quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Porto Alegre e Carris: histórias partilhadas

Recebemos no mês passado, através de nossas redes sociais, a sugestão de trocarmos o nome da linha C1 para Duque, considerando a semelhança de trajetos com o antigo bonde Duque. Achamos a ideia muito interessante, pois destaca a presença dos bondes no imaginário urbano de Porto Alegre. O conto O “Duque”, de Maria Cristina Azeredo Maisonnave, publicado no livro “Carris: relatos da história e outras memórias”, em 2002, demonstra a relação da Carris com os porto-alegrenses.

O “Duque”

“O bonde “Duque”, geralmente uma “gaiola”, ligava a Rua Duque de Caxias ao antigo abrigo dos bondes, em frente ao mercado. Era uma linha curta, percorria a rua sem observar as paradas, o motorneiro parava na frente das casas quando via os moradores esperando.

Eu era menina, viajava no “Duque” com minhas tias. Ainda me lembro daquele jeito simples, tranqüilo, que se sentia no bonde, funcionários e passageiros se conheciam, conversavam, trocavam receitas de chás caseiros...

“Boa tarde, trouxe um pedaço do meu pão para o senhor.” “Obrigado!” “Bom dia, dona Ignácia, melhorou reumatismo?” “Sim, obrigada!” “Seu marido não apareceu ontem, dona Merica.” “É que ele está amolado.” “Bom dia, o senhor sabe se a dona Elvira já foi para o mercado?” “Já foi, ela vai lhe esperar lá.”

Tempos de vida calma, sem medos, não havia pressa, as pessoas cumprimentavam o motorneiro, que sabia onde cada uma iria descer.

Uma vez, uma senhora subiu com uma menina, na Praça do Alto da Bronze, quando chegaram no abrigo dos bondes, uma chuva forte caiu. A senhora se assustou, pois não poderia descer com a pequena (convalescendo do sarampo), mas precisava pegar dinheiro no banco. Prontamente o motorneiro disse que ela deixasse a menina no primeiro banco, que olharia e que fosse descansada, pegaria o bonde na outra volta. E foi o que ela fez. Lá se foi tranqüila, e a pequena, satisfeita, ficou passeando de bonde...

Assim era o bonde “Duque”, amigo, cordial, calmo, espelhando a vida da nossa Cidade naquela época”.

                                                                                          Maria Critina Azeredo Maisonnave

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Carris e o Acampamento da Semana Farroupilha


Estamos perto do dia 20 de setembro, período em que rememoramos a Guerra dos Farrapos. Desde 1987 o Parque da Harmonia começou a receber, oficialmente, o Acampamento da Semana Farroupilha, pessoas de diferentes cantos do Estado se encontram para vivenciar intensamente, durante duas semanas, os costumes  que vão compondo a identidade gaúcha. No entanto, esse evento ultrapassa os limites da tradição constituindo um grande espaço de sociabilidades, onde as pessoas encontram um ambiente de lazer e entretenimento.

Como não poderia deixar de ser, a Carris participa do evento, através do Centro de Tradição Gaúcha Herança Pampeana, que começou como Piquete, na década de 1970. A participação no Acampamento ocorre, aproximadamente, há 09 anos. Anteriormente, os acampamentos aconteciam dentro da sede da empresa, havia um local destinado, onde os colaboradores traziam suas barracas, faziam fogo de chão e cultuavam os costumes que integram a tradição gaúcha. Também ocorriam “Gincanas Tradicionalistas” que movimentavam as atividades da Semana Farroupilha na Cia., com premiações para a melhor poesia, melhor pilcha, melhor música, entre outros.  Fatos como esses demonstram que a Carris vai muito além de uma empresa de transporte urbano, ela se constitui como um Patrimônio da cidade, através dos laços afetivos que mantém com a população porto-alegrense há mais de um século.

Nesta quarta-feira (15/10) a Carris irá receber a centelha da Chama Crioula, que será trazida por um grupo de, aproximadamente, 40 cavaleiros que partirão do Acampamento Farroupilha às 8h30min, com previsão de chegada na Cia. às 11h30min.