonstrar que não são só os porto-alegrenses  que sentem falta de outros tempos, nossos "irmãos" portugueses dividem também esta nostalgia:

"(...) Que é feito daquela Lisboa iluminada por um sol radioso de Verão? Onde está aquela Baixa livre de lixo e de indesejáveis estacionados nos quatro cantos do Rossio? Que saudades da Avenida da Liberdade nas tardes agradáveis de Primavera, com algumas centenas de automóveis, uma dúzia de autocarros e uma fila de elétricos circulando alegremente pelas faixas laterais, com os tróleis "beijando" suavemente a rede aérea, como que contando algum segredo ouvido lá para as bandas do Lumiar, Benfica ou Estrela. Que saudades da paragem do Parque Mayer onde tantas vezes se terão apeado a Beatriz Costa, o Estevão Amarante e a Mirita Casimiro, apressados para entrarem em cena nos vários teatros. Que triste ficou Sete-Rios sem o chiar dos "amarelos" da linha 1 que nas tardes de domingo levavam famílias inteiras ao Jardim Zoológico ou ao Parque Silva Porto. Quantas e quantas pessoas não terão descido do 2 no Campo Grande, então Campo 28 de Maio, para passarem uma tarde agradável nos jardins ou uma noite de fados no "Quebra Bilhas"? Para ir à tourada no Campo Pequeno apanhava-se o 3A nos Restauradores e o moderno e elegante Areeiro também via passar os elétricos da linha 8! Bem, para a Feira da Luz apanhávamos o 13, pois claro! Desta época áurea restam os carris semi-enterrados no alcatrão das ruas e avenidas por onde passam agora largas dezenas de autocarros incômodos e poluidores. Restam-nos também as páginas deste capítulo que recorda os trajetos das linhas que disseram adeus a Lisboa! (...)". 





sexta-feira, 22 de maio de 2015

A história do bonde 123...


Em 31 de dezembro de 1928, a Companhia Carris Porto Alegrense comprou 20 veículos com eixo duplo da J. G. Brill, fabricante que se localizava na Filadélfia, Estados Unidos. Os novos veículos adquiridos foram numerados de 106 a 125 em Porto Alegre. Começava a história da circulação do modelo Brill entre os bondes porto-alegrenses. 
Entre estes estava o bonde 123, personagem principal da nossa história de hoje. Sabemos que no interior das oficinas da Cia. Carris os bondes eram praticamente reconstruídos ao longo do tempo. Geralmente quando estes veículos chegavam em Porto Alegre, eles já tinham circulado por um período em outras cidades. Assim sendo, muitos já chegavam na cidade com um certo desgaste. Juntando o período em que serviam ao transporte público de nossa capital, é de se imaginar que a realização de reparos tornava-se fundamental. Temos informações que muitos destes veículos acabavam perdendo algumas de suas características originais em função da quantidade grande de reformas por que passavam nas garagens da Carris. 
O bonde 123 circulou nas ruas de Porto Alegre até o ano de 1970, quando os bondes "saíram de cena" em nossa cidade. Portanto, este bonde teve quarenta anos "de serviços prestados" ao transporte público da capital. A partir de 1970, após o fim da circulação dos bondes, iniciou-se o processo de distribuição e leilão destes veículos, muitos foram entregues para escolas públicas, outros foram leiloados e distribuídos pelos mais diferentes lugares. 
O 123 continuou no pátio da Carris, acompanhado por outros dois veículos. Infelizmente temos poucas informações sobre estes outros dois bondes. De acordo com o depoimento de uma antiga funcionária do administrativo da Carris, um dos bondes ficava na parte do atual pátio da empresa que na época pertencia ao DETRAN, e o outro, próximo ao pátio do Carrefour. Sabemos, entretanto, que o Brill 123 serviu como escritório da Gerência de Manutenção até a década de 1990, quando foi reformado para ser instalado no Centro da cidade como parte das comemorações dos 120 anos da Cia Carris.
Temos os depoimentos e algumas informações dadas pelos colegas que participaram desta grande reforma. Alguns deles continuam trabalhando ainda hoje na Cia. Carris, como o Sr. Osvaldo, que trabalha no setor de Manutenção Predial como marceneiro. 
O bonde foi levado para o Largo Glênio Peres onde permaneceu por um período. Sabemos que ele foi retirado de lá e trazido novamente para a Cia. Carris em função das depredações que estava sofrendo. Ainda na década de 1990 o 123 foi novamente reformado (desta vez foi contratado um escritório de arquitetura) e passou a funcionar como escritório do Serviço de Atendimento Cliente Carris (SACC), função que exerce até o momento.  



