quinta-feira, 29 de maio de 2008

11 º Fórum Estadual dos Museus


<><>Encerra-se hoje o 11º Fórum Estadual dos Museus. O evento ocorre no Tribunal de Contas do Estado, no Auditório Romildo Bolzan. Com o objetivo de congregar profissionais de diferentes instituições, o fórum é o local ideal para divulgar projetos e discutir idéias, inovações e estratégias de ação.
<><>Ontem (28/05), pela manhã, apresentei nosso trabalho, com o título: “Projeto Memória Carris: valorização do patrimônio em Porto Alegre”. A troca foi muito enriquecedora, já que tive a oportunidade de compartilhar experiências com outros profissionais de diferentes lugares do Rio Grande do Sul. Fiz contato com outros museus e pude assistir, também, o trabalho que outras instituições têm desenvolvido.
<><>À tarde participei do mini-curso “Museu como Espaço Educador” ministrado pela professora Margarita Kramer, do Instituto de Artes da UFRGS. Discutimos estratégias de ação frente às demandas escolares e conceitos norteadores da prática museológica. Margarita fez parte da organização do evento ocorrido na Usina do Gasômetro em comemoração aos 50 da RBS. Sendo assim, tem experiência com grandes públicos, trazendo relatos das programações que participou.
<><>Hoje (29/05), é o último dia do fórum. Estão previstas mais algumas programações e a assembléia do Sistema de Museus. Acredito que todos que participaram puderam crescer em conhecimento, já que ouvimos sobre novas propostas e projetos. O que deu certo num determinado lugar pode dar em nosso espaço também. É preciso tentar, articular idéias e ações. Nem sempre tudo ocorre como esperamos, mas talvez nisso esteja toda a beleza do nosso trabalho e o desenvolvimento da capacidade de lidar com o inesperado.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Mês dos Muses (parte IV)


<><>Até agora, nas postagens anteriores, procurei refletir sobre os museus contemporaneamente. Neste texto pretendo fazer algumas considerações baseadas em minha experiência pessoal como monitora do Museu Itinerante Memória Carris.
<><>Embora, como coloquei na outra postagem, possa existir uma distância entre o museu e a vida das pessoas, muitos não freqüentam esses locais por não terem acesso. Os motivos para isso podem ser diversos. Em Porto Alegre, por exemplo, a maior parte dos museus localiza-se no Centro. Para quem mora longe desses locais há o problema da distância e do deslocamento. Embora sejam, na maioria das vezes, com entrada franca, para aqueles que residem longe dos grandes centros torna-se inviável ir aos museus, muitas vezes, pelo custo e pelo tempo.
<><>O que percebo nas visitas do Memória é que muitos não vão aos museus também por não saberem da existência deles. Quando vamos a escolas, além das crianças e adolescentes da instituição, as pessoas que passam pela rua pedem para conhecer o veículo internamente. Dependendo do bairro que visitamos, o número daqueles que querem fazer isso aumenta consideravelmente. Além disso, em eventos muitas vezes são formadas filas para a visitação. Um exemplo disso foi o evento da Redenção, quando passaram pelo museu mais de 700 pessoas.
<><>Ou seja, quando as pessoas têm um museu perto da casa delas, sem custo, a visita torna-se atrativa mesmo para aqueles que não freqüentariam esses locais normalmente. Além disso, há a questão da novidade, que está num local onde se tem familiaridade. Tudo isso acaba gerando uma aproximação entre a história e o indivíduo. Em algumas escolas que visito é a primeira vez que os alunos vão a um museu. Minha tarefa é, portanto, tornar o evento atrativo para aguçar a curiosidade e o evento torne-se um hábito. Essa experiência pode virar referência na vida dos pequenos e vai determinar (em parte) a visão que terão sobre as próximas idas aos museus.
<><> A foto acima é do aniversário do Brique da Redenção em 30 de março.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Mês dos Muses (parte III)

