terça-feira, 30 de abril de 2013

A História do Seu Darcy

A História do Seu Darcy

Ontem durante a manhã postamos um texto em nosso blog comentando sobre o Dia do Trabalhador. Por coincidência, durante a tarde de ontem  recebemos a visita de um antigo motorneiro da Companhia. Trata-se do seu Darcy, que trabalhou na Carris de 1954 até 1986. Na Carris ele exerceu as funções de cobrador de bonde, motorneiro e por último trabalhou no administrativo. O Seu Darcy tinha como deferencial em relação aos seus colegas o talento de cantar óperas, além de outras músicas populares da época. Entre seus passageiros mais habituais era conhecido como "Celestino", numa referência ao cantor Vicente Celestino. Sua neta Camila também compareceu aqui na Companhia acompanhando o seu avô. Ela nos trouxe uma matéria de jornal de 1966 que faz referência a um espetáculo que teve a participação do nosso ex-colega de empresa. O texto em questão é muito bonito, retratando a rotina do motorneiro-cantor de uma forma bastante poética. Para homenagear o Seu Darcy e todos os nossos colegas nessa semana em que iremos comemorar o Dia do Trabalhador, transcreveremos em seguida trechos desta matéria:

"São Muitas as vozes de o 'Trovador'

A linha de bonde sempre a mesma, metal preso a terra. Homem preso na rotina, o motorneiro leva o bonde. Sempre as mesmas ruas, o fim de linha, o mesmo sempre. Como o metal, o homem preso na terra, mas a sua prisão é um engajamento na vida, nas lutas mais primárias (a do comer, a do vestir..), nos sonhos mais altos. Darcy Fagundes e motorneiro da Carris. Não perguntei qual é a sua rota diária, ela é apenas aparente. Darcy, que tem voz de tenor, vai sempre mais longe que o seu diário fim de linha, vai, cada dia um pouquinho, mais perto do lugar dos seus sonhos: a música. Gosta muito de cantar, as mãos presas, os olhos postos na atenção de dirigir, ele vai recordando sozinho as canções de sues encantos. Já dirigiu um coral, o da Igreja São José, já cantou no antigo Coral Sinfônico, do Antigo Araújo Vianna. Agora está cantando de novo, outra vez em coral , a sua voz de tenor, a sua figura simples, um dos muitos elementos que formam a grande massa que forma o Coral Lírico da Prefeitura. E, todo o Coral, ponto de apoio da montagem de "O Trovador" que estréia domingo, colocando Darcy de frente para o público, ele que o vê todo dia somente pelo espelhinho do bonde. Domingo a rota de Darcy vai chegar mais perto de seu sonho. 




* Seu Darcy quando era motorneiro da Carris.





segunda-feira, 29 de abril de 2013

Homenagem no Dia do Trabalhador

Homenagem no Dia do Trabalhador

Estamos nos aproximando de mais um Dia do Trabalhador. Nós aqui da UDM (Unidade de Documentação e Memória), planejamos algumas atividades para contribuir com a homenagem que será realizada pela  empresa na próxima quarta-feira. Já é tradicional a Festa do Dia do Trabalhador na Carris. Trata-se de um momento de integração entre os colegas da Companhia e suas famílias. Neste ano serão disponibilizados espaços para que os servidores façam seus churrascos, ocorrerão espetáculos no nosso CTG (Centro de Tradições Gauchescas) "Herança Pampeana", haverá Campeonatos de Futebol, Volley e Bocha. Nós da Unidade de Documentação e Memória, iremos contribuir com o nosso ônibus de Memória Itinerante, que será aberto exclusivamente para esse momento, teremos um espaço em uma tenda com parte de nossas exposições para que nossos colegas possam conhecê-las e estamos ensaiando uma pequena encenação com a qual queremos homenagear nossos colegas motoristas e cobradores. Abaixo postamos uma foto para animar o pessoal, só para lembrar do churrasquinho que com certeza irá rolar no dia: 