Colegas da Carris realizando reforma no bonde 123.




                    


terça-feira, 14 de abril de 2015

Um bonde na praia!

   Semana passada, vasculhando nosso acervo, encontramos uma fotografia no mínimo curiosa: um bonde da Cia. Carris estacionado na beira do mar. Constatamos que a foto não era uma montagem e ficamos curiosos com a história por trás daquele registro intrigante. Foi lendo o blog "Almanaque Gaúcho" de 31 de maio de 2012 que encontramos uma explicação. Iremos transcrever a carta enviada para o "Almanaque Gaúcho" pelo leitor Regis Zigue, filho do antigo proprietário do bonde, que explica a história por trás da foto do "bonde a beira-mar". 

"Aquele bonde foi comprado da Cia. Carris por meus pais Augusto Lautério Zigue e Zeny do Nascimento Zigue, e colocado nas areias da praia de Tramandaí. A localização era a seguinte: seguindo pela rua da Igreja, ao chegar na praia, cerca de 500 metros à esquerda. O bonde número 2 da Carris foi transformado em um bar e lancheria, onde trabalhei com meus pais e irmãos por alguns anos durante os verões. A foto é realmente do ano de 1970, antes de o bar ficar pronto e entrar em funcionamento no verão de 1970 para 1971. Lembro, porém, que o bonde não ficou muito tempo em atividade, no máximo quatro anos. Era inevitável financeiramente, porque na época Tramandaí não tinha uma população residente como existe hoje, e isso impossibilitou o funcionamento do bar o ano todo. Os adultos tinham empregos fixos em Porto Alegre durante o ano e no verão se tornava difícil a permanência deles na praia, a não ser que estivessem de férias. Às vezes, apesar de bem jovem (14 anos), eu passava a semana inteira atendendo sozinho no bar. Esses problemas de "operacionalização" imagino que também tenham sido preponderantes para que a ideia do bonde fosse abandonada, infelizmente. 
O bonde foi vendido depois e, se não me falho a memória, os compradores tinham a intenção de colocá-lo no pátio de algum colégio. O município onde estaria localizado aquele colégio, infelizmente, não me recordo (...)". 








quarta-feira, 1 de abril de 2015

Agenda cheia do Memória Carris!


Neste último mês realizamos três saídas diferentes com o nosso Museu Itinerante. Como nossos leitores já sabem, no último dia 22 participamos da Abertura da Feira do Peixe, ocorrida na Ilha da Pintada. No último sábado, dia 28 de março, estivemos no Parque Farroupilha, participando das ações em homenagem aos 243 anos de Porto Alegre. Já segunda-feira, dia 30 de março, estacionamos nosso ônibus/museu em frente ao Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo.
A Feira do Peixe de Porto Alegre é uma tradição de 243 anos. Em 2015, a abertura da feira ocorreu na Ilha da Pintada com muita alegria e boa comida. Estivemos lá e fomos muito bem recebidos pela comunidade da Ilha da Pintada e pelo pessoal que estava visitando a região neste dia festivo.

Bela vista da Ilha da Pintada

Nosso ônibus durante o evento. 
 Durante a última semana foi comemorado o aniversário de Porto Alegre. Foram realizadas inúmeras atividades por toda a cidade para marcar a data. Nós, da Unidade de Documentação e Memória Carris, realizamos nossa ação de homenagem no último sábado no Parque Farroupilha. Estivemos com nosso ônibus/museu estacionado próximo ao Monumento ao Expedicionário. Além da monitoria dentro do museu, foram apresentados vídeos em que porto-alegrenses contam suas experiências com a Carris. Também foi montada uma estrutura no lado de fora do ônibus para que novos depoimentos fossem coletados.