<><>Domingo (18/04) foi o Dia Internacional dos Museus. Como estava no “clima” do dia, resolvi visitar o Museu Egípcio que está no Shopping Total em Porto Alegre. Ele é itinerante e está no Salão Cairo até 12 de junho. São mais de 450 peças do artista plástico egípcio Essam Elbattal, que já expôs em países da América do Norte, Japão e Alemanha. O lugar é fascinante, mesmo para aqueles que não apreciam muito esse tipo de evento. Há um espetáculo de luz e som, quando um foco de luz se estende até as estátuas para que a “voz dos deuses” soe no recinto.
<><>No entanto, com algumas exceções, museus são vistos como um depósito de velharias. Um lugar onde só pesquisadores, intelectuais e estudantes (levados por seus professores) visitam. Envoltos em mistérios, a maioria das pessoas não saberia explicar o simbolizam aqueles quadros e objetos. No Brasil, infelizmente, ele ainda é visto como algo inacessível e sem necessidade na formação da cidadania e da identidade brasileira.
<><>Essas questões têm a ver com o valor dado à memória, ao patrimônio e à documentação histórica. Diante da vida corrida, cheia de inovações tecnológicas, o museu parece ser algo estático em contraposição à dinâmica do nosso dia-a-dia. Talvez a resposta seja que a história ainda permanece distante da maioria, como se fosse um abismo e com ela um dos seus principais veículos, os museus. A chave para a resolução do problema é a ligação com a educação, segundo os estudiosos. Nas palavras do professor José Mauro Loureiro:
<><>O fenômeno museu configura-se espaço institucionalizado de memória, o qual se inter-relaciona com o individuo e a sociedade por meio do processamento e exposição dos bens culturais concretos e simbólicos que originam o patrimônio cultural. Assim considerando, o fenômeno museológico resgataria para o indvíiduo o passado, de modo a prover um campo de significações que permita a ele e à sociedade uma contínua redefinição de sua experiência histórica e sociocultural.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Mês dos Museus (parte II)


<><>No próximo domingo (18/05), é Dia Internacional dos Museus. Apesar da data ser pouco conhecida, creio que é importante pela valorização desse veículo de educação e cultura. Atualmente, eles não são somente “lugares do passado”, como tradicionalmente foram, mas têm uma infinidade de funções. Perto da Carris, por exemplo, há o Museu de Tecnologia da PUC, existem os de zoologia, de física, de língua portuguesa, entre outros.
<><>No entanto, embora o conceito de museu tenha ampliado contemporaneamente, a maioria das pessoas liga diretamente museu à história ou ao passado. Geralmente, nas visitas do Memória, quando pergunto às crianças o que é museu, elas dizem que é onde ficam coisas antigas. Às vezes, há algumas respostas diferentes, mas por estarem dentro de um museu tradicional, elas acabam fluindo dentro dessa lógica. Há umas duas semanas, quando fui na escola Projeto, uma criança falou que podia ser muitas coisas, mas que era, antes de tudo, um lugar educativo e cultural.
<><>As perguntas no início procuram fazer com que os pequenos entendam qual o objetivo de entrarem dentro daquele ônibus diferente. Contudo, fora as definições mais simplistas, é difícil conceituar claramente o que é um museu e para que ele serve. O Sistema Brasileiro de Museus define (... )casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas. Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes. Os museus são conceitos e práticas em metamorfose (...) Segundo o Conselho Internacional de Museus ele (...) é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que promove pesquisas relativas aos testemunhos materiais do homem e seu ambiente, adquiri-os, conserva-os , comunica-os expõe-nos para estudo, educação e prazer.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Esta semana


<><> Infelizmente, nesta semana desmarcamos as visitas agendadas. A esposa do Chefia, motorista do Memória, está no hospital. Estamos torcendo para que tudo dê certo e logo possamos voltar às atividades.

