sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A agonia dos bondes

   Os bondes elétricos povoam as lembranças dos porto-alegrenses. Muitas vezes somos perguntados sobre os motivos que levaram ao fim dos bondes em nossa cidade. No livro "Memória Carris: crônica de uma história partilhada com Porto Alegre", de 1999, encontramos algumas informações que ajudam entender esta decisão. 
   Com este livro ficamos sabendo, por exemplo, que em 1956 a Carris passava por grandes problemas financeiros. Com a quebra do monopólio do serviço de ônibus em 1940 (quando ocorreu a entrada de novas empresas que se dedicavam à exploração do transporte coletivo), a falta de interesse de americanos e ingleses na fabricação de veículos com tração elétrica, a injeção de capital estrangeiro para a montagem de fábricas de automóveis, caminhões e ônibus e o congelamento das passagens (entre 1947 e 1956), fazem a Carris mergulhar em profunda crise. Neste momento, os bondes passam a ser enxergados como veículos lentos, velhos e barulhentos. Além disso, os trilhos usados pelos bondes impediam que as ruas fossem pavimentadas com cimento ou asfalto, e os paralelepípedos causavam danos às suspensões e molas dos automóveis, já bastante populares nesta época. 
  Sabemos que a concorrência com as empresas de ônibus particulares e os constantes problemas no fornecimento de energia elétrica (o que causava interrupção nas viagens de bondes) fez com que paulatinamente a população fosse optando pelo transporte rodoviário. Em setembro de 1966, a Carris amplia seu serviço de ônibus e decide abandonar definitivamente o serviço de bondes. Foram comprados trinta veículos modernos com motor a óleo diesel e, nesse mesmo ano, os Gaiolas da linha Duque são substituídos. 
   Ainda em 1969, mais noventa carros a diesel são adquiridos pela Carris, e os elétricos das linhas Assis Brasil, Petrópolis, Gasômetro - Escola e os trolleibus do Menino Deus são substituídos pelos novos ônibus. Era o golpe final no serviço de tração elétrica... Em oito de março de 1970 o bonde circula pela última vez em vez em Porto Alegre. A população celebra o dia com um misto de tristeza pelo fim de um ciclo e euforia pelo  início de um novo tempo.


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