Nosso ônibus no Parque Farroupilha

Vídeos sendo passados no interior do ônibus

Finalmente, mas não menos importante, realizamos na última segunda-feira, dia 30 de março, nossa primeira visita ao Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo. Este momento inicial fez parte de um projeto maior que estamos realizando em parceria com o Museu. Estaremos estacionados na frente do Museu de Porto Alegre em todas as últimas segundas-feiras do mês, nosso horário será sempre entre 14 e 17 horas. Nossa próxima visita ocorrerá no dia 27 de abril. Aproveitamos para convidar a comunidade e as escolas do entorno para que nos façam uma visita! 

Nosso ônibus estacionado em frente ao Museu de Porto Alegre


quinta-feira, 26 de março de 2015

Parabéns Porto Alegre!!




" (...) Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco de nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso, 
Cidade do meu andar
(Desde já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...(...)." 



Iniciamos nossa homenagem à Porto Alegre com um trecho de um poema que é uma declaração de amor à cidade. Escolhemos estes versos do poema "O Mapa" de Mário Quintana (entre tantos outros, todos lindos) porque ele faz referência a passagem do tempo e a relação cotidiana que temos com Porto Alegre: cidade do nosso andar (para alguns, ainda curto andar; para outros, já um longo andar). Para a Cia.Carris, Porto Alegre é a cidade de um longo andar! São 143 anos de história compartilhada, nossa empresa cresceu junto com a cidade, realizando o transporte de seus cidadãos. Na data do aniversário de Porto Alegre não poderíamos deixar de homenageá-la!  
Existem diferentes formas de demonstrar amor pelo local em que vivemos.Um amigo do nosso setor, o senhor Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite, utilizou o seu ofício de historiador e escreveu um belo texto resgatando parte da história de nossa cidade. Ao final do seu texto Carlos Roberto conclui: 

"(...) Ao passar dos anos, Porto Alegre seguiu crescendo... Amada pelos gaúchos de todas as querências, ela se tornou cosmopolita sem perder a referência de suas origens açorianas. Parabéns !!  São 243 anos de hospitalidade que se comemora, neste mês de março, na “56ª Semana de Porto Alegre”, também, conhecida pelo epíteto “Cidade Sorriso”. Como dizia o nosso querido poeta Mário Quintana (1906-1994): "cidadezinha cheia de graça... (...)". 

A seguir, transcrevemos na íntegra o texto de nosso amigo:

quinta-feira, 19 de março de 2015

Memória Carris na Feira do Peixe

No próximo domingo, dia 22 de março, nosso museu itinerante estará na Ilha da Pintada nas comemorações da Feira do Peixe. Estaremos com nosso ônibus estacionado na rua Salomão Pires de Abraão, esquina com a Avenida Nossa Senhora da Boa Viagem, entre as dez da amanhã e dezesseis horas da tarde. 
A Feira terá inúmeras atrações! As comemorações irão iniciar no sábado, dia 21 de março, com o desfile da corte da festa de 2014, show com talentos da comunidade e desfile das candidatas a Rainhas da Feira do Peixe 2015. No domingo haverá concurso de pescaria infantil, feira de artesanato, apresentação de teatro, escolha e coroação da Rainha de 2015, além do tradicional peixe na taquara!
Para quem ainda não conhece as ilhas de Porto Alegre, fica aí a dica de um passeio bastante agradável! Além de aproveitar uma bela paisagem, também é possível adiantar um pouco a compra de peixes para a semana santa que está chegando!









quarta-feira, 11 de março de 2015

Tração Elétrica

Em dez de março de 1908, inaugurava-se em Porto Alegre a circulação dos bondes elétricos. A Cia. Força e Luz, criada em 1906 através da união da Cia. Carris Porto-Alegrense e da Carris Urbanus, iniciava a circulação dos primeiros bondes elétricos da cidade há exatos 107 anos. 
Encontramos em nossos acervo a transcrição de uma matéria do jornal Correio do Povo daquela data contendo informações sobre o funcionamento do novo serviço:

"Tração Elétrica - Notas e Informações"

