sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Despedida




Queridos leitores deste blog, hoje é meu último dia na Carris. O que sinto é um misto de alegria com tristeza. Alegria porque, felizmente, tudo saiu como planejei e farei meu pós a partir de março e tristeza por deixar para trás um trabalho pelo qual me apaixonei.
Representar a Carris ao longo destes dois anos foi uma experiência, no mínimo, enriquecedora, sabendo que meu papel era demonstrar a história de uma empresa que tem 136 anos e é, atualmente, a mais antiga de transporte em funcionamento. Acredito que quando andamos com o ônibus Memória pelas ruas de Porto Alegre representamos tanto os que já passaram como os que atualmente contribuem para que a companhia seja o que é. Uma marca, um símbolo não existe como entidade abstrata, mas é constituído pelos que o fazem existir, os funcionários que se dedicam diariamente. Muitos vão e vêem, e centenas já trabalharam neste empresa, muitos o nome não é lembrado nos relatos de história, mas foram essenciais para que ela seja o que é hoje. Gosto de chamar esses de trabalhadores “por trás das cortinas”, eles são essenciais para a perfeição do espetáculo.
Diferentes de outros lugares que já trabalhei e das atividades que exerci, o Memória sempre me proporcionou experiências singulares e com pessoas que, de outra forma, não teria contato. Foram vários e-mails recebidos, recados e ligações. Gostaria de agradecer a todos os que, de alguma forma, mantiveram contato e espero ter correspondido às expectativas dos que me procuraram.
Sei que sentirei falta de tudo isso, principalmente, do contato com o público que tanto me alegrava. Também sentirei saudade dos que dividiram seu tempo comigo, o pessoal da Assessoria de Comunicação da Carris e, especialmente, do Chefia (seu Eloy, motorista do ônibus), que nestes dois anos foi minha melhor e maior companhia. Aprendemos muito um com o outro, mas creio que o ganho maior foi meu, com certeza, pelo privilégio de trabalhar com alguém que é tão significativo para a Carris. A Renata fica no meu lugar e tenho certeza que continuará o trabalho de pesquisa que já tenho desenvolvido. Desejo que ela se encontre neste trabalho como me encontrei e que se apaixone por ele como eu me apaixonei. Fornecerei a ela o login e a senha deste blog e logo ela iniciará o a atualização dele.
Grande beijo a todos

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Dona Claudete




Já falei aqui sobre as pessoas que não aparecem para o público, mas são essenciais para a execução do trabalho diário. São os profissionais que trabalham por trás das cortinas, fazendo de tudo para que o espetáculo seja perfeito. Na Carris, dezenas de colaboradores limpam e consertam os ônibus de dia e noite, possibilitando a perfeição do serviço prestado. No caso do Memória, além do pessoal da manutenção, que volta e meia presta-nos apoio, a Dona Claudete é quem realiza diariamente a limpeza do museu, garantindo a alegria da garotada.
Ela é conhecida na empresa por sua simpatia e carisma. Exemplo de dedicação e trabalho, é formada em história, com Especialização em Escola Contemporânea pela Fapa (Faculdade Porto Alegrense). No entanto, ao entrar na Companhia, em 1992, Dona Claudete ainda não havia terminado o ensino fundamental. Com a oportunidade de fazer cursos dentro da própria empresa, ela estudou e obteve a aprovação nas provas da SEC (Secretaria da Educação) que lhe possibilitaram conseguir o certificado do ensino fundamental e médio. A professora já trabalhou como voluntária em várias escolas e ministra constantemente aulas, na Carris, para os alunos do Curso de Desenvolvimento de Competências Profissionais.
Aos 64 anos, Dona Claudete é a responsável pela limpeza do Memória, não só no dia-a-dia, mas, também, a que realizamos anualmente com a retirada do acrílico. Ela faz tudo com muita dedicação e esforço, mostrando a todos, com seu trabalho, o grande carinho que tem pela Carris. Ela garante a visita perfeita, nas idas e vindas do Memória.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Notícias sobre o bonde histórico em Porto Alegre


