<><> Conheci o Paulo Ziegler na Transposul. Professor de jornalismo, ele também é um dos saudosistas dos amados veículos porto alegrenses.
<><>Os bondes deixaram uma inarredável saudade na vida dos porto-alegrenses. Tinham um estilo único, um charme da tradição, próprio das melhores metrópoles mundiais. Eram uma verdadeira atração turística para os que chegavam à capital gaúcha pela primeira vez, vindos do interior. Eles desembarcavam na antiga estação rodoviária e logo procuravam ver um bonde, a fim de confirmar a impressão colhida por narrativas de outras pessoas que já tinham vindo a Porto Alegre. O fascínio por eles era tamanho, que não foram poucos aqueles que terminaram logrados pelo conto do bonde. O golpe consistia em recepcionar o interiorano logo na chegada à cidade. Despretensiosamente, após perceber o estreante desembarque, o trapaceiro explicava que muitos bondes estavam sendo substituídos em Porto Alegre, e que havia diversos para vender, por uma verdadeira pechincha. Uma vez que tivessem arrebatado a confiança do interiorano, normalmente um tipo ambicioso, disposto a levar um charmoso bonde para circular em sua cidade, o conduziam, à noite, até o terminal central dos bondes, situado na Av. João Pessoa, próximo à Universidade Federal. Lá chegando, mais de uma centena de bondes encontravam-se estacionados, prontos para retornar à circulação no dia seguinte.
<><>Este era o melhor momento de toda a trapaça. Ao incauto era sugerido escolher qualquer um deles. Estavam todos à venda, de barbada. Naturalmente o pagamento deveria ser feito imediatamente após a escolha, para garantir a preferência. As vendas, por sinal, estavam concorridas. Feita a opção, restaria ao ambicioso freguês retornar à estação central no dia seguinte, pela manhã, para acertar o transporte do bonde para sua terra...
<><>Era assim mesmo. Bonde sempre encantou as pessoas. Seu embalo ao trafegar, muitos sonos promoveu. Era um gingado gostoso, visualmente confirmado pelos agarradores de couro, que iam para lá e para cá. E havia o bonde gaiola, da linha Menino Deus, que sacudia como nenhum outro. Às vezes embalava tanto, que parecia que iria tombar.
<><>Realmente é muito difícil esquecer um transporte como este. O bonde era todo peculiar. Não tinha motorista. Quem o conduzia era o motorneiro. Bonde tinha duas direções, uma em cada ponto do veículo. Na verdade, era uma manivela. O motorneiro, ao chegar no "fim da linha", retirava a manivela e percorria o corredor para instalá-la na outra ponta do carro. Mas havia outras características únicas. Eles tinham quatro portas. Duas em cada ponta, uma de cada lado.
<><>O cobrador tinha o costume de percorrer o vagão de ponta a ponta, indagando a cada um sobre o pagamento da passagem.
<><>Ele guardava o dinheiro dobrado no sentido longitudinal, separando-o por valores, entre os dedos. E ainda, tinha um troco próprio, que substituía o dinheiro papel, quando faltava moeda em efetivo.
<><>Sem dúvida alguma os bondes fazem falta. Belas capitais mundiais ainda os mantém com um precioso cuidado, como Berlim e Amsterdã. Hoje somos como os interioranos de outrora. Estamos loucos para vê-los. Ah, bem que eu compraria um pra mim.
Outubro 1993
<><>Este era o melhor momento de toda a trapaça. Ao incauto era sugerido escolher qualquer um deles. Estavam todos à venda, de barbada. Naturalmente o pagamento deveria ser feito imediatamente após a escolha, para garantir a preferência. As vendas, por sinal, estavam concorridas. Feita a opção, restaria ao ambicioso freguês retornar à estação central no dia seguinte, pela manhã, para acertar o transporte do bonde para sua terra...
<><>Era assim mesmo. Bonde sempre encantou as pessoas. Seu embalo ao trafegar, muitos sonos promoveu. Era um gingado gostoso, visualmente confirmado pelos agarradores de couro, que iam para lá e para cá. E havia o bonde gaiola, da linha Menino Deus, que sacudia como nenhum outro. Às vezes embalava tanto, que parecia que iria tombar.
<><>Realmente é muito difícil esquecer um transporte como este. O bonde era todo peculiar. Não tinha motorista. Quem o conduzia era o motorneiro. Bonde tinha duas direções, uma em cada ponto do veículo. Na verdade, era uma manivela. O motorneiro, ao chegar no "fim da linha", retirava a manivela e percorria o corredor para instalá-la na outra ponta do carro. Mas havia outras características únicas. Eles tinham quatro portas. Duas em cada ponta, uma de cada lado.
<><>O cobrador tinha o costume de percorrer o vagão de ponta a ponta, indagando a cada um sobre o pagamento da passagem.
<><>Ele guardava o dinheiro dobrado no sentido longitudinal, separando-o por valores, entre os dedos. E ainda, tinha um troco próprio, que substituía o dinheiro papel, quando faltava moeda em efetivo.
<><>Sem dúvida alguma os bondes fazem falta. Belas capitais mundiais ainda os mantém com um precioso cuidado, como Berlim e Amsterdã. Hoje somos como os interioranos de outrora. Estamos loucos para vê-los. Ah, bem que eu compraria um pra mim.
Outubro 1993
2 comentários:
Nascimento do Ônibus Expresso em Curitiba (1969
Acabo de criar o blog sobre a Memória do Transporte Coletivo no Brasil. Quem estiver interessado é só seguir o link. A primeira postagem trata sobre o Nacimento do Ônibus Expresso em Curitiba.
http://brasiltrans.blogspot.com/
Achei interessante encontrar um Homônimo !
Paulo Ziegler
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