 "Hoje começarão a trafegar os primeiros bondes elétricos nesta capital. As linhas que começaram a serem servidas por essa tração são as do Menino Deus, Partenon, Glória e Teresópolis. (...) Os bondes partirão da praça Senador Florêncio, não havendo alteração nos preços das passagens. Os novos veículos, além dos letreiros indicando os seus destinos, terão um serviço sistemático de luzes, adotando-se, neste particular, o que tem sido observado nos bondes elétricos. 
Também nos toldos dos bondes acham-se colocadas grandes placas encarnadas com uma letra maiúscula indicando o ponto a que se destina o veículo. Assim, por exemplo, o bonde do Menino Deus que tiver a letra V, quer dizer que vai pela Venâncio Aires; e a letra R, pela a rua da República; o Partenon, com a letra E, vai pela Escola de Guerra, e com a letra R, pelo Campo da Redenção; G é Glória, T, de Teresópolis, e desse modo por diante. 
Os bondes param em pontos determinados, nas embocaduras das ruas, o que equivale a dizer que os passageiros só poderão apear-se ou embarcar nas esquinas das ruas, salvo no inverno, ou em ocasiões de chuvas torrenciais, parando então, aquém ou além das referidas embocaduras. Os bondes pararão em todas as esquinas independentemente do chamado, ou aviso (...)". 




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O Carnaval em Porto Alegre

Semana passada festejamos oficialmente o feriado de carnaval. Além da data oficial, as comemorações carnavalescas em nossa cidade iniciaram no começo de fevereiro e devem seguir até pelo menos o próximo fim de semana. Já fazem alguns carnavais que é possível observa em Porto Alegre o renascimento dos blocos de rua, uma tradição antiga presente em vários locais do Brasil. Torna-se interessante observar que aqui em nossa cidade, os blocos escolheram como seu local de concentração e desfile o Bairro Cidade Baixa, região que historicamente serviu como "berço" das festas carnavalescas da capital. 
Sabe-se que as brincadeiras de carnaval em Porto Alegre tiveram origem ainda no século XVIII com o "entrudo", uma brincadeira trazida pelos açorianos em que as pessoas se jogavam bolas de cera recheadas com perfume. A partir do século XIX a elite da cidade retirou-se da rua e passou a frequentar as sociedades carnavalescas. As mais famosas foram as Sociedades Esmeralda e a Sociedades Veneziano, que rivalizavam a atenção dos porto-alegrenses mais abastados. Em quanto isso, o povo divertia-se em blocos, tribos, ranchos e cordões carnavalescos que "desfilavam" principalmente pelas ruas da Ilhota e do Areal da Baronesa, territórios que são hoje englobados em parte pelo Bairro Cidade Baixa e partes no Menino Deus e na Azenha. 
Para quem ainda tem folego ou quer aproveitar as últimas chances de pular carnaval nos blocos de rua de Porto Alegre, passamos uma pequena agenda do próximo fim de semana: 

 -Sábado 28 de fevereiro:
- Bloco da Diversidade; concentração às 16 horas na Av. Loureiro da Silva.

-Blocos Tem Tudo Para Dar Errado e Isopor; concentração às 16 horas na rua Joaquim Nabuco, próximo à rua General Lima e Silva.

-Domingo 1 de março:
-Bloco Foliões da Folia; concentração às 14 horas na Rótula das Cuias, próximo ao Gasômetro.

Para maiores informações, sugerimos uma consulta ao site da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.





Foto de uma antiga foliã porto-alegrense.






Sociedade Esmeralda em 1925.







Imagem do carnaval de rua em Porto Alegre, 2015. 