Coincidentemente, hoje saiu uma reportagem no Correio do Povo sobre o Projeto do Bonde Histórico em Porto Alegre. Leia abaixo:
A reformulação na estratégia de busca de recursos para o projeto que prevê a instalação do bonde histórico no Centro da Capital adia o começo das obras. Convênio entre o Ministério das Cidades e a Prefeitura de Porto Alegre, assinado há dois anos, ainda não saiu do papel devido a algumas mudanças. O projeto está sendo elaborado pela Trensurb, que decidiu buscar financiamento junto ao Ministério do Turismo, ao invés de buscá-lo junto ao Ministério da Cultura, pela Lei Rouanet.
O gerente de Mobilidade Urbana da Trensurb, Sidemar Francisco da Silva, avaliou que as alterações foram fundamentais para que haja a captação dos recursos necessários ao projeto. "Somos parceiros nessa iniciativa. Houve uma indicação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que os financiamentos fossem buscados junto ao Ministério do Turismo e essa mudança gerou a demora no andamento do projeto", explicou. A expectativa é que no primeiro semestre desse ano o financiamento esteja definido para que os projetos executivos sejam iniciados. O gerente adiantou que depois dessa etapa caberá à prefeitura definir a execução da instalação, assim como o seu gerenciamento e funcionamento. O total de investimentos estimado para o projeto é de R$ 11 milhões.
A instalação do bonde histórico é uma das iniciativas que fazem parte do programa de revitalização do Centro Histórico de Porto Alegre. O objetivo é que a linha seja exclusiva para o turismo e não uma alternativa ao transporte público. A previsão é que sejam negociados os horários e os dias em que os bondes funcionarão, para não causar transtornos ao trânsito normal na região central. O início da instalação ainda não tem previsão porque está vinculada à liberação de recursos financeiros e à prefeitura, parceria na iniciativa. A ideia do projeto é que seja construída uma linha histórica que passe pelo chamado corredor cultural do Centro da cidade. No bonde, as pessoas poderão valorizar e conhecer os pontos turísticos, colaborando para impulsionar o turismo local. A linha passará em frente a locais como o Mercado Público, o Chalé da Praça XV, o Paço Municipal, a Praça da Alfândega, o Memorial do Rio Grande do Sul, a Casa de Cultura Mario Quintana, a Igreja Nossa Senhora das Dores, a Usina do Gasômetro, entre outros. O trajeto, de aproximadamente cinco quilômetros, será feito por dois bondes restaurados.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Bonde Histórico


Assim como em Santiago (onde o projeto ainda está em execução), no Chile, em Santos (SP) o bonde histórico já é uma realidade desde 2000, quando foi inaugurado no Paço Municipal, na Praça Mauá. O passeio percorre pontos históricos abordo de um bonde aberto de 1920, acompanhado do motorneiro e condutor. Há duas opções de passeio, a Bond Tur, que é acompanhado por um guia turístico mediante agendamento e a circular, com freqüência de 15 minutos de terça- feira a domingo.
A novidade é que a linha histórica de Santos vai ser ampliada de seus 1,7 km para 5 km de extensão. Segundo o Jornal A Tribuna, dois bondes turísticos foram doados pela cidade de Turim, na Itália, e devem chegar lá este mês ainda. A iniciativa faz parte de um contrato de cooperação estabelecido em julho do ano passado pela Prefeitura de Santos e o Gruppo Torinese de Transporti (GTT), empresa que controla os transportes coletivos no País. Os veículos estão sendo trazidos em três contêineres, pelo navio MSC Carolina. O desembarque será feito no cais santista, no terminal marítimo da Rodrimar.
O bonde em Santos foi inaugurado em 1871 (um ano antes de Porto Alegre) pela Cia. Melhoramentos da Cidade de Santos. Os veículos, puxados por burros, faziam o transporte de gêneros alimentícios, mercadorias e passageiros. Em 1904, iniciou-se o período de maior desenvolvimento do transporte em Santos quando a The City of Santos Improvements Company Ltda. assumiu o controle das linhas de bonde. A 28 de abril de 1909 (um ano após nossa Capital), foi inaugurada a primeira linha de bondes elétricos, ligando o Centro de Santos a São Vicente, via praia. O serviço de bondes na cidade paulista terminou em 1971, sendo a última cidade a extingui-lo no Brasil.
A linha histórica de Santos serve de inspiração para o projeto de Porto Alegre, sendo que representantes da Carris já estiveram por lá recolhendo os documentos e projetos. Além de Santos, existe a de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Mas esta é assunto para outra postagem.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O mais antigo funcionário