Aqui, no nosso setor, é uma honra muito grande podermos participar do dia do trabalhador. Estamos diariamente em contato com a história da Companhia Carris e reconhecemos a importância dos inúmeros funcionários que passaram por aqui ao longo destes 141 anos de história. Acreditamos que uma empresa se constrói com o trabalho dos seus servidores, por isso  se a Carris é hoje uma Companhia que confunde-se com a própria identidade de ser porto-alegrense, é porque um bom trabalho de nossos colegas foi realizado.  Esperamos que o próximo dia primeiro de maio seja um dia alegre de confraternização, e com certeza estaremos lá contribuindo contando um pouco da história de nossos antigos colegas, que ajudaram a construir a Cia. Carris Porto-Alegrense.  


* Foto de colegas atuais da Cia. em seu momento de intervalo.


*Foto de antigos funcionários da Carris. Imagem da década de 1930.  





quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Carris e os norte-americanos

A Carris e os Norte-Americanos

Poucas pessoas têm esta informação, mas durante muito tempo a Cia. Carris Porto-Alegrense manteve uma relação bastante estreita com grupos econômicos norte-americanos. A partir do ano de 1926 o controle acionário da Companhia Carris passou a ser gradualmente transferido da Cia. Força e Luz Porto-Alegrense para o grupo norte-americano Eletric, Bond & Share. Os estrangeiros assumiram completamente o controle da empresa em 1928, permanecendo no controle até 1954, ano em que a prefeitura porto-alegrense encampou a empresa. Durante praticamente toda década de trinta, poucas mudanças ocorreram na malha transviaria da cidade, conjunto das malhas viárias de bondes e ônibus. A implantação da linha de bonde da Avenida Protásio Alves e a ampliação e modernização do anel viário em torno do Mercado Público, ocorrido entre 1937 a 1940, já eram antigos projetos da Companhia Força e Luz, concluídos apenas na administração norte-americana. 
Durante toda a década de 1930 os norte-americanos da Eletric, Bonde & Share, mantiveram o monopólio do serviço de transporte público em Porto Alegre. Esta situação começou a mudar durante a administração do prefeito Loureiro da Silva (prefeito entre 1937-1943), que em 1940 permitiu a circulação na cidade de cinquenta ônibus de proprietários particulares. Além do início de uma nova concorrência, a Carris sob a administração dos norte-americanos também sofreu os impactos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Como já comentamos anteriormente neste blog, ocorreu neste período o racionamento de combustível aqui na capital, o que levou a diminuição de ônibus circulando e a consequente super lotação dos bondes da Carris. Além disso, faltou mão de obra na Companhia e a manutenção dos elétricos se tornou muito precária, já que faltavam peças específicas que eram anteriormente importadas da Europa.  
Por estes motivos ou não, o fato é que o período da administração do grupo norte-americano ficou marcado pelo lento e gradual sucateamento do sistema de transporte de bondes. No ano de 1950, as dívidas contraídas pela Companhia durante a administração americana fizeram com que a empresa propusesse a sua encampação pela prefeitura municipal. Neste ano, o prefeito Ildo Meneghetti designa uma comissão para estudar a proposta. 
Após três anos de debates, em 1953 é votada na Câmara Municipal a lei nº1069, que efetivava o encampamento da Carris, passando o controle acionário desta para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. No começo de 1954, a Câmara Municipal se reúne a aprova a reformulação do estatuto da Companhia. A prefeitura,  agora sobre a administração de Leonel de Moura Brizola, passa ater o controle da Carris. 

* Foto do Correios, Porto Alegre na década de 1930.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Empresa Carris Urbanus de Porto Alegre



