segunda-feira, 25 de maio de 2009

Histórias e Memórias


Dia 18 de maio comemoramos o Dia Internacional dos Museus, instituído pelo Conselho Internacional dos Museus - ICOM, em 1977, para estreitar laços entre os museus e às comunidades as quais pertencem. O ICOM, criado em 1946, tem o objetivo de promover os interesses da Museologia e de outras disciplinas relacionadas com a gestão e as atividades dos museus.

As instituições museológicas possuem um papel fundamental para a sociedade proporcionando um encontro do indivíduo com diferentes momentos, sejam eles separados por um grande espaço temporal, ou não. Os museus são locais de salvaguarda da memória e possibilita que preservemos nossas histórias, fortalecendo e revitalizando a identidade cultural da nação. Tal identificação possibilita que desmistifiquemos esses espaços como locais de velharias, reconhecendo-nos como sujeitos ativos e, não apenas, como meros expectadores.

A partir dessa perspectiva que o Museu Itinerante Memória Carris sai às ruas de Porto Alegre visitando escolas e espaços públicos da cidade. Levamos dentro do nosso museu – um ônibus monobloco de 1984 – uma série de histórias e memórias materiais e imateriais. Através desse pequeno espaço as pessoas podem conhecer a história do transporte coletivo e o seu fundamental papel nos processos de modernização, metropolização e verticalização da capital rio-grandense.

Quando a história da Carris vai às ruas percebo a manifestação de diferentes sentimentos, mexendo com as sensibilidades dos porto-alegrenses, tanto com os pequenos – que enxergam um mundo muito distante do seu – como para os mais experientes que rememoram tempos vividos. Na semana passada, o Memória esteve dois dias em frente ao Memorial do Rio Grande do Sul, compondo a Mostra dos Museus, na qual tive a oportunidade de ouvir as mais variadas histórias. No ambiente urbano de Porto Alegre, em pleno centro da cidade, onde turistas desfrutam do cenário cultural, enquanto outros correm contra o tempo em meio há uma série de atividades – que na maioria dos casos, possivelmente, necessitariam 34 horas, ao invés de 24 para satisfazerem suas demandas diárias – o nosso museu acolhia, por alguns minutos, esses passantes. Alguns narravam histórias vividas no período dos bondes, outros entravam e saíam exclamando terem saudado a sua infância, alguns ficavam espantados de como tudo era diferente e, outros ainda, saíam depois de olhar atentamente sem pronunciar nenhuma palavra, porém, apenas com um olhar manifestavam as suas sensações.

Posso confessar a todos que acompanham o blog que vivo momentos mágicos ao presenciar sentimentos tão distintos a partir da hora que as pessoas – das mais diferentes faixas etárias, “estilos” e classe social – embarcam nessa viagem no tempo ao adentrar no Monobloco da Carris. De alguma maneira percebo a conscientização do transporte coletivo como um patrimônio público de fundamental importância para a sociedade, e que, portanto, necessita diariamente do nosso cuidado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fui no cinema e vi "Uma noite no museu II", dei boas risadas ao perceber quanta magia pode se esconder em um museu.É claro que o filme tem "n" efeitos especiais e não tem muito a ver com o cotidiano de um museu, mas aproxima o público em geral do mundo imaginário atrás das quatro paredes (no teu caso, dentro do monobloco). O museu tem o poder de nos aproximar do passado e mesmo que esse passdo nunca possa ser "verdadeiramente" tocado, sentido, ele pode ser imaginado através dos seus vetigios que estão em nossos queridos museus.
Beijão,
Débora