segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Uma visita muito especial

Na última sexta-feira, dia 14 de novembro, nossa equipe foi visitar um ex colaborador da Cia. Carris. Trata-se do senhor  Antônio, que foi barbeiro da Companhia Carris Porto-Alegrense entre os anos de 1961 e 1970, quando a sede da empresa ainda se localizava ali na Av. João Pessoa. Foram visitar o seu Antônio duas historiadoras de nossa equipe. A entrevista realizada para compor nosso banco de história oral durou por volta de uma hora. Durante este tempo, seu Antônio nos forneceu várias informações interessantes, tanto em relação ao seu trabalho de barbeiro quanto sobre a relação entre os funcionários da empresa nos diferentes setores da Cia.
Seu Antônio nos contou por exemplo, que quando começou a trabalhar como barbeiro na Carris, a barbearia já existia a bastante tempo e era muito utilizada. Seu horário de serviço iniciava as cinco horas da manhã para atender os motorneiros e condutores que faziam as primeiras linhas dos bondes. Além dos seu Antônio, também trabalhavam na barbearia mais três barbeiros. A barbearia ficava aberta até as dez da noite, assim sendo, podia atender os funcionários que trabalhavam nos diferentes horários do expediente da empresa. A boa apresentação dos funcionários era um quesito exigido na época, se o colaborador se apresentasse na empresa desalinhado, com o cabelo grande e a barba por fazer, era convidado a voltar para casa e perdia o dia de trabalho, por isso o serviço prestado pela barbearia era tão importante. Os preços cobrados para os trabalhadores da empresa eram abaixo do preço normalmente cobrado em outras barbearias, seu Antônio nos informou que era apenas o suficiente para repor o material utilizado pelo estabelecimento. Os quatro barbeiros eram funcionários da Cia. Carris e recebiam seus salários por ela. Seu Antônio nos contou que os diretores da Cia. também utilizavam os serviços dos barbeiros, mas que, entretanto, eram atendidos em suas salas. 
Além do seu trabalho na barbearia, seu Antônio lembrou de outros aspectos da vida cotidiana dos trabalhadores da Carris na época. Sobre o refeitório, por exemplo, ele nos contou que o mesmo tinha o apelido de "Panelão" e que a comida era muito boa. Ocorriam festas na empresa para os familiares dos colaboradores, seu Antônio tem boas lembranças destes eventos. Em datas cívicas (como dia da independência, dia da proclamação da república, entre outros), os bondes eram decorados com fitas verde e  amarelas, em concordância com o nacionalismo, uma das características de períodos ditatoriais como o em que seu Antônio trabalhou na Carris. 
Ao final da entrevista o ex colaborador deixou claro seu carinho pela Cia. Disse que tem saudades do tempo em que trabalhou na Carris, que guarda boas lembranças de seus colegas (com os quais manteve contato ainda por muito tempo). Com o dinheiro que recebeu quando saiu da empresa o seu Antônio abriu o seu próprio salão, até hoje ele trabalha como barbeiro em seu próprio estabelecimento. Postamos a seguir duas imagens, uma do seu Antônio atualmente e outra da antiga barbearia da Carris. 



Seu Antônio fotografado por nossa equipe na última sexta-feira.



Imagem da barbearia na década de 1960, período em que se Antônio trabalhou na Carris.

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