No Caminho das Ferrovias (parte I)




<><>Durante muitos anos no Brasil, as ferrovias foram um dos principais meios de transporte. Quando as estradas ainda não estavam formadas, em sua maior parte, era sobre trilhos que se levava cargas ou passageiros. Muitas cidades cresceram em volta dos trilhos e faziam sua ligação para os grandes centros urbanos. No caso de Porto Alegre, na mesma medida em que as linhas de bonde proporcionavam o crescimento dos bairros, as linhas férreas faziam uma ligação das cidades com a Capital, fornecendo a elas desenvolvimento econômico.
<><>As estações ferroviárias tiveram um papel preponderante não somente no País, como em todo o mundo. Fundaram cidades, centralizaram a vida das povoações, serviram como agência de correios, trouxeram o progresso e foram em geral construídas com arquiteturas diferentes, desde as mais suntuosas até as mais simples. Porém, até os anos 50 eram em geral construções bonitas. Hoje em sua grande maioria abandonadas, somente permanecem ativas aquelas que se transformaram em estações de trens metropolitanos, as que estão no caminho dos poucos trens turísticos e as poucas que são utilizadas como central de recebimento de cargas pelas atuais concessionárias das ferrovias.
<><>A linha Porto Alegre-Caxias foi aberta no trecho entre a Capital e São Leopoldo em 1874, como a primeira ferrovia do Estado. Em 1876, foi prolongada até a estação de Novo Hamburgo. Em 1905, a Cie. Auxiliaire assumiu a linha. Apenas em 1909 a linha teve continuação, partindo de Rio dos Sinos, sete km antes de Novo Hamburgo, e chegando até Carlos Barbosa, e, no ano seguinte, até Caxias (Caxias do Sul). Em 1920, a linha foi assumida pela Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS) e foi desativada nos anos 1980. O trecho até São Leopoldo foi retificado e serve hoje ao sistema Trensurb da Grande Porto Alegre (trens metropolitanos); entre Rio dos Sinos e Montenegro, a linha foi erradicada em 1963, substituída por uma variante; para a frente, existem trilhos ainda em alguns pedaços, mas oficialmente a ferrovia a partir de Montenegro foi extinta em 1994 .
<><>Boa parte dessas informações foram tiradas daqui, página elaborada por Rapph Mennucci Giesbrecht.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Caminhos até o Campus do Vale


<><>Quem diariamente utiliza o ônibus para se deslocar até o Campus do Vale (UFRGS) ou até a PUC não imagina o que era esse caminho há alguns anos. Na coluna de quarta feira passada, no Zero Hora, há uma foto dos alunos em suas manifestações por melhores condições do transporte. Segundo a reportagem, estudantes fizera um boicote à roleta em maio de 1978. Em troca da passagem de ônibus, eles ofereceriam ao cobrador um tíquete notificando que as despesas correriam por conta da Reitoria. O então prefeito, Guilherme Sócias Vilela, autorizou a aceitação do tíquete como medida de evitar maiores transtornos.
<><>O Campus do Vale, distante 20 quilômetros do centro, foi inaugurado na década de 70, em plena ditadura militar. Os primeiros cursos que foram para lá foram os das Ciências Humanas. Esta decisão hoje é vista como uma estratégia de evitar as manifestações políticas que tinham como palco o Centro da Capital e como principais protagonistas os estudantes das humanidades. Podemos imaginar as dificuldades que tinham os servidores, professores e funcionários para se deslocar até o Campus quando não havia muitas linhas para aquele local.
<><>Em 1977, a Carris inaugurou a linha Campus que ligava o Centro ao Campus, posteriormente ela seria alvo de manifestações . A linha Universitária (D43), seria inaugurada em 1996. Atualmente é a mais usada para quem se desloca do centro de Porto Alegre. O Universitária, inaugurada em 5 de agosto de 96, contava então com 41 viagens ao longo do dia. Durante a manhã, saía do Centro em direção ao Vale das 7h às 8h30 e do bairro ao centro das 12h30 às 13h. À tarde, das 17h às 19h30, ele se deslocaria nos dois sentidos e à noite, das 21h30 às 22h, sairia somente do bairro. O tempo de viagem passou a ser de 35 minutos com 16 paradas.
<><>Os funcionários receberam treinamento específico para atuar no D43, segundo o Volante (jornal interno da Carris). Em abril 1999, ela passou a operar durante o dia todo, não só na saída e entrada das universidades, iniciando seu itinerário às 5h55 até às 23h20. Nesse ano, também, o Universitára mudou seu itinerário, deixando de andar pela João Pessoa para se deslocar pela Osvaldo Aranha e Protásio Alves.
<><>Atualmente, quatro linhas da Carris vão até o Campus do Vale (Campus Ipiranga, D43, T8 e T10). A mais usada é a Universitária, tendo saída de quatro em quatro minutos. Acima foto do ônibus da Carris na manifestação, quando ainda usava-se o antigo logo.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Mês dos Museus (parte I)