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes

   A devoção à Nossa Senhora dos Navegantes teve início no século XV, com a navegação dos europeus, especialmente dos portugueses. As pessoas que viajavam pelo mar pediam proteção à Nossa Senhora para retornarem aos seus lares. Maria era vista como protetora das tempestades e demais perigos que o mar oferecia. Num período em que a tecnologia era bastante limitada, as viagens marítimas eram vistas como uma perigosa aventura, o que justificava a fé e devoção dos viajantes. 
    Aqui em Porto Alegre, a igreja de devoção a Nossa Senhora dos Navegantes encontra-se no bairro Navegantes, zona norte da cidade. O Navegantes é um dos bairros mais antigos de Porto Alegre. Sua origem está ligada ao percurso realizado entre às regiões de colonização alemã (São Leopoldo, Novo Hamburgo) e a região central da capital. Em 1875 foi transferida para o bairro a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes que encontrava-se na igreja do Menino Deus. A partir deste período iniciasse a tradição de procissões em homenagem a santa, realizadas aqui em nossa cidade sempre nos dia dois de fevereiro. 
   A festa de Nossa Senhora dos Navegantes é a maior festa religiosa de Porto Alegre e a terceira maior do Brasil. No dia dois de fevereiro, além de se homenagear Nossa Senhora dos Navegantes também são feitas homenagens a Iemanjá, sua correspondente nas religiões afro-brasileiras. Neste ano a festa foi ainda mais especial, já que se estava comemorando os 140 anos de procissão. 
  Nós da Unidade de Documentação e Memória Carris estivemos presentes na festa através de nosso Museu Itinerante. Aliás, a relação entre a Cia Carris e o bairro Navegantes vêm de muito tempo. Como comentamos anteriormente,  desde de 1875 a Procissão acontece para o então arrabalde Navegantes. Anterior ao início desta tradição, em 1873, a Cia. Carris passou a fornecer transporte para esta região. No início eram os bondes à tração animal, depois vieram os bondes elétricos. O bonde Navegantes, com certeza, foi bastante utilizado no passado como meio de transporte para alguns devotos da santa que vinham até o bairro participar da festa de dois de fevereiro. Postamos a seguir algumas fotos de nossa participação no evento: 











sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

15 de Janeiro: Dia do Cobrador.

Ontem foi um dia muito especial no setor de Operação da Cia. Carris. Para quem não sabe, o dia 15 de janeiro é  dia do cobrador, este importante profissional que faz parte do dia-dia da maioria das pessoas. Aqui na Carris este dia é sempre lembrado e neste ano não foi diferente. Realizamos uma humilde homenagem a estes colegas que são fundamentais para a nossa empresa. Sobre esta homenagem contaremos mais detalhes em nosso facebook, mas adiantamos que estava muito legal! 
Procurando um material interessante para  homenagear os cobradores aqui no blog, encontramos um texto que foi postado no jornal "Volante" (jornal interno da Cia. Carris) em janeiro de 2007. A história foi escrita por Ari Wasyluk, e conta sobre a realização de um parto dentro do coletivo. Iremos transcrever a seguir o texto de Ari: 

"Estava aproximadamente há um ano na Cia. Carris, há poucos dias tinha terminado meu curso de primeiros socorros, mas não sabia que iria praticá-lo tão cedo e de um modo tão inusitado. Fazia meu itinerário na linha T6, sem maiores problemas, quando subiu na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia uma gestante:
-Moço, passa no Hospital de Clínicas? 
- Sim.
 Ela sentou-se no último banco traseiro do ônibus e começou a gemer e não conseguia ficar sentada comodamente. Depois de uns minutos, começou a chorar:
-Você está bem?- perguntei?
-Estou em trabalho de parto desde a madrugada, agora as contrações estão de três em três minutos.
-Adair, pare o ônibus. Precisamos fazer uma baldeação e levar esta senhora para o Hospital de Clínicas, ela vai ter o filho.
Providenciamos a baldeação e seguimos com o ônibus expresso, quando estávamos perto da rua Lucas de Oliveira:
-Moço, não aguento mais. Meu filho está nascendo e não posso mais esperar a chegada no hospital.
Coloquei os bancos traseiros do ônibus no chão, que eram daqueles inteiros, compridos. A senhora deitou-se e de repente me vi fazendo um parto. A criança saiu em minhas mãos, era uma linda menina, não pude fazer os procedimentos como seria necessário, corte do cordão umbilical, etc, pois não dispunha de material para isso. Tirei a camisa do meu uniforme e enrolei a pequenina, colocando-a sobre a mãe. Fiquei emocionado ao ouvir o choro da menina e os agradecimentos da mãe que não parava de me abençoar por ter ajudado a filha dela a vir ao mundo. 
Chegamos ao hospital e já havia uma equipe médica à espera pois tínhamos comunicado por telefone. Esperamos por notícias de como passavam mãe e filha e, sabedores de que tudo estava bem para com as mesmas, nos dirigimos à garagem.
Na ocasião saiu uma nota no jornal Correio do Povo, dizendo: 'cobrador da Cia. Carris realiza parto no ônibus'. A empresa me deu um diploma de Honra ao Mérito pela minha atitude. Isso aconteceu há 15 anos, de vez em quando vejo a mãe e a menina, que hoje já está uma moça, e elas dizem que guardam a minha camisa como recordação". 