Entre os ano de 1872 e 1893 a Companhia Carris de Ferro Porto-Alegrense (atual Carris Porto-Alegrense)  exerceu com exclusividade a exploração do transporte público em Porto Alegre. No dia 15 de janeiro de 1893, começaram trafegar na cidade os carros da chamada Carris Urbanus de Porto Alegre. A Carris Urbanus vem preencher espaços na constituição da malha que, paralelamente ao crescimento da cidade, vai ao pouco se alastrando. Esta empresa operava nos bairros Partenon, Independência e Floresta, locais onde ainda não havia serviço de transporte. Como os veículos da Urbanus eram menores, eles foram apelidados pela população de "Caixa de Fósforo".Os bondes da Urbanus eram puxados a burros (os elétricos só chegaram à Porto Alegre em 1906), " (...) eram carros com 6 pés e 6 polegadas de largura, leves e cômodos, que poderão andar para frente e para trás, mudando-se apenas os animais de lugar (...)"*.
As linhas ficaram assim divididas: a Companhia Carris de Ferro Porto-Alegrense administrava a Menino Deus, Navegantes, Partenon - fim da linha na estação Várzea (Atual parque Redenção)- São Pedro, São João, Glória, Cascata e Teresópolis. A Carris Urbanus de Porto Alegre, por sua vez, era responsável pelas linhas Moinhos de Vento, Floresta, Partenon- fim da linha na Praça Senador Florêncio, trafegando pela Independência e Cristóvão Colombo.
Uma dúvida comum nos porto-alegrenses atuais é por que as primeiras empresas de transporte coletivo se chamavam Carris. Esta expressão era utilizada para denominar os trilhos da malha viária, sendo hoje dia muito pouco usual.             

*D´Amasio, José Genésio. Depoimento dado para a produção do livro "Carris, 120 anos". 



quarta-feira, 17 de abril de 2013

Linhas Transversais





No início dos anos 1970, a Companhia Carris implanta uma nova linha de ônibus que representou uma inovação na época. Tratava-se da linha Perimetral, uma rota alternativa para o período, já que possuía seus dois terminais em bairros, cruzando regiões distantes da cidade sem passar pelo Centro. A experiência foi um sucesso, e o ano de 1976 marca o início das Linhas Transversais (T1, T2, T3 e T4), idealizadas pela Empresa Brasileira de Planejamento e Transporte e atendidas pela Carris, com concessão da Secretaria Municipal de Transportes. Para tanto, foram adquiridos 20 veículos novos com recursos obtidos da venda de outros de sua frota e completadas com verbas da Empresa Brasileira de Transportes Urbanus - E.B.T.U.
As novas linhas ofereciam uma nova alternativa de deslocamento. Os usuários poderiam agora ir de um ponto a outro da cidade utilizando somente um ônibus, evitando as baldeação e a concentração de veículos no anel viário do Mercado Público. 
De acordo com depoimento de uma ex-funcionária da empresa, dona Lídice, ficamos sabendo que a ideia dos ônibus transversais foi oferecida para outras empresas porto-alegrenses que não se interessaram pela mesma. Com a Carris a experiência dos "Ts" funcionou tão bem que na década de 1990 foram implementadas mais quatro linhas: T5, T6, T7 e T8, no ano de 2000 foram criados o T 9 e o T10, e em 2011 foi criada a linha T11.
Os "Ts" continuam sendo uma alternativa moderna de transporte público, já que suas linhas dinamizam  o deslocamento de passageiros pela cidade, desafogando um pouco do tráfego nas áreas mais centrais de Porto Alegre.


*Foto ônibus Linha T2, final da década de 1970.










