segunda-feira, 25 de abril de 2011

Nos caminhos da história oral (parte 1)



Como os leitores do blog sabem, usamos, entre outras, na Carris, a metodologia da história oral. Nosso intuito, através disso, é valorizar e, em certo sentido, resgatar parte da memória coletiva não só dos colaboradores antigos e atuais, mas também daqueles que usam o transporte coletivo e o tem como parte de suas vidas. Sendo os ônibus (e anteriormente os bondes) parte da urbe, compreender essas histórias entrelaçadas na mente e sentimento de cada cidadão é também entender a história da cidade, dos seus entornos, de suas ruas, avenidas e voltas que só conhece aquele que diariamente cruza por esses lugares.
Refletir sobre a história oral pode ser considerado também um caminho pedregoso, pois, se, por um lado, hoje ela é valorizada dentro da academia (nos referimos aqui às universidades, principalmente) por muito tempo essa história foi colocada em descrédito ou vista com maus olhos. A história oficial, a que devia estar nos livros de escola e de bibliotecas, era a do documento escrito nos arquivos do governo. Essa devia ser mapeada, analisada, estudada e escrita. A história oral era artigo de “segunda categoria” que não devia te grandes espaços no trabalho do historiador.
A própria história é periodizada tendo como eixo principal os documentos escritos. Não é a toa que o período gigantesco onde não se tem basicamente registros escritos é chamado genericamente de “pré - história”. As imagens, pinturas ruprestes e vestígios encontrados não eram, dessa forma, primeiramente, objetos de estudo do historiador. Por outro lado, a memória oral é encontrada nas tradições, nos mitos e lendas populares, ou seja, lugares que até pouco tempo não eram tidos como parte de uma verdadeira “história oficial”. Em outras palavras, embora a metodologia da história oral possa ser usada nos mais diferentes eixos da história contemporânea, ela surgiu e é usada, na maioria das vezes, com o intuito de valorizar e registrar a memória daqueles que durante muito tempo estiveram distante dos registros oficiais: o povo. Quer saber mais sobre história oral no Brasil? Entre aqui.



segunda-feira, 11 de abril de 2011

Entrevista com Luiz Fernando Sena



Como os leitores de nosso blog sabem, trabalhamos no Memória Carris com a metodologia da história oral. Dessa forma, fazemos periodicamente entrevistas com antigos (ou não tão antigos) funcionários da Carris. Temos um roteiro prévio, mas a ideia nesses momentos é deixar o entrevistado a vontade, fazendo com que ele nos relate o que, na sua percepção, é relevante ou o que, de uma forma ou outra, marcou sua relação com a empresa ao longo dos anos.
Luiz Fernando Sena foi nosso entrevistado na quinta feira (dia 07/04). Motorista da linha T9 desde que essa foi inaugurada, em 2000, Sena é funcionário há 33 anos. Passando por diversas experiências, Sena destacou em todo tempo o carinho que tem pela companhia onde fez amigos e construiu história. São três décadas de memórias e lembranças que envolvem inclusive sua vida pessoal já que seu filho hoje com 35 anos na época de sua entrada na empresa tinha dois anos.
Com grande amor à profissão, Senna já encenou peças de teatro na Semana da Consciência Negra e periodicamente promove festas na Companhia. Com grande entusiasmo ele fala de sua vida na Carris e da marca que essa deixou em sua vida. Participante de cursos periódicos e de aperfeiçoamentos, Sena procura fazer seu trabalho com dedicação e muito carinho, transportando as pessoas com responsabilidade e atenção. Segundo ele, é possível perceber, no andar diário dos veículos, a transformação nos bairros por onde transita o T9: as antigas casas deram lugar a dezenas de prédios que mudaram o design dos locais.
Além disso, muitos dos que foram seus passageiros quando crianças são hoje adultos e os filhos desses, por sua vez, andam também nos veículos dirigidos por ele. De acordo com Sena, seu filho, tal como o pai, deseja ser motorista da Companhia o que, para ele, é uma grande alegria: deixará seu legado na empresa. Na foto acimaa, imagem da cena de teatro  teatro presentada na Semana da Consciência Negra na Carris há alguns anos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

“Eu não nasci na Carris, mas eu me criei na Carris" (cont. dos textos da exposição Trajetórias Femininas)


Marília Denísia Medeiros Proença ingressou na Cia. Carris Porto-Alegrense em 1984, ocupando uma vaga de estágio na Unidade de Compras, enquanto estudava no Colégio Protásio Alves. Ao final desse período, foi admitida como Agente Administrativo, permanecendo no Setor de Compras, onde esteve durante 17 anos. Ao longo de duas décadas e meia, Denísia também trabalhou na Unidade de Administração de Pessoal (UAP) e no Sistema Interno de Melhorias da Carris (SIMC).  Há 05 anos desenvolve suas atividades atendendo aos colegas na parte de uniformes do Almoxarifado. A colaboradora recorda que passou momentos difíceis logo que começou a exercer essa função, mas, atualmente, considera o Almoxarifado “a menina de seus olhos”, local onde pretende ficar até finalizar sua trajetória na Cia. Muitas vivências e histórias compartilhadas marcam seus 26 anos de atividades na empresa, pontuadas por trocas de ideias, divergências e laços de amizades que enriquecem sua vida.  Entre tantos episódios a serem destacados, Denísia recorda com maior carinho e atenção a realização de duas gincanas em 1997 e 1998, na qual participou do grupo “Equibus”, vencedor das duas edições. O acontecimento das gincanas estava condicionado a inscrição de no mínimo 04 equipes que deveriam contemplar membros das três grandes áreas da Cia. (Manutenção, Operação e Administrativo) propiciando maior integração entre os colaboradores. As tarefas das gincanas geravam um grande envolvimento dos colegas, bem como de suas famílias que se engajavam nas brincadeiras. Momentos como esses demonstraram que a Carris não funciona apenas como uma empresa, mas também como uma grande família.