quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Memória e a infância em Porto Alegre


<><>Na quarta-feira, quando estávamos na Escola Nossa Senhora de Lourdes, um casal passou pelo Memória (parado em frente ao colégio) e olharam para ele. O rapaz, então, comentou com a moça que estava com ele: “ Olha, o ônibus da Carris”. Ela olhou e respondeu: “Nunca entrei nele”. Ele replicou: “ Como? Não teve infância?”
<><>A conversa podia passar despercebida e para eles talvez tenha passado. No entanto, aquele diálogo me fez pensar de que maneira o Memória é ligado à infância em Porto Alegre. É como se aquele garoto estivesse dizendo “se você morou na Capital, se estudou aqui, deve ter entrado, pelo menos uma vez, neste ônibus”. Para os alunos das escolas que visitamos, o museu marca seus cotidianos e, mais, por se inserir num lugar que eles conhecem e convivem – seu meio social- o aprendizado torna-se extremamente apetitoso.
<><>Às vezes vamos a uma escola numa determinada localidade e depois vamos a um Sase (serviço de atendimento sócio-educativo), no mesmo bairro. Algumas crianças, então, já conhecem o museu. Contudo, isso não diminui suas expectativas. Pelo contrário, elas ficam ansiosas e comentam com as outras os passos seguintes da apresentação. Uma vez, na escola Julio Brunele, no bairro Rubem Berta, os pequenos (ou nem tanto) não só lembravam das minhas falas – de uma maneira incrível, após um ano - mas, comentaram comigo sobre a roupa que eu estava no ano anterior. Segundo eles, inclusive, eu ainda não usava óculos. Incrível!
<><>Ontem, no Sase da Parada 10, na Lomba do Pinheiro (é mais fácil se localizar na Lomba por números de paradas), um menino me disse entusiasmado que já tinha visitado o ônibus, na sua escola. Enquanto contava a eles como se fazia quando um bonde puxado a burro não conseguia subir uma lomba, ele falou ansioso: “Eles empurravam!” E sorriu, satisfeito, por saber, naquele momento, mais que seus colegas. Outra coisa que acontece freqüentemente é as crianças mudarem de escola e, no outro local, chamam-me pelo nome e lembram de tudo, de mim, do Chefia, do bonde que anda, dos bancos, etc. Trabalhar com crianças é fantástico, elas conseguem (falo por mim, pelo menos) nos transmitir seu entusiasmo e seu modo de ver a vida: simples, divertido e feliz.


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