<><>Maio é o mês dos museus. Comemorado em diversas cidades, são diversos os eventos produzidos em todo Brasil. Atualmente, muitas questões referentes à preservação do patrimônio público têm sido levantadas. Os museus têm papel essencial no que diz respeito a essa conservação, já que atuam diretamente com o público. Talvez o objetivo essencial desses locais sejam produzir no ouvinte uma visão mais ampliada de história e um contato maior com o passado. Isso se contrapõe à visão recorrente do presente como fixo e imutável.
<><>Esse ano, a semana oficial será entre os dias 12 e 18 de maio, com o tema “Museus como agentes de mudança social e desenvolvimento”. É a sexta semana oficial, no Brasil, produzida pelo Departamento de Museus e Centros Culturais (DEMU) do Iphan (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural). Esse tema, inclusive, foi adotado por todos os países da Ibero- Americana, tornando-se o Ano Ibero-americano de Museus. A proposta é ampliar a visão tradicional do museu, não só como elemento de representação da elite social, mas também daqueles que eram excluídos das narrativas tradicionais.

<><>Em minha opinião, o museu rompe o abismo entre o sujeito e a história. Ao trazer vestígios do passado, ele produz na pessoa uma sensação de proximidade com o passado, em que esse passa a fazer parte de sua visão de mundo. O museu contribui para a inserção social do indivíduo, já que amplia a relação com a história e com seu próprio passado ou o de sua comunidade, cidade, etc. Mesmo que a visão produzida seja fragmentada, já que relativamente poucos objetos são colocados em exposição, ela aproxima o passado e o torna mais “palatável”.
<><>Infelizmente, mesmo com todo o investimento que se faz em museus, muitos nunca entraram num local como esse. Os motivos podem ser diversos. Desde morar longe dos locais onde eles se encontram até a pura e simples falta de interesse. Excluídas desses lugares, muitas pessoas vêem a tarefa de visitar um museu como peso e não como algo agradável. Cerca de 70 % dos brasileiros nunca foram a um museu, segundo o pesquisador Frederico Barbosa Isso significa que boa parte dos cidadãos encontra-se excluído de tudo o que ocorre no meio museológico e talvez nem saiba definir o que é um museu.
<><> Acima foto interna do nosso museu.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A Mais Bela Tranviária (outubro 1962)


<><> Transcrição da entrevista com "A Mais Bela Tranviária" no jornal Tranviário em outubro de 1962.






<><>Entrevistamos a Srta. Maria Rosa Vecchio, vencedora do concurso “A Mais Bela Tranviária”, promoção vitoriosa do sindicato. A Maria Rosa Vecchio é Datilo- calculista dos escritórios da companhia há 8 anos. Tem olhos castanhos claros e gosta de conversar. Para dar aos nossos leitores que não a conhecem uma visão de sua personalidade fizemos-lhe algumas perguntas:

<><>Repórter: Diga-nos alguma coisa sobre sua vitória.
<><>Maria Rosa: Em primeiro lugar quero agradecer a todos meus colegas tranviários em geral e aos srs. Diretores da Cia. Carris que colaboraram na compra de votos. Sobre minha vitória, fiquei emocionada, pois não esperava ganhar. Entrei no concurso a convite dos colegas e espero não decepciona-los, pois para mim, é uma honra pertencer e representar esta classe.

<><>Repórter: Prefere música popular ou música clássica?
<><>Maria Rosa:Gosto das duas igualmente.

<><>Repórter: Qual seu cantor preferido?
<><>Maria Rosa: Meus cantores prediletos são Mário Lanza, Francisco Égidio, Frank Sinatra e Orlando Silva.

<><>Repórter: Gosta de dançar?
<><>Maria Rosa: Gosto, mas prefiro um bom filme.

