terça-feira, 16 de outubro de 2007

“Por trás das cortinas”: o trabalho dos anônimos para a perfeição do espetáculo


<><>As pessoas mais visíveis de uma empresa de transporte público sempre são os cobradores e motoristas. São eles que dia-a-dia marcam as ruas da cidade, levam as pessoas, as cumprimentam e representam a companhia nos diferentes momentos do dia. No entanto, para que cada ônibus possa sair pela manhã é necessário que uma equipe, geralmente anônima, limpe os ônibus, troque as peças necessárias, enfim, realize a manutenção na frota para que ela possa sair às ruas pela manhã. A manutenção e a lavagem, na Carris, são áreas essenciais que funcionam 24 horas, para que pela manhã os ônibus estejam impecáveis no atendimento ao usuário.
<><>Se voltarmos no tempo, encontraremos também esses indivíduos anônimos na Companhia Carris, eram os que garantiam o funcionamento dos bondes. Dia desses conheci um desses antigos funcionários que trabalhou na Carris durante a década de 40. O senhor Adão Silva Samuel foi contratado como ajudante de ferreiro e era um dos responsáveis pela colocação dos dormentes nos trilhos. Geralmente, essa era uma parte que ficava abaixo do calçamento, a fenda dos trilhos era a única parte visível. Além de sua função, seu Adão também trabalhava como reparador de trilhos nas ruas da capital. Essa função, no entanto, não tinha hora, podia-se ficar em casa, mas era necessário estar à disposição da companhia para qualquer eventualidade. Em dias de muita chuva, a água levava a areia para os trilhos, tornando o caminho dos bondes intransitáveis, já que a areia em atrito com as rodas do bonde impossibilitava seu transito. Nesse momento, pessoas como o senhor Adão eram chamados para a retirada da areia. Munidos de pás e do que mais fosse necessário, trabalhavam de dia ou de noite garantindo o percurso dos passageiros de bonde. De acordo com ele, isso acontecia muito na rua 24 de outubro, no bairro Moinhos de Vento, para onde eram freqüentemente chamados.
<><>Lembrados nas crônicas, nos poemas e nas músicas estão os motorneiros e condutores, representados na memória popular. Contudo, para que esses pudessem trabalhar uma equipe anônima trabalhava dia e noite na manutenção dos trilhos e da rede elétrica, essa nem sempre era lembrada, atuavam antes da hora do espetáculo para que a peça fosse perfeita.
<><>A foto exposta é da colocação de trilhos em Porto alegre. Essa foto foi retirada da página de André Luiz Riegel Prati, http://fotosantigas.prati.com.br/FotosAntigas/. Se alguém souber, por favor, dê-me a devida identificação da rua.

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