quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Pessoas famosas na Carris


Por ter mais de um século de história é grande o número de pessoas que trabalharam na empresa. Nas visitas do Memória é comum encontrar ex funcionários da Carris ou quem é parente de quem, no passado, trabalhou na companhia. Nestes relatos, há sempre muitas histórias que envolvem coisas pitorescas dentro dos bondes.
Ano passado, inclusive, teve uma senhora de São Paulo que entrou em contato conosco procurando os documentos do pai, já falecido. Seu objetivo era conseguir o endereço ou o telefone de seus parentes paternos, com quem não falava há bastante tempo. Elizabeth buscava a cidade de onde seu pai havia vindo para trabalhar na Carris, em 1948. Graças à agilidade do pessoal do arquivo na Carris, consegui os documentos e enviei por e-mail para ela, que teve mais alguns dados para a busca de seu objetivo.
O fato é que várias gerações já passaram pela empresa, fazendo parte do repertório figuras famosas como Lupicínio Rodrigues. Cantor e compositor, nasceu na Cidade Baixa e é imortalizado pelo gênero dor-de-cotovelo. Ele trabalhou na empresa como aprendiz de mecânico na década de 30. É dono de uma obra rica, com letras que falam, na maioria, de mulheres e de relacionamento amorosos. São mais de 600 músicas, com cerca de 150 gravadas.
Ocorreu-me salientar este aspecto da companhia porque, neste ano, a Escola de Samba Unidos da Vila Mapa, representante da Carris, vai homenagear a história da empresa. As Alas vão representar várias fazes da história, começando com os bondes puxados a burro aos ônibus atuais. Uma das Alas, no entanto, terá a representação do Lupicínio Rodrigues junto ao Mercado Público, local marcado pela boêmia desde a época que este ilustre ex- funcionário da Carris trabalhava por aqui.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Novidades pelo Chile



O projeto do bonde histórico no Chile acaba de concluir sua primeira parte e, afirmo, pelas fotos, a restauração ficou ótima. O veículo estava a 170 km de Santiago e teve que ser transportado, antes do restauro. Segundo Santiago, presidente do instituto, o trabalho foi repleto de dificuldades, pois o elétrico encontrava-se em péssimas condições, já há anos sem uso.
Ainda falta algum tempo para que os chilenos possam ver o bonde percorrendo as ruas do bairro Brasil em Santiago, mas o trabalho até aqui já é considerável. Em julho publiquei aqui a notícia, enviada-me também por Santiago, que o projeto havia recebido US$ 1,5 mil para o translado e a restauração.
A cidade de Santiago tem algumas peculiaridades em relação a Porto Alegre. Lá é grande a quantidade de trilhos que ainda existem, embora o período de fim dos elétricos seja de cinqüenta anos (acabou em 1968, tendo funcionado por 110 anos). Em Porto Alegre, os trilhos permanecem em frente ao Mercado Público e em alguns pontos, onde dentro do asfalto desgastado, aparecem restos dos antigos trilhos. O projeto do Chile prevê a reutilização destas linhas, com algumas implantações e modificações, os bairros escolhidos são Brasil e Yungay.
A linha de bondes no Chile, segundo Allen Morrison, foi a primeira do Hemisfério sul e uma das primeiras do mundo. Ela nasceu em 1858 (a de Porto Alegre só viria em 1872), pela Companhia Carris a Vapor que ligava Santiago com São Bernardo. Os acionistas eram chilenos, mas havia muitos engenheiros norte americanos e a linha teve como base projetos desenvolvidos nos Estados Unidos. Em 1859 a empresa já operava com 20 bondes e intervalo de 10 minutos. Os elétricos lá foram inaugurados em 1900 (na Capital gaúcha só seria em 1908). Diferente daqui, também, por lá os bondes eram fabricados no próprio país.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Balanço do Memória em 2008