<><>Repórter: Qual seu esporte favorito?
<><>Maria Rosa: Futebol, sou gremista.

<><>Repórter: Que acha na interferência dos sindicatos na política nacional?
<><>Maria Rosa: Dependendo dos homens que dirigem os sindicatos não vejo o porque de não opinarem junto ao governo, nas questões que digam respeito às classes sindicalizadas.

<><>Repórter: É a favor ou contra a invasão de Cuba pelos norte americanos?
<><>Maria Rosa: Julgo que todos os povos do mundo gostam de viver em liberdade. Acho, pois, que também os cubanos gostariam de viver sem interferência de quem quer que fosse.

<><>A Sra. Maria Rosa ganhou da Secretaria do Trabalho uma viagem ao Rio de Janeiro, com um acompanhante. A questão do acompanhante provocou viva expectativa entre seus colegas dos Escritórios e o repórter, curioso, procurou o gesto de entrar no assunto.
<><>Repórter: Já conhece o Rio de Janeiro? Gosta dele?
<><>Maria Rosa: Não conheço e estou ansiosa para vê-lo.

<><>Repórter: Quem irá acompanha-la ao Rio?
<><>Maria Rosa: Minha mãe me fará companhia.

<><>O Tranviário felicita o sindicato por mais esta iniciativa triunfante e dá os parabéns à “Mais Bela Tranviária” e felicita por ter escolhido mais uma flor na sua preciosa existência, no dia 10 deste mês.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Carris no Dia do Trabalhador


<><> A Carris completará, no dia 19 de junho, 136 anos de atividade. É impossível sabermos quantos funcionários trabalharam na Carris desde a sua fundação. É comum, nas andanças com o Memória, encontrarmos pessoas que foram funcionários da Companhia ou tiveram parentes na empresa. São indivíduos que, geralmente, não deixaram registros, mas que contribuíram para que a Carris seja o que é hoje.
<><>Por ter mais de 100 anos, a Companhia Carris acompanhou, na história do Brasil, mudanças políticas, econômicas e nas relações de trabalho. Embora, algumas delas não possam ser mensuradas por falta de dados, uma das mudanças mais significativa é a referente ao mundo do trabalho. Há alguns anos, era comum encontrar indivíduos que construíam sua carreira profissional numa só empresa. São pessoas que iniciaram na empresa em uma determinada função e com o tempo foram crescendo. É o caso de ex-funcionários que entraram na Carris com alguma função na manutenção dos trilhos ou das linhas elétricas e com o tempo tornaram-se condutores, motorneiros e até fiscais. Conheci vários que fizeram trajetória semelhante à descrita e se aposentaram pela Companhia.
<><> Com a flexibilização das relações de trabalho várias coisas mudaram. Hoje, poucos permanecem tanto tempo no mesmo trabalho e as que optam por fazer isso são, muitas vezes, vistas como acomodadas. A maioria não permanece muito tempo no mesmo local de trabalho e está sempre atrás de novas experiências. A Carris atualmente também se insere nesta lógica, apresentando grande rotatividade de funcionários, especialmente motoristas e cobradores.
<><>Conheci a umas duas semanas atrás, a ex-funcionária Maria Rosa Vecchio que trabalhou na Carris durante décadas e se aposentou por aqui. Em sua casa pude encontrar um grande acervo de fotos que ela guarda com muito carinho. Na conversa que tive com ela pude sentir esse sentimento de pertencimento a uma grande família, a Carris. Ela foi eleita “A Mais Bela Transviaria” na década de 60 e se fez presentes em diversos eventos da empresa no passado.Como ela, foram centenas as pessoas que incluíram a Carris em boa parte de suas vidas. Indivíduos anônimos, muitas vezes, sem muitos registros, mas que construíram dia a dia a empresa e cooperaram para que ela fosse o que é hoje. A todos esses, nós, do Memória Carris, oferecemos nossa homenagem e admiração.
<><> A foto acima é da Assessoria da Manutenção na década de 90 com Marco, Maria Rosa (no meio) e Galvânia, que hoje ainda trabalha na empresa.