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Mais uma bela história de vida....

O carinho que muitos porto-alegrenses nutrem pela Carris é algo que merece destaque. Realizando nosso trabalho de buscar informações, depoimentos, objetos, entre outras coisas que nos ajudem a compreender esta história de 142 anos, encontramos pessoas com lindas histórias relacionadas com a empresa. Quando trabalhamos com as lembranças de antigos funcionários estas descobertas ficam ainda mais intensas! Recebemos em nosso acervo uma documentação que pertenceu ao senhor Pedro Carneiro Rodrigues, que trabalhou na Cia. Carris entre os anos de 1938 e 1971. O Sr. Pedro foi membro do Sindicato dos Trabalhadores da Cia. Carris, um dos fundadores do jornal "O Tranviário" (que era escrito pelo sindicato e distribuído para os sócios do mesmo) e também membro da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo, criada pelo sindicato para uso dos funcionários da Carris.  O engajamento do Sr. Pedro no sindicato e em ações que buscavam proteger o trabalhador fica mais clara quando observamos parte de sua história de vida. Iremos transcrever trechos de um texto que nos foi entregue junto com outros documentos do sindicato e que contam parte desta história: 

"(...) No dia 11 de novembro de 1918 terminou a Primeira Guerra Mundial. No mesmo dia nascia na casa de um casal modesto, que vivia em companhia do filho Mário de quatro anos, um menino que foi batizado as pressas por terem medo de que morresse pagão. Foi dado ao menino o nome de Pedro. Naquela época, devido a guerra, se espalhava uma doença mortal: a gripe espanhola. O casal de pais era formado pelo Sr. João e a Sra. Francisca (Chica). Ele era um trabalhador da Cia. Carris e ela era doméstica, eles tiveram mais dois filhos: Paulo que nasceu em 1920 e Iracema que nasceu em 1922. 
A família vivia feliz, mas no ano de de 1922 Seu João morreu em um acidente de trabalho. Como não havia Previdência Social naquela época, a família ficou desamparada. A mãe foi morar junto com a avó e as duas começaram a lavar roupa para fora. Mário, com oito anos, foi trabalhar como cobrador de ônibus. Pedro, com sete anos, em 1925, foi trabalhar de ajudante de padeiro. Ele entregava pão em troca de um quilo de pão por dia para alimentar a família e uns trocados no fim de semana. Pedro dormia na padaria em cima de sacos de fermento vazios, na quadra dos fornos (...)". 

Após vários empregos diferentes, o Sr. Pedro chegou na  Carris aos 19 anos de idade:

"(...) No dia 3 de março de 1938 [Sr. Pedro] começou a trabalhar na Cia. Carris. Em 1939 entrou de sócio no Sindicato dos Trabalhadores da Cia. Carris. Em 1961 o presidente do sindicato propôs aos sócios em assembléia a criação de um jornal. A proposta foi aceita  e foi criado o jornal "O Tranviário" do qual Pedro fez parte. Em outra assembléia, no mesmo ano, foi criada uma Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo. Pedro também aceitou fazer parte da mesma (...) em outra assembléia em 1962, o presidente propôs a criação de uma Colônia de Férias. Como os trabalhadores da Cia. Carris eram criativos, foi criada a Colônia de Féria 1º de Maio (...). 
Pedro em sua passagem pelo Sindicato teve várias homenagens: da diretoria recebeu 'Menção Honrosa' por serviços prestados à categoria e 'Honra ao Mérito' por serviços prestados à diretoria durante o movimento "Pró Legalidade". 

Consideramos a história do Sr. Pedro mais um exemplo da riqueza de informações que temos guardadas em nosso setor. Através de relatos como esse, podemos acessar vários aspectos do passado que nos ajudam a ter uma visão mais complexa sobre a vida dos trabalhadores, a organização da empresa, etc... Ficamos muito felizes por termos estes verdadeiros "tesouros" em nossas mãos.