quinta-feira, 5 de julho de 2012

Um motorneiro às voltas com os moleques

Saiu no Volante, jornal de circulação interna da Carris, em 1991:



"Moacir Rodrigues, 68 anos, nascido no 5º Distrito de Santo Ângelo. hoje trabalha na Secretaria Municipal da Indústria e Comércio - SMIC. Mas recorda, saudoso, seu tempo de motorneiro  na Carris, revelando sua mágoa pelo fim dos bondes. "Ver liquidarem o companheiro da gente doeu o coração. Afinal, saíamos de manhã com os bondes e só voltávamos à noite".
Chegando a Porto Alegre em dezembro de 1952, Seu Moacir foi convidado por conterrâneos para trabalhar na Carris. Fez o exame de seleção e três meses de curso para motorneiro, no porão do antigo prédio da empresa na Avenida João Pessoa, seguido de exame de trânsito. Em 1953 iniciou como "carancho" (ou motorneiro provisório) nas linhas Duque de Caxias, Navegantes, Glória, Menino Deus e Independência. Como efetivo, trabalhou na linha Petrópolis - a 143 - onde permaneceu por mais de 10 anos, até tornar-se fiscal. "Depois voltei ao trabalho de motorneiro até 1970", lembra.
Da época, ele lembra as faltas de energia que paralisavam os bondes. "Numa delas, aproveitei para tirar uma soneca. Acordei assustado com um passante me sacudindo porque o bonde estava deslizando. Só consegui travar 100 metros adiante". Outra recordação de um moleque da Rua Duque, que passava sabão nos trilhos para dificultar a subida da lomba ou puxava a corda, desligando o contato da linha de força."

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