Recebemos no mês passado, através de nossas redes sociais, a sugestão de trocarmos o nome da linha C1 para Duque, considerando a semelhança de trajetos com o antigo bonde Duque. Achamos a ideia muito interessante, pois destaca a presença dos bondes no imaginário urbano de Porto Alegre. O conto O “Duque”, de Maria Cristina Azeredo Maisonnave, publicado no livro “Carris: relatos da história e outras memórias”, em 2002, demonstra a relação da Carris com os porto-alegrenses.
O “Duque”
“O bonde “Duque”, geralmente uma “gaiola”, ligava a Rua Duque de Caxias ao antigo abrigo dos bondes, em frente ao mercado. Era uma linha curta, percorria a rua sem observar as paradas, o motorneiro parava na frente das casas quando via os moradores esperando.
Eu era menina, viajava no “Duque” com minhas tias. Ainda me lembro daquele jeito simples, tranqüilo, que se sentia no bonde, funcionários e passageiros se conheciam, conversavam, trocavam receitas de chás caseiros...
“Boa tarde, trouxe um pedaço do meu pão para o senhor.” “Obrigado!” “Bom dia, dona Ignácia, melhorou reumatismo?” “Sim, obrigada!” “Seu marido não apareceu ontem, dona Merica.” “É que ele está amolado.” “Bom dia, o senhor sabe se a dona Elvira já foi para o mercado?” “Já foi, ela vai lhe esperar lá.”
Tempos de vida calma, sem medos, não havia pressa, as pessoas cumprimentavam o motorneiro, que sabia onde cada uma iria descer.
Uma vez, uma senhora subiu com uma menina, na Praça do Alto da Bronze, quando chegaram no abrigo dos bondes, uma chuva forte caiu. A senhora se assustou, pois não poderia descer com a pequena (convalescendo do sarampo), mas precisava pegar dinheiro no banco. Prontamente o motorneiro disse que ela deixasse a menina no primeiro banco, que olharia e que fosse descansada, pegaria o bonde na outra volta. E foi o que ela fez. Lá se foi tranqüila, e a pequena, satisfeita, ficou passeando de bonde...
Assim era o bonde “Duque”, amigo, cordial, calmo, espelhando a vida da nossa Cidade naquela época”.
Maria Critina Azeredo Maisonnave
O “Duque”
“O bonde “Duque”, geralmente uma “gaiola”, ligava a Rua Duque de Caxias ao antigo abrigo dos bondes, em frente ao mercado. Era uma linha curta, percorria a rua sem observar as paradas, o motorneiro parava na frente das casas quando via os moradores esperando.
Eu era menina, viajava no “Duque” com minhas tias. Ainda me lembro daquele jeito simples, tranqüilo, que se sentia no bonde, funcionários e passageiros se conheciam, conversavam, trocavam receitas de chás caseiros...
“Boa tarde, trouxe um pedaço do meu pão para o senhor.” “Obrigado!” “Bom dia, dona Ignácia, melhorou reumatismo?” “Sim, obrigada!” “Seu marido não apareceu ontem, dona Merica.” “É que ele está amolado.” “Bom dia, o senhor sabe se a dona Elvira já foi para o mercado?” “Já foi, ela vai lhe esperar lá.”
Tempos de vida calma, sem medos, não havia pressa, as pessoas cumprimentavam o motorneiro, que sabia onde cada uma iria descer.
Uma vez, uma senhora subiu com uma menina, na Praça do Alto da Bronze, quando chegaram no abrigo dos bondes, uma chuva forte caiu. A senhora se assustou, pois não poderia descer com a pequena (convalescendo do sarampo), mas precisava pegar dinheiro no banco. Prontamente o motorneiro disse que ela deixasse a menina no primeiro banco, que olharia e que fosse descansada, pegaria o bonde na outra volta. E foi o que ela fez. Lá se foi tranqüila, e a pequena, satisfeita, ficou passeando de bonde...
Assim era o bonde “Duque”, amigo, cordial, calmo, espelhando a vida da nossa Cidade naquela época”.
Maria Critina Azeredo Maisonnave
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