No Correio do Povo usado como fonte na outra postagem tem uma menção ao mais antigo funcionário da Carris, senhor Boleslau Mariano, com 57 anos de serviço. Bem, hoje tal marca foi superada pelo sr. Antônio Carris, carinhosamente chamado de seu Antônio. Ele completou 60 anos de Carris em dezembro do ano passado. Foi homenageado, na ocasião, por uma festa dos colaboradores.
Nascido em Cruz Alta (RS) em 1923, seu Antônio veio para Porto Alegre em 1946. Conseguiu seu primeiro emprego como sapateiro e, em 1947, foi contratado pela Carris para atuar como cobrador nos bondes da linha Floresta. Após um ano, foi promovido a motorneiro, e passou a operar todas as linhas dos bondes.
Em 1950, transferiu-se para o setor de ocorrências. Ele registrava tudo o que acontecia com os bondes durante o dia. Recebia as informações por telefone, muitas vezes por parte dos usuários. Era uma atividade parecida com a do Sistema de Atendimento ao Cliente de hoje. Um boletim com estas ocorrências era publicado diariamente, para conhecimento de todos os funcionários. Após dois anos, começou como escriturário no departamento de pessoal. Em seguida, passou a exercer funções de auxiliar administrativo, na área de admissão de novos funcionários. Foi aí que surgiu um interesse que ele desconhecia até então: a datiloscopia, a ciência que estuda as impressões digitais das pessoas.
Todos os dias, Antônio tirava as impressões digitais de diversos funcionários, e lhe interessava o fato de cada um compreender o contrato de emprego de uma maneira diferente. Ele começou a relacionar as distintas interpretações com o formato das impressões digitais. Pesquisou sobre o assunto por mais de 12 anos e, ao longo deste tempo, desenvolveu uma técnica batizada por ele de “Datilopsicologia”. Essa técnica permite conhecer o Quoeficiente de Inteligência Constitucional (QIC) e o temperamento de qualquer pessoa a partir de uma análise minuciosa das digitais. Após os 12 anos de pesquisa, publicou um livro intitulado “Datilopsicologia”. Por conta da publicação, foi convidado a participar de um simpósio sobre egiptologia em Londres, na Inglaterra. Lá ele ficou responsável por analisar as impressões digitais de dez múmias e revelar o temperamento de cada uma durante a vida.
Acima, foto dele na homenagem com dois colegas, Elson Viana (vestido de motorneiro) e Galvânia.

Bonde 113 x 123


Há cerca de dois anos, em troca de e-mails mantidas com o professor Allen Morrison, surgiu a dúvida em relação ao bonde que hoje esta em frente a Carris, o Brill 123. O pesquisador tinha documentos que mostravam o 113 (do mesmo lote que o 123) vindo para a Carris em 1972. O jornal Correio do Povo chegava a afirmar, inclusive, que este era o bonde que havia feito a última volta em Porto Alegre em 1970, acompanhado do prefeito, autoridades e jornalistas. Contudo, o bonde na frente da Carris, onde está instalado o Sistema de Atendimento ao Cliente Carris (SACC), era o 123 e não o 113. Chegamos a cogitar a hipótese de a numeração ter sido trocada na reforma por um eventual descuido. Erro gravíssimo, por certo, mas que poderia ter acontecido. Allen também tinha uma foto, exposta em sua página, onde aparecia o 123 em frente ao Mercado Público na década de 90.
No entanto, ao ter contato com outros documentos da própria Carris tudo foi esclarecido. O 113 havia ido inicialmente para frente da Companhia na década de 70, mas fora transferido para o Museu Joaquim Felizardo em novembro de 1990, onde permanece até hoje. Na época, inclusive a idéia da diretora, Vera Thaddeu, era restaurá-lo e faze-lo transitar em uma linha histórica no Parque Maurício Sobrinho (Harmonia). Já o 123 havia sido colocado em frente ao Mercado Público em 1992 devido à comemoração dos 120 anos da empresa. No entanto, em 1995 seria retirado de lá devido à depredação. Após passar por uma reforma ele passa a ficar em frente à empresa, abrigando o sacc.
Atualmente, só o bonde Brill 123 pertence à Carris, mas entre as décadas de 80 e 90 havia outros pelo pátio na Albion. Um deles serviu para abrigar o pessoal da Assessoria de Manutenção e teve um que foi, inclusive, usado como capela metodista. Coloquei um álbum no Museu Virtual onde pode-se acompanhar o transporte e a trajetória dos dois bondes da nossa história recente.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Carnaval na Carris


Hoje, por coincidência, encontrei novamente o Marcelo Tadeu de Lima Fraga, cobrador da Carris e um dos organizadores do desfile da escola de Samba Unidos da Vila Mapa. Já falei aqui que o tema será a história da Carris. Tive a oportunidade de ver vários desenhos das fantasias e posso afirmar que as reproduções estão ótimas.
Procurando mostrar a evolução e as mudanças pelas quais passou o transporte coletivo, serão apresentadas as várias fases dos veículos, começando com os de tração animal ao ônibus atual. Para isso, estão sendo confeccionadas fantasias e carros alegóricos característicos. As fantasias são as mais criativas possíveis, uma da chegada da eletricidade chamou-me especialmente a atenção, por representar a luz por meio de acessórios prateados nas “bahianas”.
Não é a primeira vez que a Carris participa do carnaval, aliás, a empresa é representada anualmente por escolas de samba de Porto Alegre. Ano passado o pessoal da Carris desfilou pela Imperatriz Dona Leopoldina.
Na época dos bondes eram comuns as marchinhas fazerem referência ao elétrico e aos seus tripulantes, o motorneiro e o condutor. Os veículos faziam também o transporte dos carnavalescos durante o desfile na Capital. Era quase um quadro alegórico, repleto de animados fuliões, como na foto acima, na década de 60.