Dois mil e oito foi um ano diferente para o museu da Carris. As atividades que participamos foram diversas das tradicionais. Encerramos o segundo semestre contabilizando 18.649 visitantes em diversas regiões de Porto Alegre. Este também foi o ano que o Memória fez 20 anos, em março, com o decreto 9.125.
As escolas estaduais foram as mais visitadas. Contabilizaram 58% das visitas, seguidas das instituições particulares, com 24%. As novidades foram os Serviços de Atendimento Sócio Educativo (Sase), que em 2008 representaram 17%. Aumentou também o número de instituições infantis, uma inovação de certo modo, pois este não é nosso público tradicional.
Quanto às zonas de Porto Alegre, vamos mapear os lugares por onde andamos. Ano passado, as zonas central e norte representaram juntas cerca de 68% (centro 35%, norte 33%). A Zona Sul representou 28% das atividades. Foram 85 em 2008 em diversos pontos da Capital gaúcha, inclusive com uma visita à Ilha da Pintada, que não entra nas divisões regionais de Porto Alegre.
Foram vários os eventos que o Memória visitou. Além dos já tradicionais, a novidade foi o Caminho do Livro, na Rua Riachuelo, inaugurado em agosto. Ano passado fui pela primeira vez do Fórum Estadual dos Museus, onde tivemos a oportunidade de expor para profissionais nossas experiências. Nós, do Memória, participamos do mini curso Museu como Espaço Educador, ministrado pela professora Margarita Kramer, do Instituto de Artes da UFRGS.
Outro evento diferente foi a Feira de Transporte e Logística do Sul (Transposul), na Fiergs em julho. Diverso dos eventos usuais que o Memória participa, lá estavam muitos empresários e profissionais do setor de transporte no Rio Grande do Sul. O Memória foi muito apreciado no evento, recebendo muitas pessoas.
Em 2008 visitamos o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), escola técnica que existe em todo país. É a primeira vez que o museu visita um colégio profissionalizante, proporcionando uma experiência diferenciada para eles e nós. Lá tivemos contato com matérias e disciplinas diferentes das tradicionais.
Acima, gráfico das escolas visitadas.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Dia do Cobrador




Hoje se comemora o Dia do Cobrador. Embora a data não seja tradicional em outras empresas do transporte coletivo, na Carris ela é comemorada com festa. Além dos cumprimentos pelo seu dia, os profissionais, desta vez, estão sendo presenteados com uma linda caneca.
Dia festivo, nada melhor que uma pincelada de história para contextualizar a data. Nos bondes, os cobradores já existiam. No entanto, o nome era diferente, chamava-se condutor. Isso porque era ele que avisava o motorneiro a hora da partida, quando todos os passageiros já haviam descido. Além disso, ele tinha que andar de um lado para outro do veículo cobrando as passagens. Seu trabalho exigia um pouco de malabarismo, já que devia, ao mesmo tempo, equilibrar-se, cobrar a passagem e dar o troco. Os antigos passageiros relatam que eles costumavam andar com a mão cheia de notas enroladas nos dedos para facilitar o troco. Após a cobrança, deviam marcar os usuários no contador de passageiros, parecido com um relógio, que seria um “avô” da nossa roleta. Escrevi sobre ele aqui.
Os cobradores antigos enfrentavam uma série de dificuldades no cotidiano do seu trabalho. Era necessário muita atenção para que ninguém deixasse de pagar a passagem. Além disso, era comum pessoas falarem que já haviam pago, sem o terem feito. O mecanismo não era exato e podia trazer confusões, por isso muitos faziam a contagem de dez em dez. Imaginem em dia de muita lotação ou em horário de pique: o trabalho era dobrado! Conheci pessoas que me contaram que nunca pagaram a tarifa em bonde. Sempre havia um jeito de escapar, afinal, existiam quatro portas abertas na maior parte dos veículos. É claro que muitas vezes os condutores irritavam-se com os que não queriam pagar e há relatos de profissionais correndo atrás dos que se recusavam.
Os primeiros ônibus também não tinham roleta e os cobradores costumavam deslocar-se dentro do veículo para a cobrança da passagem. Posteriormente, o uso da roleta faria o Ministério Público exigir que os profissionais ficassem sentados. A data em homenagem ao dia do cobrador foi institucionalizada em 2001 e desde então é comemorada tradicionalmente na Carris. Parabéns aos cobradores pela data de hoje!
Acima foto de um bonde lotado, durante o racionamento de combustível durante a II Guerra Mundial. Imaginem o trabalho do condutor em um dia como esse!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

De volta



<><>Estou de volta. Estive fora duas semanas e regressei ao trabalho quinta passada. Recebi nestes dias dois e-mails particularmente interessantes.
<><>Um deles é do José Kieling, que sempre acompanha nosso trabalho. Ele me indicou este site aqui, onde aparece a foto de um bonde sendo despachado da Flórida para Porto Alegre (a foto é esta, acima). A data é de 1940, quando a Carris comprou 12 bondes de Perley Thomas em Miami. A página é somente de bondes, e tem uma diversidade enorme de modelos e formas de veículos. Por coincidências temos a planta deste veículo em nossa página do Museu Virtual. Para quem gosta de miniaturas e tem talento para atividades manuais, eis um prato cheio.
<><>Outro recado interessante foi o deixado pelo Eduardo Cunha, que mora no Rio de Janeiro e é um colecionador de fichas. Segundo ele, sua coleção chega ao sul com imagens de vale-transportes de várias épocas. Creio que trocaremos informações interessantes que, com certeza, serão colocadas aqui.
<><>Esta semana farei um balanço das atividades desenvolvidas ano passado junto com um gráfico das escolas visitadas. Diferente de 2008, este ano não há datas fechadas para a história da Carris. No entanto, novidades estão sendo projetadas para o Memória a partir de março.