segunda-feira, 15 de abril de 2013

Sobraram empregos na Carris durante a Segunda Guerra Mundial


Sobraram empregos na Carris durante a Segunda Guerra Mundial

Em tempos de desemprego torna-se interessante relembrar histórias da Cia. Carris. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) gerou inúmeros efeitos na economia da cidade de Porto Alegre. No que diz respeito ao transporte público, ocorreu a escassez da distribuição de combustível, o que levou a diminuição  da quantidade de ônibus que circulavam na Capital. Como consequência deste fato, os bondes da Carris passaram a circular sempre muito lotados, já que precisavam dar conta dos seus usuários tradicionais  além dos habituais passageiros  de ônibus. 
Outra consequência da guerra foi a diminuição da mão-de-obra disponível para a Companhia. Grande parte dos motorneiros e dos condutores dos bondes encontravam-se em idade militar e muitos foram convocados para o exército brasileiro. Na tentativa de resolver o problema, a Carris propõem a contratação de mulheres para o serviço de cobrança de passagens. Entretanto, essa tentativa foi frustrada pela negativa dada pelo Ministério do Trabalho, que não considerou o trabalho dentro dos bondes como algo condizente a condição feminina. 
Como consequência da falta de operadores, a Carris se vê obrigada a retirar parte de seus veículos de circulação (o que piorou a situação de super lotação nos bondes que ainda circulavam) e, numa atitude de emergência, publica a seguinte nota na imprensa:
 "(...) Há empregos na Carris. Parece mentira mas é verdade. Empregos a disposição de quem interessar possa. O dinheiro tem o mesmo valor. E quem numa época destas, estando desempregado, pode permanecer indiferente? Não custa nada experimentar. Há escolas para conductores e motorneiros (...) É muito simples, não precisa ter diploma de coisa alguma. Basta a escola da vida (...)"*
Mesmo com o anúncio no jornal poucos candidatos apareceram para o preenchimento das vagas, o jeito foi buscar auxílio na Prefeitura de Porto Alegre, que disponibilizou seus funcionários para completar a mão-de-obra necessária para que a Companhia colocasse 113 bondes em circulação na cidade. 


               * Jornal Correio do Povo. Porto Alegre, 11.06.1944.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Novos Amigos


Novos amigos

Na segunda-feira desta semana publicamos um texto comentando uma matéria do Jornal Zero Hora sobre as condições em que se encontram antigos bondes que circularam por Porto Alegre. Em nosso texto falamos sobre um destes veículos da Cia. Carris Porto Alegrense que foi comprado por uma senhora e transformado em  atelier na Zona Sul da Capital. Terça-feira verificamos que havia um comentário para a nossa publicação e, muito felizes, constatamos que se tratava de um texto produzido pela filha da senhora Zilka Dornelas Ponsi, a pessoa que havia comprado o bonde; antes dele virar sucata; e transformado o mesmo em atelier. Decidimos reproduzir o texto que recebemos para que outros de nossos leitores possam tomar conhecimento do carinho que recebemos destes novos amigos: 
"É com grande alegria que leio o texto publicado pela equipe Memória Carris sobre a iniciativa da minha mãe, Zilka Dornelas Ponsi, de resgatar um exemplar dos bondes, evitando que o veículo virasse sucata. O esforço para manter o bonde em bom estado não é tarefa simples, mas a recompensa é enorme, e a comunidade da Zona Sul tem apoiado e participado dos projetos de resgate da memória e valorização da cultura e da arte propostos pela nossa associação. 
A história da cidade precisa ser valorizada, e o grupo responsável por esse trabalho dentro da Carris merece destaque pelo nobre trabalho de preservação de documentos, fotos e peças antigas.  É justo nesse ponto que nossos interesses convergem e, portanto, auxiliar na coleta de materiais históricos tem sido uma de nossas propostas.
Vivemos um período no qual valores antes aceitos estão sendo revisados: o meio ambiente saudável e o patrimônio histórico são temas debatidos nos mais altos setores da sociedade, sobrepondo-se ao discurso do progresso desordenado. A população luta por uma cidade harmônica e saudável, que privilegie os espaços abertos e o transporte público de qualidade e acessível a todos.
É tempo de mudar paradigmas, de repensar o planejamento urbano e ambiental de forma sustentável, de formar parcerias e de participar coletivamente da construção da cidade. O futuro de Porto Alegre depende de iniciativas conjuntas e da participação popular e efetivamente democrática. 
Nós, artistas do Atelier do Bonde, buscamos ser sujeitos ativos desse processo e apoiamos a imediata instalação do bonde histórico no centro da cidade. 
                                                                                            Angela Dornelas Ponsi."

Para nós do Memória Carris fica a alegria de saber que contamos com estes amigos em Porto Alegre, pessoas que compartilham conosco de uma visão sobre a cidade que contemple a preservação de suas memórias e que valorize a sua cultura. Temos certeza que, assim como o Atelier do Trem, existem inúmeros lugares e grupos de pessoas em nossa cidade que lutam por estes valores. Agradecemos a nossa amiga Angela por suas palavras, e agradecemos especialmente a Dona Zilka por sua iniciativa. 



*Fotografia do dia da "Despedida dos Bondes", de 1970. 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Maxambomba


Maxambomba
                  O seguinte trecho foi retirado da publicação "Memória Carris: crônicas de uma história partilhada com Porto Alegre" de 1999, uma publicação realizada pela Cia. Carris para comemorar seus 127 anos. Neste trecho do livro é contado um pouco sobre o primeiro tipo de transporte público que circulou em Porto Alegre, a Maxambomba:
           "(...) A primeira experiência de transporte coletivo em Porto Alegre foi em 1865 com a Maxambomba, um bonde de madeira que circulava sobre trilhos e ligava o centro da cidade ao Arraial do Menino Deus, sendo o seu abrigo na atual Praça Argentina. Esta foi a primeira linha a operar no Rio Grande do Sul e a segunda no país, precedida apenas pela da Tijuca, no Rio de Janeiro, que data de 1859. 
      Nos primeiros meses de funcionamento, o carro trafegou em trilhos de madeira. Mas os descarrilamentos eram frequentes, e o veículo, muito instável, causava uma série de transtornos para os passageiros. Logo, as reclamações da população fizeram com que a empresa trocasse os trilhos de madeiras pelos de ferro, que deixaram o veículo mais firme, rápido e menos barulhento. 
        Nesta época, não existia tabela de preços, a passagem era cobrada conforme o poder aquisitivo dos usuários. Os valores variavam de viagem para viagem (...)."
        Abaixo postamos a imagem de um veículo do tipo "Maxambomba". 


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Bonde na Capital

      Na última quarta-feira, o jornal Zero Hora publicou uma matéria comentando o projeto que pretende criar uma linha turística de bondes no Centro Histórico da Capital. Para a realização da matéria, os jornalistas responsáveis pela mesma realizaram uma pequena pesquisa; com a colaboração de nosso setor; buscando saber onde se encontram e quais são as atuais condições dos antigos bondes que circularam em Porto Alegre até o ano de 1970. Conseguimos levantar a história de alguns poucos bondes que foram doados e que se encontram em diferentes condições, alguns bem preservados e outros muito deteriorados. Entre as histórias que tomamos conhecimento, uma chamou bastante a atenção, trata-se de um bonde que foi transformado em atelier na Zona Sul de Porto Alegre. Abaixo iremos transcrever parte da reportagem: 
"(...) Foi motivada pela saudade dos tempos em que circulava de bonde pelo centro de Porto Alegre que, há uma década, Zilka D´Ornelas, 82 anos, adquiriu um dos antigos veículos da Carris. A aposentada ficou sabendo que a peça histórica estava prestes a ir para um desmanche e resolveu recuperá-la. Dentro dele, montou um atelier na Zona Sul. (...) Atelier do Bonde O espaço mantém um bonde da Carris estacionado no pátio, onde funcionam eventos artísticos e culturais regulares. O bonde foi comprado pela artista plástica Glaucia Scherer antes que virasse sucata. Na época da aquisição, uma igreja evangélica funcionava no interior do veículo (...)". 
    Para quem tem curiosidade de conhecer o "bonde atelier" o mesmo se encontra na Avenida Otto Niemeyer, número 1173, bairro Tristeza. Este nosso trabalho de busca pelos antigos bondes reacendeu aqui no nosso setor uma antiga discussão: o que fazemos com a nossa memória? Onde a colocamos? Já é senso comum falar que a história da Carris confunde-se com a história de Porto Alegre, os bondes fazem parte do passado da cidade e da memória de inúmeros porto-alegrenses, como permitir que estes veículos se percam e acabem se tornando sucata? O exemplo de dona Zilka D´ Ornelas é muito interessante, com ela um pedaço da memória de Porto Alegre foi preservada, e o espaço do antigo bonde está sendo utilizado de uma forma bastante criativa.